Invasão chinesa: 4 novas marcas que ainda devem chegar ao Brasil em 2024
Quando o assunto é novidade no mercado automotivo, só se fala na "invasão" das montadoras chinesas ao Brasil. O cenário remete ao anos 2010, quando Chery, Jac, Lifan e Geely desembarcaram por aqui. Na época, a euforia durou pouco e apenas duas delas conseguiram se estabelecer, mas com muitos ajustes no caminho. Agora, é a vez de novas marcas traçarem seus próprios destinos, para isso, o caminho escolhido tem sido o da eletrificação, e não estamos falando apenas de BYD e GWM.
O ano de 2023 foi marcado pelo esforço da Great Wall Motor (GWM) e da BYD em assumir as fábricas paradas da Mercedes-Benz e da Ford, respectivamente. As duas conterrâneas também causaram um efeito dominó nos preços dos carros elétricos de entrada, fazendo com que vários modelos já lançados tivessem os preços reduzidos para concorrer com seus produtos. Em 2024, é provável que as duas dividam os holofotes com, pelo menos, outras quatro marcas chinesas.
Uma das montadoras que pode ensaiar uma atuação no Brasil no próximo ano é a FAW Motors, que, inclusive, já ventilou o desejo de trazer modelos elétricos de sua submarca Bestune. A presença de submarcas, aliás, é muito comum entre os grupos chineses - trata-se de um arranjo parecido com o que acontece com a Stellantis, quando um único grupo detém várias montadoras. A diferença é que, no caso das chinesas, todas elas têm a mesma origem.
O modelo de debute mais provável é o Bestune E05, um monovolume compacto que tem como foco o transporte de passageiros, ou seja, um veículo que tem como foco taxistas e motoristas de aplicativo. A Faw, no entanto, possui uma linha de produtos grande, desde modelos de volume a SUVs e sedãs de luxo.
Dentro do grupo Chery, três submarcas podem iniciar uma atuação no país de forma independente. Uma delas é a Exeed, que já prometeu três carros de luxo para o mercado, elétricos ou híbridos. Trata-se do RX, um SUV híbrido plug-in, do sedan elétrico E03 e do SUV elétrico E0Y. Na China, a Exeed é considerada a divisão de luxo da Chery, assim como a Lexus é da Toyota.
A linha Omoda - outra montadora ligada à Chery que deve desembarcar por aqui - é mais estilosa e juvenil. O SUV C5 já foi visto rodando pelas ruas de capitais brasileiras, está em teste e deve estrear no próximo ano. A marca chinesa deve optar pelo conceito híbrido para disputar o segmento. O Omoda C5 tem porte compacto e suas medidas são 4,40 metros de comprimento e 2,63 metros de entre-eixos.
A quarta marca prevista para os próximos meses é a Jaecoo. O modelo mais esperado para essa estreia é o SUV elétrico J7.
Cenário pode mudar
Apesar de todas essas marcas terem demonstrado interesse pelo Brasil, o cenário ainda pode mudar bastante até 2024. Isso porque, em breve, o imposto de importação - hoje zerado para carros elétricos - pode voltar a ser cobrado, chegando a até 35% do valor do produto. Esse, inclusive, é um pleito da Anfavea, associação das montadoras que produzem carros no Brasil, para proteger o mercado da "invasão" chinesa.
De acordo com apuração da coluna, a volta do imposto a partir do próximo dia primeiro teria sido sinalizada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) no dia 4 de outubro, durante duas reuniões fechadas com a Anfavea e a ABVE - associação das montadoras de veículos elétricos.
A informação foi revelada à coluna por participantes das reuniões, que constam na agenda pública do secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério, Uallace Moreira Lima. Também participaram, segundo o documento público, Margarete Maria Gandini, diretora do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Alta-Média Complexidade Tecnológica do MDIC e representantes da ABVE, Nissan, GM, Raizen Power e GWM. Em outro horário, no mesmo dia, houve uma reunião com representantes da Anfavea. O assunto, nos dois casos, foi o mesmo: tarifas de importação de veículos elétricos.
Procurado pelo UOL Carros, o MDIC disse que não tem informação se o tema dos carros elétricos constará da pauta da próxima reunião da Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex), que decide sobre o imposto de importação. Já a Anfavea e a ABVE não podem se posicionar até que o teor da conversa seja divulgado pelo MDIC. De qualquer forma, a decisão pode impactar, e muito, os planos das montadoras de carros elétricos que planejam iniciar uma operação no país.
No entanto, é bom lembrar que, em julho, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC comunicou o protocolo de intenções com a Chery e a Beijing Peak Automotive, dispostas a fabricar ônibus e carros na região. O que facilitaria os planos das subsidiárias da Chery.
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