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BYD na Bahia: por que chegada chinesa está longe de compensar saída da Ford
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Em janeiro de 2021, cerca de 4 mil trabalhadores da fábrica da Ford, em Camaçari (BA) perderam o chão. O fabricante norte-americano anunciou o fim da produção de carros no Brasil e, com isso, o fechamento da planta baiana e também de Taubaté (SP), precisando demitir milhares de pessoas.
Agora, segundo informações do colunista do UOL Carros Jorge Moraes, são tempos de alegria para o maior estado do Nordeste: a chinesa BYD, maior produtora de carros totalmente elétricos do mundo, assumirá a fábrica que pertence à marca norte-americana.
O fim da produção de carros da Ford no país foi uma tragédia para a região. A planta, que tinha capacidade para produzir 250 mil carros por ano e 210 mil motores, chegou a gerar mais de 7 mil empregos, contando com suas fornecedoras, que também deixaram o local. Atualmente, na Bahia, cerca de 1,5 mil pessoas seguem trabalhando na área de engenharia da empresa, em projetos internacionais.
Apesar de a chegada da BYD, com um investimento de R$ 3 bilhões, ser positiva, é preciso ter em mente que ela não será uma "nova Ford".
De acordo com informações de Jorge Moraes, de largada, o planejamento industrial terá como objetivo 30 mil veículos, podendo chegar à capacidade produtiva de 150 mil unidades ano: menos da metade do que a americana produzia, entre motores e veículos. Além disso, a expectativa é que sejam gerados 1,2 mil empregos.
Bem cuidada, Fábrica da Ford em Camaçari aguarda comprador
O que a chegada da BYD representa para o Brasil
Depois de um período indigesto para a indústria automotiva do país, com o fechamento de plantas de diversas montadoras, como Ford, Caoa Chery, Mercedes-Benz Automóveis e Audi (reaberta meses depois em sistema de SKD), a chegada da chinesa BYD leva uma boa notícia sobre o país para o mundo. O interesse do maior fabricante de elétricos do mundo no Brasil pode ser um incentivo para que outras multinacionais enxerguem o país além do mero exportador de matérias-primas.
Se a nova planta de Camaçari da BYD se consolidar como exportadora, tem tudo para ser um sucesso e reposicionar o Brasil como um exportador de tecnologias. No entanto, quando analisamos o mercado interno, o desafio é grande. Enquanto a Ford produzia carros de volume, como Ka e Ecosport, a BYD terá o desafio de comercializar modelos híbridos e elétricos.
Para se ter uma ideia, durante todo o ano de 2022, somando todas as marcas, foram vendidas 49,2 mil unidades de automóveis eletrificados no país, sendo apenas 8,4 mil totalmente elétricos.
Outro ponto é que, diferentemente do que aconteceu anos atrás, quando diversas montadoras se instalaram no país, estamos em um momento de baixa no setor automotivo, com retração de 0,7% nas vendas de carros em relação ao ano anterior. Situação que pode atrapalhar os planos da BYD, que anunciou que iniciaria a produção de carros no país apenas ao chegar à marca de 10 mil veículos vendidos anualmente.
BYD é velha conhecida do governo da Bahia
A BYD já tem um acordo em andamento com o governo da Bahia, mas para a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que vai substituir os antigos trens do Subúrbio Ferroviário de Salvador. O modal será composto por carros elétricos e energia 100% limpa, desenvolvido pela Skyrail Bahia, integrante da BYD.
Primeiramente, foi assinado um acordo de R$ 2,8 bilhões para a Fase 1 da operação, mas foi necessário um acréscimo porque a empresa vai operar também a Fase 2. A conta está em R$ 5,2 bilhões, R$ 2 bi a mais do que será investido na planta de Camaçari.
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