Paula Gama

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GWM supera VW na Justiça e ganha aval para trazer 'Fusca chinês' ao Brasil

Desde que o novo Fusca saiu de linha mundialmente, em 2019, rumores de que um dos carros mais icônicos do mundo voltaria em uma versão elétrica circulam na internet. A Volkswagen nunca endossou os boatos, até que a GWM, em 2021, decidiu realizar o sonho de muitos entusiastas: apresentou uma "réplica" chinesa a baterias, o Ora Punk Cat, que no ano seguinte chegou ao mercado como Ora Ballet Cat - uma versão mais feminina do conceito.

Meses depois de apresentar a novidade no Salão de Xangai, na China, a GWM registrou o veículo no Brasil junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). No entanto, a Volkswagen não gostou nada da ideia de um 'Fusca chinês' à venda no mercado brasileiro e entrou com uma liminar em caráter de urgência para anular o registro - o pedido foi acatado, mas só teve validade até março deste ano, quando a marca chinesa conseguiu a revogação. As informações são de O Globo.

Até o para-choque cromado do Fusca foi homenageado
Até o para-choque cromado do Fusca foi homenageado Imagem: Divulgação

No processo, o argumento da Volkswagen - que entrou com novo recurso, mas ainda não foi julgado - é de que o Ora Ballet Cat se trata de "uma cópia escancarada do icônico Fusca, como se não houvesse leis em nosso País que salvaguardassem os esforços alheios e vedassem a concorrência desleal e parasitária e a associação indevida".

Já a defesa da GWM não negou a inspiração. "Por óbvio que desde então os demais players trabalham em novos e aprimorados designs de automóveis, inclusive, considerando aquilo deixado de legado para o estado da técnica - e a fim de ser aproveitado e melhorado pela sociedade - pelas Autoras (VW do Brasil)", argumentou nos autos. Procurada pela coluna, a Volkswagen não se manifestou publicamente sobre o assunto.

A GWM disse que não tem planos de comercializar o Ora Punk Cat ou Ballet Cat no Brasil, mas que, "até por um posicionamento global, a empresa precisa manter sempre disponível a possibilidade de comercializar qualquer produto da sua linha em qualquer mercado do mundo".

Para entender melhor o cenário, a coluna entrevistou Fernando Canutto, sócio do Godke Advogados e especialista em Planejamento Estratégico Empresarial, Direito Societário e Propriedade Intelectual. É importante esclarecer que o registro no INPI não significa que o carro será vendido no Brasil - esse é apenas o primeiro passo, as montadoras podem decidir seguir com a estratégia ou não.

O conceito, Ora Punk Cat, era ainda mais semelhante ao compacto da Volks
O conceito, Ora Punk Cat, era ainda mais semelhante ao compacto da Volks Imagem: ORA Punk Cat (Foto: Autohome China)

"O Fusca é uma espécie de marco na indústria automotiva como carro popular. Mas, ao contrário do que argumenta da GWM nos autos, não deixou o mercado brasileiro em 1996, pois era comercializado, em sua geração mais recente, até 2017. É um período de tempo muito curto", avalia Canutto.

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"Além disso, existe um conceito no direito de empresarial que determina que uma empresa não pode se aproveitar do prestígio de outra marca para vender seu produto. Por isso, acredito que a marca alemã tem chances de sair vencedora do processo", finaliza o especialista.

Como é o Ballet Cat?

O interior foi planejado para agradar as mulheres
O interior foi planejado para agradar as mulheres Imagem: Divulgação/GWM

Considerado como o "Fusca elétrico" desde que foi lançado, o Ballet Cat tem, de fato, um design muito semelhante ao do clássico. O modelo, no entanto, é maior. Tem 4,4 metros de comprimento (enquanto o Fusca original tinha pouco mais de 4 metros), 1,88 m de largura, 1,63 m de altura e 2,75 m de entre-eixos.

Com o espaço extra, a montadora chinesa encaixou portas traseiras e garantiu mais espaço para os ocupantes do banco de trás. Visualmente, não há como dizer que, ao olhar o Ballet Cat, não pense imediatamente no Fusquinha.

Para o powertrain há três opções: um motor elétrico de 174 cv de potência; um motor de 300 cv ou, na versão topo de linha, dois motores elétricos, somando 544 cv de potência. A autonomia varia de 400 km a 500 km, de acordo com o Ciclo Chinês.

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O modelo tem diversos detalhes para chamar atenção do público feminino, como interior em cores pastéis suaves, espelhos maiores, porta-maquiagem e até funções consideradas polêmicas, como o modo de condução chamado "Lady Driving" - nesse caso, o piloto automático aumenta e controla a distância para o carro da frente.

Outra função com nome infeliz - para dizer o mínimo - é o "Warm Man Mode", ao pé da letra, "Modo homem quente". Ele liga o sistema de aquecimento do carro para reduzir o desconforto das mulheres no período menstrual, aquecendo a região lombar.

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