BYD na Bahia vai além de fábrica e tem contrato que já aumentou bilhões

O acordo para a instalação de fábricas de carros, ônibus e caminhões, em um investimento de R$ 3 bilhões, não é a única aproximação entre a BYD e o governo da Bahia. A chinesa, além de ser a maior produtora de carros elétricos do mundo, é uma gigante global especializada em energia limpa e responsável pela construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que vai substituir os antigos trens do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Um contrato que começou em R$ 1,5 bilhão e, atualmente, chega a R$ 5,2 bilhões.

Trata-se de um consórcio que veio através do Contrato de Concessão nº. 01/2019, na modalidade Parceria Público-Privada, entre a Build Your Dreams (BYD) e o Governo do Estado da Bahia. Com isso, a Skyrail Bahia, braço da BYD, torna-se a responsável pela implantação, operação e manutenção do VLT. O modal é 100% elétrico e transportará 172 mil pessoas por dia, dentro de uma região que abriga mais de 600 mil cidadãos.

Em 2019, o valor acordado para a implantação e operação da Fase 1 do sistema, um percurso de 21 estações e 19,2 km de extensão, era de R$ 1,5 bilhões. Antes do início das obras, porém, foi reajustado para R$ 2,8 bilhões.

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Três anos depois, a BYD assumiu a missão de operar a Fase 2 do projeto, um trajeto de cinco estações e mais 4,08 km, e o valor total subiu para R$ 5,2 bilhões. Na época, o aumento foi questionado em uma Audiência Pública, em que vereadores e entidades de classe reclamaram da falta de clareza da negociação.

O governo da Bahia não compareceu ao evento, mas enviou um documento explicando que o projeto, cujo prazo inicial de conclusão é de dois anos e três meses e as obras começaram em fevereiro de 2021, terá quatro etapas.

Não foram apresentados novos prazos, mas o governo assumiu que a construção está atrasada. O documento também explicou que o aumento é devido à ampliação do escopo de trabalho, já que a BYD assumiu a Fase 2.

O governo da Bahia e a Skytrail Bahia BYD foram procurados pela reportagem, mas não se posicionaram até o fechamento desta reportagem.

Como será o VLT

Segundo informações divulgadas pela Skyrail Bahia BYD, na produção dos modais são usadas baterias de tração modulares de alta confiança e com vida útil de 10 anos. A caixa do trem é fabricada em alumínio e possui design aerodinâmico, o que reduz o peso e a resistência ao vento.

O atual sistema de trens do Subúrbio, que está desativado devido à obra, é da década de 70 com equipamentos antigos que, segundo a Skyrail, eventualmente apresentam problemas técnicos.

Hoje, a malha ferroviária tem 13,6 km. Com a conclusão da primeira etapa do VLT, o percurso terá 19,2 km, ligando o bairro do Comércio até Simões Filho e passando por 21 estações.

Já a segunda etapa terá mais 4,08 km, com o objetivo de integrar os usuários com o sistema do metrô de Salvador, os levando até a estação Acesso Norte. Dentre os principais benefícios apontados, destacam-se o aumento do percurso e a rapidez com que será realizado o trajeto.

Fábrica de carros em Camaçari

De acordo com informações do colunista do UOL Carros Jorge Moraes, a BYD entrou em acordo para assumir a fábrica em que a Ford produzia Ka e Ecosport, em Camaçari, na Bahia. Ambas as marcas negam oficialmente o acerto.

Em outubro de 2022, a montadora chinesa assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia para instalar três fábricas no estado para produzir carros, ônibus elétricos e caminhões. Segundo o ex-governador Rui Costa anunciou, o complexo geraria cerca de 1,2 mil empregos em um investimento de R$ 3 bilhões. Na época, o mandatário afirmou que as plantas ficariam prontas até o fim de 2024.

A BYD nunca comentou os detalhes dados pelo governo da Bahia. No entanto, anunciou que pretende produzir carros no Brasil, mas não sem antes chegar à marca de 10 mil veículos vendidos anualmente. Atualmente, a marca possui quatro SUVs eletrificados em seu line-up: Song Plus DM-I, Yuan Plus EV, Tan EV e Han EV, mas o número de vendas ainda não passou de três dígitos.

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