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Com fábricas de carros paradas, o que vai acontecer com o preço dos usados?
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Chevrolet, Hyundai, Jeep, Mercedes-Benz, Volkswagen. Nas últimas semanas, diversas montadoras anunciaram férias coletivas de seus funcionários e pausaram a produção de carros no país. A justificativa é a falta de semicondutores, como aconteceu em 2020, mas existe um consenso no mercado de que a verdadeira razão é a alta de estoques, ou seja, venda de veículos aquém do esperado nos primeiros meses de 2023. Se o mercado de modelos novos está com baixa demanda, o que acontecerá com os usados?
Na última vez em que as montadoras pararam de produzir devido à escassez de semicondutores, três anos atrás, faltou carro no mercado. O público teve que recorrer aos usados, que tiveram alta de até 25% no preço. Mas o cenário não é mais o mesmo.
Entre o último bimestre de 2022 e o primeiro bimestre de 2023, o preço dos usados caiu cerca de 7%, de acordo com a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). Mas não se anime: por enquanto, eles não devem baixar mais. A boa notícia para o consumidor é que, pelo menos, não há porque esperar outra inflação dos usados como se viu em 2020 e 2021. Os especialistas apontam para uma estabilidade.
Para Ricardo Bacellar, da Bacellar Advisory Boards Automotive & Mobility, não é esperado um grande impacto da paralisação das fábricas nos preços dos carros, novos e usados, apesar da demanda baixa, as montadoras estão se movimentando para ter equilíbrio entre oferta e procura.
"Se a situação de alta dos estoques perdurar por mais tempo, será necessário oferecer descontos. Mas não é o cenário mais provável, já que as montadoras estão agindo", opina.
Bacellar esclarece que, como há estoque, diferentemente do que aconteceu quando as fábricas pararam devido à falta de componentes, a população não terá que recorrer necessariamente aos usados para comprar um automóvel. "Naquela época, não tinha carro para comprar. Agora a tendência é que o mercado ande de lado, sem mudanças drásticas de preço."
Montadoras deixaram de vender 25 mil carros
De acordo com Cássio Pagliarini, sócio da consultora Bright Consulting e ex-executivo de marcas como Ford, Renault e Hyundai, entre janeiro e fevereiro deste ano, foram vendidos 25 mil veículos a menos do que o previsto pelo mercado. O que levou as montadoras a acumularem estoques de carros para 40 dias de vendas.
"Isso assustou todo mundo, e o pessoal segurou a produção. Mas em março já temos sinais de que as vendas aceleraram novamente. Mantemos a previsão de comercializar 2,05 milhões de unidades em 2023", analisa. Pagliarini também não acredita que as paralisações levem a uma falta de carros no mercado, já que as marcas recuperaram suas margens de lucratividade em 2021 e 2022.
Sobre o mercado de usados, o especialista também não acredita em uma mudança de preço. "Terminadas as férias coletivas, a expectativa é que todo mundo tenha equilíbrio entre demanda e oferta", garante.
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