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Carro popular: o que montadoras podem fazer para veículo ficar mais barato
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Desde que a meta do governo e das montadoras de aumentar o acesso dos brasileiros ao carro de entrada começou a ser veiculada na imprensa, a expectativa é que os dois agentes apresentem propostas para redução de preço. O governo federal revelou na quinta-feira (25) que a sua estratégia será a redução de 1,5% a 10,79% na carga tributária de carros de até R$ 120 mil. Mas, afinal, o que os fabricantes podem fazer para o valor baixar ainda mais?
Para acompanhar a ação do governo, que durará entre três e quatro meses, de acordo com Fernando Haddad, ministro da Fazenda, é esperado que as fabricantes de veículos lancem versões ainda mais simplificadas dos seus carros de entrada. Resta saber qual será o nível de redução de equipamentos, mas é possível seguir dois caminhos: retirada dos supérfluos ou dos "essenciais".
Para Cássio Pagliarini, sócio da consultora Bright Consulting e ex-executivo de marcas como Ford, Renault e Hyundai, não faz sentido apostar em uma simplificação mais severa, com a retirada de itens considerados essenciais para o conforto e dirigibilidade. Além disso, não é possível abrir mão dos itens obrigatórios de segurança, como airbags e freios ABS.
"Considerando toda a legislação que temos hoje, com exigência de mais itens de segurança e menos emissões, é impossível reduzir o preço do carro a R$ 50 mil retirando equipamentos. O que as montadoras podem fazer é retirar as calotas, não usar para-choques pintados e produzir um carro sem frisos e outros itens considerados supérfluos, mas isso reduziria até 3% do custo de produção. Se for além disso e retirar ar-condicionado e direção hidráulica, ninguém vai comprar", avalia o consultor automotivo Cássio Pagliarini.
O sócio da Bright Consulting explica que os modelos mais baratos do país, Renault Kwid e Fiat Mobi, já utilizam muitos recursos para redução de custos, portanto, resta pouco para tirar. No entanto, Mobi e Kwid vêm de série com itens que eram opcionais décadas atrás, como ar-condicionado, travas elétricas e vidro elétrico nas portas dianteiras. Mas será que o brasileiro estaria disposto a abrir mão de equipamentos tão básicos para pagar um pouco menos? Nesse caso, não seria melhor investir em um usado?
Modelos intermediários
Por outro lado, como os benefícios vão se estender a carros de até R$ 120 mil, com maiores descontos para os modelos de menor custo, maior eficiência energética e índice de nacionalização das peças, é possível que carros mais caros passem por esse "enxugamento", sem a retirada de itens tão básicos.
Modelos como Hyundai HB20 e Chevrolet Onix podem ganhar concorrentes para o Polo Track, por exemplo. Nesse caso, a aposta pode ser em interior mais simplificado, utilizando materiais mais baratos e acabamentos menos elaborados e até mesmo redução de peças, como uma roda com três parafusos, setas sem repetidores, entre outras estratégias.
Por que não reduzir o lucro?
Abrir mão da margem de lucro para ganhar no volume é uma das primeiras sugestões dos consumidores. Mas a realidade é que os carros populares não têm margem folgada desde a pandemia, razão pela qual diversas montadoras deixaram de investir nesse segmento.
Ex-executivo de montadoras como Ford, Volkswagen e Jaguar Land Rover, Flavio Padovan afirma que as montadoras não têm condições de reduzir muito as suas margens de lucro para baratear seus carros de entrada - ainda mais com os itens de segurança obrigatórios e a redução de emissões compulsória que têm sido implementados nos carros brasileiros.
"Realmente, as montadoras não conseguem reduzir mais suas margens com os carros de entrada. Por outro lado, aumentando o volume de vendas desses automóveis compactos, você tem um benefício muito grande na diluição dos custos fixos das fábricas, que sofrem com capacidade ociosa, hoje acima de 45%", analisa o especialista.
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, a associação das montadoras, explica que cada marca vai avaliar o cenário individualmente. "Cada montadora tem a sua política de preços e ela sabe a sua cota, se ela tem margem para reduzir. A gente tem uma expectativa de que essa injeção de ânimo produza uma competitividade natural de preços. Mas carro 'pelado' e a retirada de itens de segurança estão fora de questão", garante.
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