Sem cuspir e xingar: Uber pode banir passageiros por mau comportamento
Nos últimos dias uma cena chocante dentro de um carro de aplicativo viralizou nas redes sociais. Uma passageira, insatisfeita porque o motorista não aceitou seguir viagem na modalidade "pagar na próxima corrida", xingou e ainda cuspiu no rosto do condutor. A discussão chamou atenção para um detalhe nas corridas via aplicativo: não são apenas os condutores que são avaliados nas plataforma, os clientes também podem ser mal pontuados e até banidos por mau comportamento.
O caso aconteceu com um motorista de Uber que, por acaso, costuma gravar suas corridas por segurança. Após o incidente, ele publicou o vídeo nas redes sociais como forma de punir a vítima, para que todos vissem seu comportamento. A plataforma disse que considera inaceitável o comportamento das partes, já que o condutor revidou o cuspe. De acordo com a Uber, as contas foram suspensas enquanto aguardam pela apuração do caso.
"Esperamos que motoristas parceiros e usuários não se envolvam em brigas e discussões e que contatem imediatamente às autoridades policiais sempre que se sentirem ameaçados ou entenderem estar sendo vítimas de ações ilegais, como fraudes ou golpes. Ofender e agredir a outra parte são claras violações do Código da Comunidade Uber e são atos que podem levar à desativação permanente das contas envolvidas", disse a empresa.
A Uber explica que os motoristas têm permissão para gravar imagens para fins de segurança, mas são proibidos de publicá-las nas redes sociais ou em qualquer outro fórum público. Também esclarece que a tentativa da passageira de pagar a viagem "na próxima" não é viável.
"Não existe função de 'pagar na próxima'. O app apenas permite que o motorista informe as situações em que o usuário não honrou o pagamento. Isso cria um débito na conta do usuário, mas é uma opção do motorista, não uma escolha que cabe ao usuário. Solicitar viagens sem fazer o pagamento também pode levar ao bloqueio da conta do usuário", afirma.
Eduardo Lima de Souza, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo (Amasp), afirma que o comportamento da passageira é muito mais comum do que se imagina, mas reclama do posicionamento das empresas. "As plataformas só dão suporte se a agressão for por parte dos motoristas contra passageiros. Sobre os banimentos, as empresas dizem que banem, mas ninguém tem confirmação disso."
99 e inDrive se posicionam
A 99 afirma que respeito e tolerância são indispensáveis para a permanência na plataforma e toma todas as medidas cabíveis - que podem incluir o bloqueio do aplicativo - se esses preceitos não forem cumpridos.
A empresa afirma que lançou, recentemente, o Selo de Verificação 99. Com ele, passageiros com mais informações na plataforma (tais como foto de rosto) passarão a receber classificações de usuário Essencial e Premium, de acordo com a quantidade de validações realizadas no app. O objetivo é melhorar a segurança dos motoristas.
"A 99 também está disponibilizando, em agosto, tags com avaliações de outros motoristas sobre os passageiros. Com isso, o condutor poderá ver se o passageiro foi considerado educado ou pontual, por exemplo. A iniciativa aprimora a experiência de motoristas parceiros e passageiros, pois os usuários bem avaliados também tendem a ter corridas aceitas mais rapidamente no aplicativo", diz a empresa.
A inDrive é a que mostra menos tolerância contra mau comportamento. "Em nosso procedimento, qualquer ato discriminatório, violento, deboches, por mínimo que seja, assim que o motorista notifica a gente e nos traz comprovações ou BO, o passageiro é banido na hora. A lei, inclusive, é severa para casos assim. Educação, para ambos os lados, constante comunicação e treinamentos são as chaves que usamos para tentar amenizar e, quem sabe num futuro próximo, resolver a questão", afirma.
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