Paula Gama

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Pechincha? Engenheiros brasileiros viram novos queridinhos das montadoras

Qualificados e "baratos" na comparação com profissionais de outros países, os engenheiros brasileiros viraram os novos queridinhos das montadoras. Uma reportagem da Bloomberg News mostra que estes profissionais, assim como outros de Índia e Marrocos, têm feito as fabricantes migrarem o desenvolvimento de veículos para estas regiões, mesmo que a produção não seja realizada para o mercado local.

A reportagem cita que a Stellantis, fabricante de Fiat, Chrysler, Jeep, Peugeot e Citröen, tem contratado engenheiros em países onde o custo (salário + encargos) por funcionário equivale a cerca de 50 mil euros ou menos por ano, o equivalente a R$ 270 mil. Em regiões como Paris (França) e Detroit (EUA), o custo destes profissionais seria até cinco vezes maior.

No Brasil, faz parte dos planos do grupo contratar cerca de 500 engenheiros, que vão compor a lista de mais de 4.000 funcionários da Stellantis. A "coincidência" é que, em março, a empresa demitiu cerca de 400 profissionais nos Estados Unidos.

UOL Carros questionou a Stellantis se a contratação de profissionais no Brasil tem relação com o custo da mão de obra. O grupo disse, por meio de nota, que "anunciou um novo plano de investimentos no Brasil e na América do Sul totalizando R$ 32 bilhões, entre 2025 e 2030, o maior investimento na história da indústria automotiva da região".

"O período será marcado pelo lançamento de 40 novos produtos, além do desenvolvimento de quatro plataformas globais associadas às tecnologias Bio-Hybrid, 8 novos powertrains, além de novas tecnologias de segurança e descarbonização em toda cadeia de suprimentos. Os desafios envolvendo todos esses projetos serão enormes e vão requerer a contratação de mais profissionais, inclusive nas áreas de engenharia e de software", continuou a Stellantis.

Para reduzir custos ou não, a Stellantis não é a única a investir em profissionais brasileiros. Ainda de acordo com a Bloomberg News, a Renault demitiu cerca de 1.500 engenheiros na França nos últimos anos e vem aumentando seus centros de desenvolvimento na Romênia, no Brasil e na Coreia do Sul. Procurada, a marca não confirmou a informação.

No entanto, o maior exemplo do interesse das montadoras por "cérebros" brasileiros é a Ford. Dois anos após o anúncio de fechamento das suas fábricas no país, a montadora contrariou as expectativas e ampliou as operações do Centro de Desenvolvimento e Tecnologia do Brasil, instalado na Bahia, atingindo a marca de 1.500 profissionais.

De acordo com comunicado da própria empresa na época, a expansão consolidou o centro brasileiro como um polo de exportação de projetos e conhecimento para a Ford mundial. Ou seja, parte da engenharia seria desenvolvida aqui para ser produzida em outros países.

O então presidente da Ford América do Sul, Daniel Justo, disse que "o time brasileiro tem uma contribuição importante na engenharia global da Ford, desenvolvendo produtos, patentes, tecnologias e softwares que estão ajudando a moldar o futuro da mobilidade. Ele é uma prova da capacidade e da competitividade do nosso país em exportar projetos e conhecimento".

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De acordo com sites especializados no comparativo de salários, engenheiros de uma grande montadora ganham, em média, entre R$ 8.000 e R$ 11 mil por mês. O salário se refere a trabalhadores sem cargo de liderança, mas já é maior do que a remuneração de 94% da população brasileira. Mesmo que o emprego seja considerado para lá de "qualificado" no Brasil, a contratação desse tipo de mão de obra é uma "pechincha" em comparação com países da Europa e o Estados Unidos.

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