Paula Gama

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Carros nota zero: como fracasso em crash-test afeta quem já comprou veículo

Nas últimas semanas, dois veículos fabricados no Brasil chamaram atenção pelo mau desempenho no Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e o Caribe (Latin NCAP). Enquanto o Jeep Renegade exportado para o Panamá com apenas dois airbags recebeu somente uma das cinco estrelas possíveis, o Citroën C3 vendido por aqui zerou o teste de impacto.

Sempre que um carro vai mal nos testes, a repercussão dos resultados deixa muitos consumidores chateados, questionando o que fazer com o veículo que têm na garagem.

Uma dessas consumidoras é a arquiteta Larissa Caldas, proprietária de um C3. De acordo com o Latin NCap, o C3 apresentou "estrutura instável, fraca proteção contra colisões frontais, falta de proteção lateral para a cabeça e falta de lembrete de uso do cinto de segurança".

"Confesso que fiquei sem saber no que acreditar. O resultado me deixou assustada. Me sinto lesada porque não é o que a gente espera de um bem tão caro", desabafa.

Já a Stellantis, proprietária da Jeep e da Citroën, entre outras marcas, disse que "afirma seu compromisso com a proteção veicular, desenvolvendo veículos modernos e alinhados com o segmento. Reafirma ainda que seus automóveis atendem todas as regulamentações vigentes." Sobre o Renegade, o grupo afirmou que a versão avaliada não é mais produzida, e que os modelos vendidos no país têm seis airbags.

Sobre o tema, o Procon de São Paulo, explica que, a rigor, Brasil não possui uma legislação que exija que os veículos vendidos no mercado local tenham uma certificação de segurança como a do Latin NCap, que são de caráter privado. "Sendo assim, não há implicações, particularmente em relação ao Código de Defesa do Consumidor", disse o órgão.

Por outro lado, o advogado Manoel Tadeu Machado de Menezes, especialista em direito do consumidor, explica que - não apenas nesses, mas em todos os casos envolvendo testes de colisão - a depender da maneira como a montadora faz o marketing sobre a questão da segurança e dos riscos apresentados ao consumidor encontrados nos resultados, há espaço para discussão judicial.

"É preciso lembrar que existe um padrão mínimo de segurança exigido das montadoras. Caso esse padrão não tenha sido respeitado, estamos falando de um vício de fábrica seríssimo. Hoje em dia, a segurança é um item determinante na escolha dos consumidores. Se depois de adquirido o produto, o consumidor descobre que o veículo não apresenta a segurança esperada, há uma quebra da confiança que foi depositada na montadora. Isso dá ao consumidor o direito de pedir a rescisão da compra e requerer a devolução do valor que pagou", avalia.

O carro pode desvalorizar?

Quando um veículo não alcança o resultado esperado em um teste de segurança, é natural que os proprietários fiquem apreensivos, com medo da desvalorização do modelo no mercado. A verdade é que, no Brasil, a perda de valor depende muito mais da concorrência do modelo em questão do que dos resultados do teste, como explica o consultor automotivo Cássio Pagliarini.

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"Acredito, sim, que já começa a existir uma relação entre os preços dos carros e as notas do Latin Ncap, mas é óbvio que não é muito forte, pois nosso país não tem tradição de pagar a mais por segurança veicular. No entanto, o tema está na boca do vendedor da marca competidora. A questão é relativa e não absoluta. Quando o competidor também tem notas muito baixas, você não tem vantagem, nem desvantagem com o resultado", avalia o especialista.

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