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Paula Gama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Por que você deve evitar pegar a estrada com carros feitos antes de 2014

Os airbags reduzem os danos das colisões, evitando projeções e protegendo os órgãos de hemorragia  - Foto: Reprodução
Os airbags reduzem os danos das colisões, evitando projeções e protegendo os órgãos de hemorragia Imagem: Foto: Reprodução

Colunista do UOL

06/03/2023 04h00

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Sempre que puder, evite pegar a estrada com um veículo fabricado antes de 2014, principalmente se for um carro popular. O cuidado é importante porque foi a partir deste ano que a legislação brasileira passou a exigir dos veículos novos dois dos itens mais relevantes de segurança automotiva: freio ABS e airbag. O primeiro, responsável por evitar acidentes, ou segundo, por reduzir os danos.

É óbvio que a recomendação não pode ser seguida por todos, pois a idade do carro usado é um dos principais determinantes para seu preço, mas pode ser decisiva para quem está em dúvida entre veículos 2013 ou 2015, por exemplo. Para quem pega a estrada com frequência, a escolha de carros com esses equipamentos é ainda mais importante, pois os acidentes acontecem em velocidades maiores, aumentando o risco de ferimentos graves e morte.

Rodrigo Kleinubing, engenheiro especialista em acidentes de trânsito, explica que ABS e airbag são uma dupla essencial para a segurança veicular ativa - que evita o acidente - e passiva - que ameniza o resultado -, respectivamente.

"O sistema ABS evita o bloqueio das rodas. Em uma frenagem de emergência, se você pisa forte no freio de um carro sem ABS, bloqueia as rodas. Quando isso acontece, você freia com uma eficiência menor. A segunda vantagem, tão importante ou mais, é que uma roda não bloqueada não perde a dirigibilidade. Você não perde o controle do volante, evitando acidentes em dois pontos", explica o especialista.

Freio ABS alivia e pressiona os freios diversas vezes por segundo para evitar que as rodas se arrastem pela pista - Foto: Shutterstock - Foto: Shutterstock
Freio ABS alivia e pressiona os freios diversas vezes por segundo para evitar que as rodas se arrastem pela pista
Imagem: Foto: Shutterstock

Já os airbags são bolsas de ar que inflam a partir de uma determinada desaceleração do veículo, que dá indícios de acidente, além de outros critérios.

"Ele salva a vida. Porque, quando ocorre um acidente, ele evita a projeção dos ocupantes do carro e, portanto, lesão dos órgãos internos, que causam hemorragias. Salva vidas em acidentes que, sem ele, o ocupante não teria chance de sobrevivência", diz o engenheiro.

Segurança em progressão

A exigência de equipamentos de segurança progride com o passar do tempo. Em 2018, foi a vez dos ocupantes do meio do banco traseiro ganharem cinto de três pontos e encosto de cabeça e pelo menos um dos assentos serem equipados com Isofix.

Até 2030, dez novos itens de segurança serão obrigatórios. São eles: teste obrigatório de impacto lateral; sistema eletrônico de controle de estabilidade; alerta para cinto de segurança desafivelado; proteção de impacto ao pedestre; repetidores laterais das luzes de seta; luzes de rodagem diurna; alerta de colisão; proteção contra impactos frontais em utilitários; câmera de ré ou sensores de aviso sonoro e proteção a impacto lateral contra poste.

Câmera de ré ou sensores de aviso sonoro serão obrigatórios até 2027 - Divulgação - Divulgação
Câmera de ré ou sensores de aviso sonoro serão obrigatórios até 2027
Imagem: Divulgação

Mas tudo isso tem um preço. Em entrevista ao UOL Carros, Jairo de Lima Souza, da Engenharia Mecânica da FEI, explica que o custo dos equipamentos de segurança ativa, como alerta de frenagem de emergência - que será obrigatório em 2024 - ainda é muito alto. Basta observar que os carros que, atualmente, são equipados com esses itens são sempre topo de gama.

"Esses sistemas eletrônicos embarcados são ferramentas extremamente eficientes para essas situações de trânsito e também a possibilidade de atropelamentos. O problema é que a pesquisa e desenvolvimento tiveram um custo, a maioria dos dispositivos é importada e tudo precisa ser homologado. É natural que haja um custo embarcado", enumera Jairo de Lima Souza.

O preço da proteção

O sócio-diretor da Bright Consulting Murilo Briganti explica que as tecnologias a serem incluídas nos novos carros foram elencadas a partir das tipologias dos acidentes que ocorrem no Brasil.

Segundo dados do Insurance Institute for Highway Safety (IIHS), uma entidade norte-americana, uma câmera de ré pode reduzir em até 20% o número de acidentes durante marcha ré. "Hoje, no Brasil, cerca de 58% dos veículos comercializados no país saem com esta tecnologia de série. De acordo com nossas previsões, esse número chegará a 85% já em 2025", estima Briganti.

Para o especialista, é evidente que todas essas tecnologias trarão benefícios para a sociedade, sejam eles diretos - através da mitigação de acidentes -, sejam eles indiretos, por meio da redução de custos ao estado, oriundos de indenizações e saúde.

"No entanto, apesar de todos os ganhos, isso tem um custo. O país vem passando por uma série de avanços em termos regulatórios, principalmente após o Inovar-Auto. Nesse momento, nós temos em vigor legislações de emissões, segurança e eficiência energética. Dessa forma, para o atendimento de todas as metas, as montadoras vêm fazendo e têm planejado investimentos massivos em melhorias, o que acarretará em custos maiores para o consumidor final", explica.

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