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'Lamborghini brasileiro': como adolescente criou superesportivo raríssimo
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As décadas de 1970 e 1980 foram movimentadas na indústria automotiva brasileira. Foi nesse período que o país alcançou a marca de 1 milhão de carros vendidos por ano, assim como marcou um momento de chegada de diversas tecnologias e modelos emblemáticos na memória do brasileiro, como Volkswagen Brasília e Passat, Chevrolet Chevette, Ford Maverick e Dodge 1800.
Também foi nessa época que um adolescente de 16 anos superou todas as expectativas e construiu um superesportivo inspirado nos dreamcars italianos, como Alfa Romeo 33 Carabo. Apesar de não ter ligação direta, além da inspiração do design, o Hofstetter futuramente ficou conhecido como o Lamborghini brasileiro, um dos modelos mais raros do país, com apenas 18 unidades produzidas.
Seu criador, Mário Richard Hofstetter, era um jovem brincando de construtor, mas acabou escrevendo uma página importante da história automotiva brasileira.
"Aos 16 anos, meu pai me fez um desafio de desenhar um carro baseado nos dreamcars que existem na Europa. No primeiro desenho eu me inspirei no Alfa Romeo 33 Carabo - que também foi copiado pela Maserati Boomerang. Resolvi fazer um carro inspirado nesses conceitos", disse à Net Motors TV.
Em 1973 a brincadeira começou com o desenho do veículo. No ano seguinte, Mário Hofstetter fez o primeiro molde, usando massa e fibra de vidro, enquanto em 1975 as carrocerias já estavam circulando pelas ruas, mas sem acabamento - que chegou em 1984. Hofstetter conta que a primeira versão chegou a receber motores de Fórmula 2, mas eram pouco funcionais: usavam gasolina de avião e só saiam do lugar a partir de 7 mil giros, algo inviável para um modelo comercial.
A primeira versão, ano 1976, também tinha outros aspectos inusitados, como ausência de janelas, exigindo uso permanente do ar-condicionado, volante de 25 cm de diâmetro e do lado direito, assim como a marcha e o freio de estacionamento. O chassi era de um veículo de corrida, da divisão quatro.
Já a segunda versão, de 1984, usou o motor do Gol GT 1.8, com 99 cv de potência e 14,9 kgfm de torque, acoplado a um câmbio de quatro marchas. Ela foi apresentada ao público no Salão do Automóvel de São Paulo daquele ano, causando uma imensa comoção na imprensa automotiva e nos entusiastas da época.
Como a potência ainda era considerada baixa para o visual de superesportivo, veio o Hofstetter Turbo, com motor de 140 cv e velocidade máxima de 200 km/h. O modelo, comercializado a partir de 1986, tinha elementos de outros carros de volume, como suspensões do Chevette e Passat e radiador de Kombi. Era um carro muito à frente do seu tempo: tinha volante oval, portas asa de gaivota, painel digital, faróis escamoteáveis, banco de couro, rodas de liga-leva de 17 polegadas, entre outros luxos?
Com o passar dos anos, em 1987, o Hofstetter chegou ao seu ápice: ganhou o motor 2.0 do Volkswagen Santana, chegando a uma potência de 210 cavalos. Também ganhou spoiler traseiro, saída de ar acima do capô e câmbio automático. Seu criador conta que 17 das 18 unidades eram movidas a álcool, apenas uma foi produzida para usar gasolina, enviada para um comprador de Rondônia que tinha planos de ir para a Argentina com o carro. Mário Hofstetter ficou com três modelos: o primeiro, o segundo e o décimo sétimo produzidos.
Com abertura do mercado para importações de veículos, no início dos anos 1990, as vendas do Hofstetter foram afetadas, perdendo o sentido continuar com a produção. Até hoje, o superesportivo em formato de cunha é um dos carros mais raros e impressionantes fabricados no país.
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