Paula Gama

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ReportagemCarros

Por que Toyota é contra incentivos no Nordeste e defende taxar elétricos

A aprovação da Reforma Tributária no Senado foi marcada pela insatisfação de três das principais montadoras do Brasil em relação à renovação dos incentivos para a produção de carros no Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Chevrolet, Volkswagen e Toyota tornaram público o seu descontentamento com o texto, publicando cartas abertas em diversos jornais. A coluna conversou com Roberto Braun, diretor de Comunicação da Toyota do Brasil e presidente da Fundação Toyota do Brasil, para entender melhor o posicionamento da empresa.

De acordo com Braun, toda reforma estrutural é vista como um avanço, um mecanismo que contribui para melhorar o ambiente de negócios do país. No entanto, no entendimento da Toyota, não foi exatamente isso que aconteceu no último dia 8 de novembro. Quando o assunto é incentivos à produção de carros no Nordeste, a proposta original do relator, senador Eduardo Braga, previa uma redução progressiva dos incentivos e uma restrição para para novas tecnologias, ou seja, para a produção de veículos eletrificados.

"Vimos nessa proposta do relator um avanço, mesmo que não fosse de forma isonômica, porque era somente no Nordeste, era uma forma de trilhar o caminho de transição para a descarbonização. No entanto, quando veio a proposta revisada, do jeito que conhecemos hoje, trouxe um sentimento de retrocesso. Um incentivo para tecnologias que não trazem a descarbonização e mantém essa distorção entre quem produz no Nordeste e no resto do país", afirma Braun.

O argumento do diretor da Toyota está relacionado à inclusão do próprio relator Eduardo Braga, no dia anterior à votação em plenário, de montadoras que produzem veículos à combustão entre as beneficiárias dos incentivos. Na prática, foram renovados os benefícios fiscais recebidos pela fábrica da Stellantis em Pernambuco - grupo que detém cerca de 30% do mercado brasileiro de automóveis novos.

"Esses incentivos representam cerca de 20% de vantagem para quem produz no Nordeste, o que se traduz em uma redução de preços para o consumidor. Se o texto for aprovado na Câmara dos Deputados, será mantido o cenário que temos hoje, um benefício que prejudica empresas que estão nas outras regiões do país. Esperamos que isso não aconteça", argumenta o executivo na Toyota.

Segundo ele, a Toyota vai continuar a interlocução com atores do Congresso Nacional para apontar argumentos para que o texto seja modificado na Câmara dos Deputados.

Imposto de importação para carros elétricos

Outro tema polêmico tem causado divisão de opinião entre as montadoras: a volta do imposto de importação para carros elétricos. Sobre esse assunto, a posição da Toyota é clara: a empresa acredita que é hora de todas as outras produzirem eletrificados no Brasil, como ela própria faz modelos híbridos flex.

De acordo com decisão do Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), a partir de janeiro de 2024, carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in produzidos fora do país voltarão a pagar imposto de importação, zerado desde 2015. As alíquotas retornarão gradualmente ao patamar de 35% até julho de 2026.

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De um lado, estão as montadoras que acham o mercado de eletrificados muito incipiente para a mudança, e de outro as que não só concordam como pleiteiam o retorno do imposto - principalmente para barrar a "invasão" de carros chineses no país.

Roberto Braun, executivo da Toyota, acredita que a isenção foi importante para as empresas trazerem suas tecnologias e testarem o mercado, como a japonesa fez, inicialmente, com o híbrido Prius.

"A Toyota fez isso e decidiu trazer a produção para o Brasil produzindo um híbrido flex pela primeira vez no mundo. Também vamos trazer um híbrido flex compacto para facilitar o acesso da população a novas tecnologias. Estamos completando 10 anos dessa política de redução de imposto de importação para carros híbridos. Quando o governo estabeleceu, deixou claro que era temporário. É natural começar o processo de redução desse benefícios, porque está na hora de produzir no Brasil - como a Toyota faz", opina.

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