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Greve da Uber e 99: o que muda para o passageiro se pedidos forem atendidos
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Nesta segunda-feira (15), motoristas de Uber e 99 realizaram uma paralisação em diversas cidades do Brasil. Em São Paulo, a estimativa da Associação dos Motoristas de Aplicativos (AMA-SP) é que cerca 65% da categoria tenha aderido ao movimento, um volume acima do esperado, segundo eles.
As principais reivindicações são para o aumento do valor mínimo das corridas e do acréscimo por quilômetro rodado, além de uma redução na tarifa cobrada direcionada aos aplicativos a cada viagem. Afinal, como isso pode impactar o consumidor?
De acordo com Eduardo Lima de Souza, conhecido como Duda, presidente da AMASP, as reivindicações são inúmeras, desde reajustes e repasses melhores nas tarifas, até questões de segurança, questionamento sobre banimentos injustos, pedido de melhores condições de trabalho, entre outros pontos. Na prática, o que mais pode impactar o consumidor final são as mudanças nas tarifas, mas depende da decisão das plataformas.
Segundo o representante da categoria, desde 2016, ano em que as plataformas de transporte chegaram ao Brasil, não há reajustes na tarifa para os motoristas, apesar de as corridas terem ficado mais caras para os passageiros.
"Pelo contrário, as tarifas perderam completamente a transparência. Antes de 2019, o motorista pegava uma corrida sabendo quanto o passageiro estava pagando, quanto o aplicativo iria ganhar e quanto ficaria para ele. Agora, há apenas uma estimativa para motorista e passageiro, os aplicativos não são claros, mas acabam ficando com até 60% do valor da corrida", reclama.
O pedido é que essa taxa destinada aos aplicativos por intermediar a viagem seja fixa e se limite a 20%. Eles também pedem que o valor mínimo, para corridas de até 3 km, pago aos motoristas, seja de R$ 10 e que seja pago R$ 2 por quilômetro adicional.
"Atualmente, em São Paulo, o nosso valor mínimo é de até R$ 5,62 na Capital e R$ 3,75 nas cidades do interior, como Campinas. O acréscimo por quilômetro rodado está em torno de R$ 0,80. Não dá para rodar assim, praticamente tudo que a gente ganha fica no posto de gasolina", afirma.
Questionamos a Duda se, na opinião dele, os novos valores devem ser cobrados dos passageiros ou das plataformas. "Os passageiros já pagam por esse reajuste desde 2019, quando as tarifas subiram e o aumento não foi repassado aos motoristas", disse ele. Na prática, se aceitarem as reivindicações, Uber e 99 precisarão decidir como os acréscimos serão custeados.
A título de comparação, simulamos uma corrida de 3,3 km na cidade de São Paulo, entre o Aeroporto de Congonhas e o Shopping Ibirapuera. Na Uber, o preço da viagem foi estimado em R$ 18,90. Na descrição, foi cobrado R$ 3,70 de tarifa base, R$ 13,84 de tarifa mínima, R$ 0,42 por minuto, R$ 1,63 por quilômetro e R$ 1,31.
Segundo a AMA-SP, de tarifa base e por quilômetro, são repassados, no máximo, R$ 5,62 e R$ 0,80 para o motorista, respectivamente. Com o aumento dessas taxas para R$ 10 e R$ 2, é esperado que o preço final da corrida aumente também, a não ser que as plataformas criem uma nova forma de precificação.
Passageiros já estão sendo impactados
Com a paralisação de quase dois terços dos motoristas de Uber e 99, a manhã de segunda-feira foi agitada em São Paulo. Muitos consumidores reclamaram do tempo de espera para conseguir uma corrida, alto índice de cancelamento e, principalmente, do preço cobrado pelas viagens.
O presidente da AMASP, explica que o sucesso da paralisação levou a "tarifa dinâmica" do Uber ao limite. "Chegamos a bater o pico do preço dinâmico, que é R$ 30, o máximo possível. Isso mostra como havia poucos motoristas na rua. Alguns lucraram, é fato, mas foi uma alegria momentânea. Ganharam mais ontem para voltar à realidade hoje, que é trabalhar o dia todo e não conseguir pagar as contas no fim do mês", afirma Duda.
A paralisação pode ir além: de acordo com a associação, se os pedidos não forem atendidos, deverá evoluir para uma manifestação mais longa.
O que dizem as plataformas?
A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (AMOBITEC), que representa diversas empresas do setor, afirmou que respeita o direito de manifestação e informa que as empresas associadas mantêm abertos seus canais de comunicação com os motoristas parceiros, reafirmando a disposição para o diálogo contínuo, de forma a aprimorar a experiência de todos nas plataformas. A entidade não deu detalhes sobre as negociações.
Já a 99 disse que "ouvindo e conversando com cerca de 2 mil motoristas todos os meses, a adotou soluções permanentes para incrementar os ganhos no app: foi a primeira plataforma a oferecer a Taxa Garantida, que assegura aos condutores a taxa máxima semanal de até 19,99%".
"Também foi pioneira em iniciativas com o Adicional Variável de Combustível, um auxílio no ganho que aumenta sempre que o combustível sobe. Além disso, lançou outros programas como: kit gás; consórcios com taxas mais baixas para a compra de veículo; vantagens no aluguel de carros 99Loc, que amplia o acesso à locação de veículos; DriverLAB, um centro de inovação criado pela 99 para fortalecer o cuidado com o motorista, e a redução de seus custos operacionais", completou.
A Uber não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta reportagem.
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