Paula Gama

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Como greve do Ibama está atrapalhando a chegada de novos carros ao Brasil

Desde janeiro deste ano, uma greve dos servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vem causando grandes transtornos para as montadoras de veículos. O motivo da greve se concentra em demandas por melhorias salariais e condições de trabalho, mas as consequências se estendem por toda a cadeia de importação.

Apesar de não terem realizado paralisações, funcionários do Ibama, órgão responsável pelo licenciamento ambiental obrigatório de todos os carros importados que chegam ao Brasil, adotou uma tática conhecida como "operação tartaruga". De acordo com fontes da coluna ligadas à importação de veículos, nessa modalidade de protesto, os servidores estão utilizando integralmente o prazo legal de 60 dias para a emissão das licenças ambientais — um processo que, antes da greve, levava cerca de 10 dias para ser concluído. Esta desaceleração tem impactado diretamente o tempo de importação de veículos e já fez com que mais de 30 mil unidades se acumulassem nos portos à espera da documentação.

Um dos veículos visivelmente afetados é a Fiat Titano, que é importada do Uruguai. A primeira picape média da montadora foi lançada em março desde ano, mas no mês de abril teve apenas 43 emplacamentos. De acordo com um concessionário da marca, a procura pela caminhonete foi grande logo após o lançamento, mas a falta de produtos disponíveis está levando à perda de interesse por parte dos clientes. "Muitos nem lembram mais que a caminhonete foi lançada, porque não veem na rua. É uma situação crítica que esperamos que seja revertida em breve", disse à coluna.

Procurada pelo UOL, a Stellantis confirma o gargalo na importação. Por meio de nota, informou que suas marcas, "a exemplo de outras empresas do setor, têm sido fortemente impactadas pela paralisação do órgão responsável pela emissão das licenças ambientais exigidas pela legislação vigente".

"Com isso, veículos importados seguem no aguardo da liberação da documentação necessária para serem comercializados no país. Identificamos, ainda, que muitos pedidos em carteira correm o risco de serem cancelados, já que não há uma previsão de data de entrega. A Stellantis acompanha diariamente o andamento do tema para minimizar ao máximo os impactos junto aos concessionários e consumidores", garantiu o grupo.

A Nissan, outra montadora que fará o lançamento de um veículo importado nas próximas semanas, o Versa SR, também notou mudanças nas operações do Ibama. "Os processos de liberação das importações estão mais longos e podem ter reflexo nas questões logísticas. Nesse momento, contudo, não afetaram possíveis lançamentos da Nissan."

O Ibama também não negou a existência da "operação tartaruga", mas reforçou que não houve paralisação até o momento. Ao UOL, informou que participa ativamente das negociações com as demais instâncias do governo federal no que diz respeito às demandas dos servidores do Instituto e que está trabalhando para que haja um desfecho positivo e a garantia da continuidade das suas atividades.

"Os servidores continuam atuando em atividades internas da Instituição. A presidência da Autarquia tem como uma das principais prioridades a valorização e reestruturação das carreiras do Instituto e atua para isso desde o início da atual gestão", disse por meio de nota.


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