Paula Gama

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ReportagemCarros

Golpe da solda: como nova 'maquiagem' faz carro batido enganar a vistoria

Um novo tipo de vídeo está se espalhando nas redes sociais de oficinas mecânicas especializadas em funilaria de automóveis: imagens que mostram serviços tão perfeitos a ponto de enganar a vistoria cautelar - procedimento detalhado realizado para verificar a condição geral de um veículo na negociação de compra e venda de usados.

Um dos vídeos que viralizou mostra um profissional usando a borracha de um lápis para imitar a solta original de fábrica daquele veículo, como forma de fazer acreditar que se trata de um exemplar original e nunca batido. Em outra gravação., é utilizada uma espécie de massa para simular a solda.

Para alguns, a prática demonstra capricho no serviço, mas, na prática, trata-se de uma espécie de golpe, feito para enganar possíveis compradores.

'Truque' funciona?

As dezenas de comentários do vídeo mostram opiniões divididas. Enquanto alguns garantem que o qualquer vistoriador identificaria a fraude, outros acreditam que o veículo poderia, sim, receber um laudo positivo de uma vistoria cautelar.

Valter Menegon, presidente do Sindvist-SP (Sindicato Patronal das Empresas Prestadoras de Serviços de Vistoria em Veículos Automotores do Estado de São Paulo), concorda com o segundo grupo.

"A depender do profissional, o carro poderia ser confundido, sim, como um veículo completamente original, sem batidas nem sinistros. Isso acontece porque a vistoria cautelar não é regulamentada no país, cada empresa cria seu próprio padrão de análise. Alguns seguem os requisitos técnicos adequados, outros não", explica.

De acordo com Menegon, as empresas de vistoria regulamentadas pela União trabalham especificamente com os Detrans, ou seja, o laudo cautelar particular é realizado por instituições privadas e independentes.

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"No caso do vídeo, um profissional que usa um medidor de profundidade de camada, um equipamento que mostra quantas camadas de pintura o veículo tem, ajudaria a constatar que o carro sofreu avarias. Além desse tipo de equipamento, a expertise do vistoriador é muito importante, ele analisa visualmente as soldas e originalidade do veículo. Ele veria, por exemplo, que as marcas feitas com o lápis não seguem um padrão de distância entre si e identificaria a fraude", explica o presidente do sindicato.

Uma análise completa e profissional, além do medidor de espessura de tinta, poderia usar outros equipamentos para verificar a originalidade do veículo. Como glossmeter - utilizado para medir diferenças no brilho da pintura-; lâmpadas UV para identificar substâncias como massa e resina, além de outras ferramentas de inspeção visual.

A questão é que nem todo vistoriador tem acesso a todas elas. Existem vistorias, por exemplo, realizadas por meio de fotos enviadas a uma central.

Para Menegon, além de vistorias de má qualidade, outro problema da falta de regulamentação da profissão é que, em alguns casos, os profissionais acabam atendendo a interesses das revendedoras de usados. "Muitas lojas usam a vistoria para desvalorizar o veículo. Reprovam para baixar o preço e ter mais lucro. Uma pintura deve ser identificada no laudo, mas não é sinônimo de reprovação, por exemplo."

"É brincadeira", diz influenciador que postou o vídeo

O primeiro vídeo que ilustra esta reportagem foi publicado pelo mecânico e influenciador Felipe Marcelo, mas não foi feito em sua oficina - ele diz ter apenas republicado o conteúdo, por considerá-lo interessante.

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Para Marcelo, apesar de cuidadoso, o trabalho não passa despercebido por uma análise profissional.

"Acredito que seja apenas uma brincadeira, qualquer vistoria qualificada identificaria as marcas", avalia.

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Reportagem

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