Por que câmbio automático é tão caro de consertar e defeitos são comuns
Nos últimos anos, o câmbio automático se massificou no Brasil. O equipamento, que antes era visto como item de luxo, passou equipar boa parte dos carros novos brasileiros
A questão é que, junto com toda a comodidade, os proprietários de veículos automáticos tiveram uma surpresa: os defeitos não são tão incomuns e o conserto pode custar quase o preço do veículo.
Para se ter uma ideia, em um orçamento que viralizou nas redes sociais nos últimos dias, de um Volkswagen Tiguan Allspace 2019, a substituição da caixa de câmbio, junto com o sistema de tração integral, custaria mais de R$ 127 mil. De acordo com o engenheiro mecânico André De Maria, orçamentos como esse, independentemente da marca do veículo, estão longe de ser raros.
Uma das razões fundamentais para os custos elevados de conserto do câmbio automático é a sua complexidade técnica. Ao contrário dos câmbios manuais, que são relativamente simples em termos de engenharia, os câmbios automáticos envolvem uma série de componentes móveis e eletrônicos sofisticados. Isso torna o diagnóstico e reparo de problemas mais desafiadores.
Além disso, as peças de reposição para câmbios automáticos também tendem a ser caras. Muitas vezes, essas são fabricadas por um número limitado de fornecedores e podem ser difíceis de se encontrar. Isso resulta em preços inflacionados, o que contribui para os altos custos de conserto.
"Só no momento da desmontagem do câmbio, várias peças são degradadas e precisam ser substituídas. Além disso, o processo é trabalhoso, em muitos casos - quando há conversor de torque, por exemplo - a mão de obra é bem escassa. Por conta de toda essa dificuldade, ao abrir o câmbio, recomenda-se fazer a substituição de todos os itens de desgaste, para que não precise passar pelo procedimento novamente. Tudo isso encarece muito o serviço", afirma André De Maria.
Por que os defeitos são comuns?
Para De Maria, uma série de fatores contribui para a percepção de que os câmbios automáticos dão defeito com preocupante frequência.
O primeiro deles é que esse tipo de transmissão está presente em maior quantidade de veículos do que antigamente. Além disso, o conserto é caro, o que leva o assunto a ter mais relevância nas rodas de conversa. Mas há questões mais técnicas, e algumas delas estão relacionadas às ruas brasileiras.
"Nossos carros estão submetidos a uma situação diária de uso diferente dos outros países. Eles sofrem mais com irregularidades e buracos e tudo isso é transmitido para o câmbio, aumentando as trocas de marcha. Soma-se a isso a questão climática: dependendo da região, o Brasil tem temperaturas mais elevadas. Em paralelo, esses câmbios geralmente são construídos em países como Alemanha, Japão e Estados Unidos, que têm condições de estradas bem melhores do que as nossas", analisa.
Precisa trocar o óleo do câmbio?
Outra questão, de acordo com o engenheiro, está diretamente ligada à manutenção e ao mito de que nunca é preciso substituir o lubrificante de uma transmissão automática.
"Essa ideia de que câmbio automático não precisa ter o óleo substituído prejudica muito. Temos até documentos de fabricantes específicos em que eles recomendam a troca do óleo, enquanto algumas montadoras dizem que é vitalício. Quem entende mais, o fabricante da própria peça ou a montadora? Trocar o fluido regularmente, ao menos parcialmente, ajuda a tirar grande parte das impurezas e a preservar o equipamento", afirma.
Problemas como vazamentos de fluido, peças desgastadas e falhas na transmissão são relativamente comuns e podem surgir mesmo em veículos relativamente novos. Por isso, a saída mais barata é a prevenção, mantendo a manutenção em dia.
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