Paula Gama

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Ajuste ou desvalorização? Por que preço do carro elétrico está despencando

Quem afirma que o preço dos carros só subiu nos últimos anos certamente não analisou o mercado de elétricos. Até 2021, com exceção dos modelos da JAC, era impossível comprar um veículo a bateria por menos de R$ 200 mil, com raras opções nessa faixa de preço.

Os meses foram passando e chegaram ao mercado opções como Renault Kwid e-Tech e Caoa Chery iCar, na faixa de R$ 150 mil. Agora, já é possível encontrar opções por menos de R$ 120 mil. Afinal, por que o preço dos elétricos de entrada está despencando?

BYD Dolphin balançou o mercado por ser maior, mais potente e equipado que os concorrentes, embora mais barato
BYD Dolphin balançou o mercado por ser maior, mais potente e equipado que os concorrentes, embora mais barato Imagem: Foto: BYD | Divulgação

Tudo começou quando a chinesa BYD lançou o compacto Dolphin por R$ 149.800, com o título de "elétrico mais barato do Brasil". Acontece que o modelo é maior, mais equipado e potente do que os concorrentes, o que levou outras montadoras a reverem seus preços. Algumas delas, já realizaram duas reduções desde que o BYD chegou ao mercado.

Uma das marcas que anunciou duas reduções foi a Caoa Chery: o iCar passou de R$ 149.990 - antes da chegada do concorrente chines - para R$ 119.990. O JAC E-JS1 passou de quase R$ 150 mil para R$ 135.900, também com duas reduções. Já o Kwid e-Tech começou nessa brincadeira custando R$ 149.990, e hoje sai por R$ 139.990.

Até modelos de outras categorias tiveram seus preços reajustados para se adequarem à nova realidade, ao menos temporariamente. É o caso do híbrido Kia Stonic, que passou de R$ 147.990 para R$ 139.900, e do SUV elétrico Peugeot e-2008, que saiu de R$ 259.990 para R$ 219.990 em ação promocional.

O Kwid e-Tech teve redução de R$ 10 mil
O Kwid e-Tech teve redução de R$ 10 mil Imagem: Divulgação

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Para quem está pensando em por um elétrico na garagem, a notícias é ótima, para quem comprou com os preços antigos, nem tanto. Mas a maioria tem uma dúvida em comum: a razão para a queda de preços é apenas a chegada de um desafiante mais equipado?

Para Ricardo David, sócio-diretor da Elev, empresa especializada em soluções para eletromobilidade, a concorrência, de fato, chacoalhou o mercado. "Estamos vendo um crescimento cada vez maior do segmento no Brasil e um dos pontos primordiais para esse significativo aumento está atrelado a novos investimentos. Além disso, a chegada de mais concorrentes no mercado nacional, como a BYD, tem gerado um efeito dominó nos preços, que ficam mais acessíveis aos consumidores".

Já Cássio Pagliarini, sócio da consultora Bright Consulting e ex-executivo de marcas como Ford, Renault e Hyundai, explica que a concorrência foi importante, mas há mais fatores envolvidos nessa equação. "Todos os carros tinham preços públicos com margens cheias, por conta do pequeno volume, dos problemas logísticos durante a pandemia e pela oportunidade do negócio. Agora, a baixa do dólar se fez sentir nos preços, houve um relaxamento por conta das condições melhores do que haviam sido planejadas", analisa.

Mais disputas a caminho

Disputas como essa serão cada vez mais comuns após as chinesas BYD e a GWM começarem a produzir os seus carros no Brasil, e não serão exclusivas ao segmento de entrada. Isso porque as duas marcas têm algo forte em comum: apostam em carros elétricos com alto embarque de tecnologia e com preços bem abaixo dos concorrentes do mesmo patamar.

"Não estamos falando de preços populares, mas de preços competitivos dentro do seu segmento", pondera o consultor automotivo Ricardo Bacellar.

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O especialista explica que as chinesas vivem contextos diferentes das montadoras tradicionais. Segundo ele, o que realmente tem atraído as chinesas para cá é o tamanho do nosso mercado e o segmento de carros de volume, que vem sendo deixado de lado pelas montadoras locais. "As empresas chinesas têm um volume de produção grande em todo o mundo, conseguindo suprimentos com preços mais competitivos", analisa

De acordo com o Milad Kalume, da Jato Informações Automotivas, as chinesas conseguem concorrer em uma faixa de preço oferecendo um produto comparável ao segmento superior, com mais tecnologia embarcada, por exemplo.

"Essas montadoras conseguem esse preço porque têm um processo de manufatura muito mais em conta do que o de qualquer outro mercado mundial, além disso têm volume de produção, já que são as maiores fabricantes de carros eletrificados do mundo", informa.

O BYD Seagull deve custar entre R$ 100 mil e R$ 110 mil
O BYD Seagull deve custar entre R$ 100 mil e R$ 110 mil Imagem: Divulgação

O próximo carro a puxar a fila das reduções de preço pode ser outra novidade da BYD, o compacto Seagull, que será lançado em 2024. Com um preço estimado entre R$ 100 mil e R$ 110 mil.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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