Polícia faz operação contra ladrões que ostentavam motos roubadas nas redes
Denunciada pela coluna há menos de um mês, a quadrilha que publica fotos de motos de luxo roubadas em perfis nas redes sociais acaba de se tornar alvo da Polícia Civil de São Paulo. Nesta fase da Operação Drake, uma referência a "mandrake", gíria utilizada pelos "ladrões de motos", os policiais cumpriram oito mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Itapecerica da Serra e Embu das Artes. O grupo criminoso atua especialmente na capital e cidades da região metropolitana.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, as investigações tiveram início há seis meses e começaram a partir das informações levantadas pelo Centro Integrado de Comando e Controle (CICC). O trabalho de investigação foi liderado pelo Cerco, da 4ª Seccional de São Paulo.
"O principal objetivo é desarticular o grupo de criminosos que abordam as vítimas armados para roubar os veículos. As motos com mais de 500 cilindradas e de alto valor são visadas, principalmente, por bandidos que ostentam os veículos roubados nas comunidades e nas redes sociais", afirma a SSP.
Motos de luxo em foco
Os roubos de motos de luxo registrados ao longo do ano foram tema de cinco encontros realizados pelas forças de segurança do Estado no Centro Integrado de Comando e Controle, na capital paulista. A SSP explica que o trabalho desenvolvido em parceria com as vítimas e com os grupos de motociclistas subsidiou um relatório que foi encaminhado à Polícia Civil e deu origem às investigações para desarticular essas quadrilhas.
No entorno da grande São Paulo, a Polícia Militar Rodoviária, por meio do 6º Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), está atuando nas regiões de Guarulhos, São Paulo e São José dos Campos com foco no combate a esses crimes. O efetivo, com uso de motos, opera nos horários de maior incidência de roubos, conforme os registros de Boletins de Ocorrências.
Criminosos tinham certeza da impunidade
Mais do que ter certeza da impunidade, os criminosos desafiam as autoridades, a começar pelo nome da quadrilha, autointitulada de "Problema 157", que faz referência ao artigo 157 do Código Penal: "subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa". Na bio do perfil, o grupo assume que "se arrisca pra tá andando em bode", já que " aprontando ou não, todos partirão".
Todas as fotos mostram motos roubadas em clima de ostentação. Quem confirmou a informação de que as motos, de fato, são produto de crime foi uma empresa de segurança, que preferiu preservar sua identidade, que pesquisou as placas dos veículos fotografados e constatou os alertas de roubo. Em uma das fotos, a quadrilha diz que "se eles quer motor emportado os favela também quer ter. Culpa do sistema lixo" (sic). Também há imagens de armas e de adolescentes sobre as motos.
Segundo a Ituran, empresa especializada em rastreamento de veículos, o foco desses roubos é a ostentação nas redes sociais. "Essas motos são usadas para ostentação durante 'rolezinhos' em comunidades ou bailes funk. Acabam abandonadas depois ou são desmanchadas para venda de peças", informa Fernando Correia, coordenador de operações da Ituran.
Para se proteger, a dica é evitar locais isolados com o veículo, principalmente para estacionar. "É importante colocar rastreador, evitar locais isolados para estacionar e redobrar o cuidado, uma vez que esses crimes têm maior incidência no fim de semana. Caso as motos tenham rastreador as chances de serem recuperadas são maiores", alerta Correia.
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