Paula Gama

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Nada de helicóptero: por que novos veículos da Embraer são carros voadores

A tão idealizada era dos carros voadores está mais próxima do que nunca. A prova disso é que a Embraer e a Eve, uma das maiores desenvolvedoras desse tipo de veículo, anunciaram a construção de sua primeira fábrica em Taubaté (SP).

A parceria entre as duas brasileiras já conquistou 2,8 mil intenções de compra pelo mundo. No entanto, ainda há muitas dúvidas sobre o assunto, e para muitos a primeira delas costuma ser: por que é chamado de carro voador, e não de helicóptero elétrico?

O termo "eVTOL", nome oficial dos "carros voadores", refere-se a "Electric Vertical Take-Off and Landing", ou seja, veículos elétricos de decolagem e pouso vertical. Essa tecnologia descreve a capacidade de uma aeronave de decolar e pousar verticalmente, sem a necessidade de uma pista de decolagem ou aterrissagem. A verdade é que essa descrição - e até a aparência - lembra muito mais um helicóptero do que, de fato, um carro.

O eVTOL será mais confortável do que um helicóptero, tanto internamente, quando no quesito ruído
O eVTOL será mais confortável do que um helicóptero, tanto internamente, quando no quesito ruído Imagem: Divulgação

A semelhança com o possante que temos hoje na garagem, no entanto, está no conceito. Embora os helicópteros também possuam capacidade de decolagem e pouso vertical, o termo "carro voador" é geralmente usado para descrever a próxima geração de veículos de transporte pessoal que estão sendo desenvolvidos com tecnologia avançada, como propulsão elétrica, automação e sistemas de gerenciamento de tráfego aéreo.

Assim como os carros, eles são planejados, principalmente, para a locomoção urbana, e também são uma estratégia para pôr fim ao trânsito caótico das cidades, tal como nos filmes de ficção científica. Portanto, seria mais uma evolução dos automóveis do que das aeronaves.

Já a diferença principal entre os eVTOLs e os helicópteros tradicionais está na tecnologia empregada. Os eVTOLs estão sendo projetados para serem mais eficientes, sustentáveis e silenciosos em comparação com os helicópteros - que atualmente são uma opção apenas para milionários.

Os novos veículos geralmente apresentam múltiplos rotores ou hélices distribuídos em sua estrutura, o que permite um voo mais estável e seguro, além de uma redução significativa do ruído em relação aos helicópteros com apenas um rotor principal.

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Outro detalhe importante: a ideia é que o eVTOL faça percursos curtos, entre 16 e 48 km, e menos de 20 minutos. Em entrevistas em todo o mundo, os executivos da Eve afirmam que será comparável ao valor de um corrida de aplicativo com a mesma distância, e a principal razão é a ausência do custo com combustível, já que será elétrico.

Segundo a empresa, o custo da viagem por pessoas é seis vezes menor do que em um helicóptero. Esses veículos também são projetados para, em um segundo momento, serem operados de forma autônoma ou semiautônoma.

Por que o carro voador será produzido primeiro no Brasil?

Embraer promete carros voando pelo céu do Brasil em breve
Embraer promete carros voando pelo céu do Brasil em breve Imagem: Imagem: Eve/Divulgação

As brasileiras Eve Air Mobility e a Embraer, apesar de terem clientes em todo o mundo, explicaram que a planta industrial será situada em uma área a ser ampliada dentro da unidade existente da Embraer em Taubaté (SP). Segundo as empresas, o local se beneficia de uma logística estratégica, oferecendo fácil acesso por meio de rodovias e proximidade de uma linha ferroviária.

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Outra vantagem significativa é a localização próxima à sede da Embraer em São José dos Campos e da equipe de engenharia e recursos humanos da Eve, o que facilitará o desenvolvimento e a sustentabilidade de novos processos de produção, aumentando a agilidade e a competitividade da empresa.

"Essa decisão está alinhada ao nosso plano estratégico de crescimento baseado em inovação e sustentabilidade", disse Francisco Gomes Neto, Presidente e CEO da Embraer. "Acreditamos no enorme potencial do mercado global de Mobilidade Aérea Urbana e reforçamos nosso compromisso com a Eve como uma das principais empresas desse setor."

O eVTOL da Eve tem uma autonomia de 100 quilômetros. Outra característica é a ausência de ruído das hélices comparado a um helicóptero ou avião. A proposta é que, por enquanto, ele não seja um transporte individual, como os carros de hoje em dia, mas algo parecido com táxis e veículos de aplicativo.

Cabine do eVtol da Eve, sem os rotores, exibida na Paris Air Show
Cabine do eVtol da Eve, sem os rotores, exibida na Paris Air Show Imagem: Geoffroy Van der Hasselt - 20.jun.23/AFP

A aeronave tem oito hélices dedicadas para voo vertical e asas fixas para voo em cruzeiro, sem alteração na posição desses componentes durante o voo. O conceito mais recente inclui um empurrador elétrico alimentado por motores elétricos duplos que fornecem redundância de propulsão, para garantir segurança.

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A empresa planeja iniciar a montagem de seu primeiro protótipo eVTOL em escala real ainda durante este segundo semestre de 2023, enquanto os testes serão realizados em 2024.

Onde vão circular?

A Eve tem uma parceria firmada com a Voar Aviation, que encomendou centenas de carros voadores. A empresa já comentou sobre suas intenções de expandir a atuação para diversas regiões do Brasil, como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Vitória, Florianópolis, Camboriú, Fortaleza, Natal, Recife e Salvador. Em todo o mundo, a startup brasileira já fechou acordo com países da Europa, Estados Unidos, Quênia, Singapura, Dubai, Austrália, entre outros.

Se depender da Embraer e da Eve, em apenas três anos, os brasileiros já poderão fazer pequenos trajetos em carros voadores em cidades como o Rio de Janeiro, e até 2035 o meio de transporte já será parte do dia a dia.

"Espera-se que o mercado cresça rapidamente e, em 2035, o Rio de Janeiro poderá ter até 37 vertiportos [pontos de pouso] e 245 eVTOLs. Em um futuro próximo, espera-se que 4,5 milhões de passageiros viajem em mais de 100 rotas anualmente na região metropolitana do Rio de Janeiro, gerando cerca de 7 mil empregos diretos e indiretos e US$ 220 milhões em receita anual", diz a empresa em um documento sobre o projeto de mobilidade aérea da capital carioca.

Em todo o mundo, a expectativa é que, até 2035, 23 mil carros voadores estejam operando em grandes cidades.

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