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Paula Gama

REPORTAGEM

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100 dias de Lula: gasolina sobe 12% e política de preços segue indefinida

Lula ainda não definiu como será a nova política de preços da Petrobras - Foto: Shutterstock
Lula ainda não definiu como será a nova política de preços da Petrobras Imagem: Foto: Shutterstock

Colunista do UOL

11/04/2023 04h00

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O presidente Lula completou seus primeiros 100 dias de governo, e até o momento não definiu como cumprirá uma de suas promessas de campanha: a de abrasileirar o preço do combustível. A expectativa é que a gestão mude a política de preços da Petrobras, que hoje é definida por paridade internacional, mas ainda não definiu como serão as novas regras do jogo.

Enquanto isso, ainda seguindo as mesmas normas de ajustes de preços vigentes no governo Bolsonaro, a gasolina já subiu 12,2% em 2023.

Na última semana, o tema voltou ao centro do debate quando o ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira afirmou que a petroleira iria mudar os preços, mas foi desmentido em seguida pela própria empresa. Lula disse que "o Brasil não tem por que estar submetido à PPI [Política de Preços Internacional]. Mas isso é um problema que nós vamos discutir num momento certo", disse, negando que a nova norma esteja pronta.

Por que a gasolina está mais cara?

O mês de março registrou um aumento médio de 8,2% no preço da gasolina comum no Brasil, chegando a, em média, R$ 5,579. No acumulado do ano, a alta é de 12,2%. Os dados são da edição de abril do Panorama Veloe de Indicadores de Mobilidade. Diferentemente da gasolina, o etanol hidratado apresentou uma ligeira variação para cima, o aumento em média é de 3,7%.

Durante o governo Bolsonaro, no período eleitoral e quando a gasolina estava na casa dos R$ 7, foram estabelecidas medidas tributárias para baixar o valor do combustível, como a lei que limitou o ICMS sobre itens como diesel, gasolina, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo e o corte dos impostos federais Cide e PIS/Cofins sobre esses produtos.

A previsão era que esses cortes durassem até o dia 31/12/2022, mas logo no dia de sua posse, Lula decidiu prorrogar a isenção dos tributos federais sobre a gasolina e o etanol até o dia 28 de fevereiro e, sobre o diesel, que teria maior impacto em cadeia na inflação, até o fim de 2023. A retomada dos impostos teriam um impacto de R$ 0,69 no litro da gasolina, R$ 0,35 no litro do diesel e R$ 0,24 no litro do etanol. Com o retorno de parte das alíquotas, o preço subiu.

"Além disso, como a PPI ainda existe, a Petrobras precisa ajustar o preço dos combustíveis quando o custo de produção fica mais alto internacionalmente. Na prática, dentro da petroleira, as normas são as mesmas dos tempos do Bolsonaro", diz o economista Igor Lucena.

Como ficará daqui pra frente?

Se continuar seguindo a política de preços por paridade de importação, o preço do combustível vai aumentar ainda mais, explica o economista Igor Lucena. Isso acontecerá por conta da decisão da Opep+, grupo de 23 países produtores e exportadores de petróleo que se reúne para decidir quanto petróleo bruto vender no mercado mundial, de reduzir a quantidade de barris disponíveis.

"A Opep+ começou a cortar um milhão de barris de petróleo por dia. Com menor oferta, é natural que o preço suba. O que vai definir como isso vai impactar na bomba é a decisão do governo: respeitar a política de preços vigente ou usar reduzir a margem de lucro da Petrobras para subsidiar o preço da gasolina. Ele já afirmou que é contra a paridade internacional, mas ainda não há uma proposta de mudança", explica o especialista.

Entrave na compra do carro

O preço do combustível é a terceira principal barreira (32,5%) para compra de um veículo no Brasil. O dado foi apurado através da versão 2023 da pesquisa "Ipsos Drivers", realizada pela Ipsos com 1200 entrevistados em todo o Brasil. Na versão 2022 da pesquisa, antes das medidas tributárias de Bolsonaro, o preço da gasolina apareceu em primeiro lugar no levantamento. Na época, o preço da gasolina estava na casa dos R$ 7.

Neste ano, o principal entrave para o brasileiro é o alto custo de propriedade (33,4%). Em segundo lugar, o motivo mais mencionado foi a taxa de juros nos financiamentos, com os mesmos 32,5% do preço do combustível.

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