SUV fake? Nova geração de compactos é releitura de hatches aventureiros
Na última década, o cenário do mercado automotivo mudou completamente. Se há alguns anos, os hatches eram os veículos mais vendidos e os lançamentos mais estratégicos das montadoras, atualmente, todo mundo quer ter um SUV na garagem. O frenesi é tão grande a ponto de algumas marcas "maquiarem" os antigos hatches aventureiros para vender mais, sob o título de utilitários esportivos compactos, ou subcompactos.
Em tradução livre, SUV significa veículo utilitário esportivo. Ou seja, um automóvel caracterizado por ser mais robusto e espaçoso, antigamente, equipado com tração nas quatro rodas, o que o tornava adequado para todos os tipos de terreno. Por conta de sua posição de assento mais elevada e maior espaço para bagagem, ficaram muito populares entre famílias - o que levou a indústria a investir em versões menores e mais baratas para atender a um público maior. A questão é que foram se distanciando da ideia inicial, ou seja, de um carro adequado para todos os terrenos.
Há alguns anos, os SUVs compactos - como Jeep Renegade e Honda HR-V - se tornaram uma alternativa mais barata e que preservava as características mais importantes para o público atual: altura e versatilidade. No entanto, a nova geração de SUVs "de entrada", como Renault Kardian, Volkswagen Nivus e Fiat Pulse, se afastam ainda mais do conceito inicial, já que, na verdade, tem diferenças mínimas para os antigos hatches aventureiros. Poderiam ser definidos como CUV, ou veículo utilitário compacto. Mas quem sonha em ter um carro dessa categoria na garagem?
Milad Kalume, diretor da Jato Informações Automotivas, afirma que esses carros receberam uma maquiagem para ganhar o cobiçado título de SUV. "Passou-se a usar essa nomenclatura como pegada comercial, porque se vende muito mais SUV do que hatchback, mas eles não carregam características básicas como maior visibilidade, altura em relação ao solo e frente robusta. Apenas recebem uma suspensão mais alta e um design diferente", opina.
Seis por meia dúzia?
Para entender um pouco melhor o cenário, comparamos alguns exemplos de SUVs compactos com hatches aventureiros. O Fiat Pulse, por exemplo, é construído sobre a mesma plataforma do Argo, e tem diferenças mínimas de dimensões em relação à versão Trekking. Ambos têm 4 metros de comprimento, 1,7m de largura, 1,5 m de altura e 2,5 m de entre-eixos - com divergências milimétricas. Já a altura mínima em relação ao solo é de 19 cm no Pulse e pode chegar a 21 cm no Argo Trekking.
Outra dupla com propostas parecidas é o Renault Stepway e o Renault Kardian. As semelhanças são tantas que um parece se tratar de uma atualização. Mas, na verdade, um chegou ao mercado como hatch aventureiro e outro como SUV. O Stepway tem 4 m de comprimento, 1,7m de largura, 1,6 de altura, 2,5 m de entre-eixos e 18,5 cm de altura livre do solo . O Kardian, por sua vez, tem 4,1 m de comprimento, 1,7m de largura, 1,5m de altura, 2,6m de entre-eixos e 20,9 cm de altura em relação ao solo. Mais uma vez, as diferenças são bem pequenas.
Para compensar o tamanho, no entanto, as montadoras têm investido em tecnologia, design e conforto. "Os SUVs viraram as vitrines das marcas. Todas as novidades e apostas são apresentadas neles primeiro, depois levadas para o restante dos produtos", explica Kalume. Com maior valor agregado pelos equipamentos, fica mais fácil cobrar mais de R$ 100 mil pelos "CUVs".
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