Carros mais confiáveis? Por que montadoras estão oferecendo garantia maior
Para muitos, comprar um carro zero-quilômetro é sinônimo de tranquilidade e certeza de não passar por problemas mecânicos por um bom tempo. É exatamente por isso que boa parte dos consumidores aceita pagar mais caro para ser o primeiro dono mesmo sabendo que o veículo passará por uma desvalorização ao sair da loja. A questão é que, nos últimos tempos, os relatos de defeitos crônicos em veículos com poucos anos de uso dispararam - transformando, em muitos casos, o sonho de paz em um pesadelo.
Nesse cenário, a pesquisa por "principais defeitos" de um modelo se tornou tão comum quanto a busca por informações mecânicas. Para mostrar que confiam em seus produtos, algumas montadoras estão aumentando a garantia de fábrica, dos tradicionais dois anos para até seis.
O professor universitário Luiz Resende passou pela "má sorte" de ter um defeito grave apenas um mês após o fim da garantia do seu carro.
"Já sabia que o modelo do meu carro tinha problema no trocador de calor, mas achava que não ia acontecer comigo. Até que parou de funcionar assim que a garantia acabou. O preço do reparo era de quase R$ 50 mil, metade do que valia. Foi um trauma. Consertei em uma oficina paralela e troquei por um veículo com cinco anos de garantia. Esse virou o pré-requisito principal para mim", aponta.
Especialista em usados de luxo, Paulo Korn, da Car Chase, explica que, antes, muitas pessoas preferiam os novos, mesmo tendo que lidar com a desvalorização, porque não queria correr o risco de lidar com defeitos mecânicos. Mas no cenário atual muitos querem ainda mais segurança.
"O problema é que mesmo os carros novos estão com sérios problemas de controle de qualidade nos projetos. Está meio endêmica a situação. É claro que o consumidor sempre vai optar por mais tranquilidade", afirma.
O aumento do prazo também criou um segmento valorizado no mercado de usados: o de seminovos com garantia de fábrica. Isso acontece porque uma pessoa que comprou um modelo com cinco anos de proteção pode vendê-lo com três anos de uso e ainda restarão mais dois para o novo dono. Prazo semelhante ao oferecido nos carros zero-quilômetro de muitas montadoras.
No entanto, é preciso ter atenção em um detalhe: nem sempre a garantia vale para todas as peças do carro. É comum, por exemplo, que a proteção aos vidros dure meses enquanto a do motor seja válida por anos. Para entender o que está incluso, o ideal é conferir o manual de instruções antes de comprar o veículo.
Outro detalhe, de acordo com o consultor Ricardo Bacellar, é que nem sempre a garantia é repassada para o novo dono. "Vai depender muito da política da montadora. Não necessariamente a garantia vai ser transferida junto com a mudança de titularidade do carro", alerta.
Quem dá mais garantia?
Segundo Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, a estratégia não é recente. "Foi argumento de vendas lá atrás, com o Renault Logan. O prazo de três anos de garantia era uma forma de transmitir confiança e assegurar tranquilidade. Entre os produtos populares, veio depois o Hyundai HB20 com seus cinco anos de garantia. O aumento da garantia é uma forma de aumentar a confiança no produto, o que não impede que aconteçam problemas técnicos, que devem ser resolvidos na origem, seja a garantia de um ano ou de cinco anos."
Atualmente, BYD, Caoa Chery, GWM, Hyundai, Kia, Lexus, Mitsubishi e Toyota oferecem cinco anos de garantia de todos os seus produtos. Outras marcas apostam em garantias estendidas para modelos específicos. A Ford, por exemplo, oferece cinco anos para a Ranger, e a Nissan passou a proteção da Frontier para seis anos.
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