Como eletrificação acabará com gambiarra brasileira pra economizar no posto
Há mais de uma década, o Gás Natural Veicular (GNV) se consolidou como uma alternativa para motoristas brasileiros que buscavam economizar frente aos elevados custos da gasolina e do etanol. Embora economicamente vantajoso a princípio, vem com um conjunto de desvantagens e complicações relacionadas à conversão do veículo que, aos poucos, estão sendo superadas pela crescente presença de veículos híbridos e totalmente elétricos no mercado.
A principal vantagem do GNV sempre foi a economia no dia a dia, especialmente para quem roda grandes distâncias, podendo chegar perto de 40%. No entanto, isso vem com um investimento inicial não desprezível: a conversão de um veículo pode custar cerca de R$ 5.000.
Além disso, há custos ocultos e inconvenientes significativos, como a revisão periódica do kit, inspeções anuais obrigatórias e a requalificação do cilindro a cada cinco anos, sem mencionar a perda de espaço no porta-malas, as frequentes filas nos postos de abastecimento e a perda da garantia do veículo.
A conta simplesmente não fecha para aqueles que usam o carro esporadicamente. Por exemplo, um motorista que percorre apenas 500 km por mês levaria quase 40 meses para recuperar o investimento inicial. É possível que, inclusive, troque de carro nesse período.
Diante de tal cenário, não é surpresa que muitos, inclusive taxistas e motoristas de aplicativos, deixem de considerar o GNV como uma opção viável. Também não há investimentos por parte das montadoras nesse tipo de combustível, a exceção é para o mercado de pesados, que estudam caminhões e ônibus movidos a gás.
Taxista há mais de 20 anos, Leandro Silveira, se desencantou com o GNV durante a pandemia quando, economicamente, o combustível não era mais rentável.
"Troquei meu carro e decidi não fazer a nova instalação, os contras não compensam a economia, o tempo perdido na fila do posto, perda de potência do motor, perda da garantia do meu carro novo, entre outras questões. Minha ideia é juntar dinheiro para comprar um veículo híbrido, ou esperar que o valor seja mais interessante. Já tenho amigos que fizeram essa transição e não se arreprendem", opina.
'Gambiarra'?
Em uma comparação internacional, o GNV é quase uma raridade em países desenvolvidos, prevalecendo principalmente em nações onde as alternativas são limitadas, como Índia, Irã e Paquistão. Razão pela qual não há veículos no mercado que saiam de fábricas preparados para receber o gás.
Do ponto de vista de segurança, é necessário ter bastante cuidado na hora de escolher uma empresa para fazer a instalação, sendo imprescindível a homologação do Inmetro.
Do ponto de vista ambiental, o GNV também perde terreno para alternativas mais limpas como o etanol e, em especial, os veículos eletrificados e híbridos que não só reduzem a dependência de combustíveis fósseis como também diminuem significativamente a emissão de poluentes.
O gás, embora seja um combustível fóssil, é mais limpo do que outros, como gasolina e diesel. No entanto, a extração e o transporte de gás natural podem resultar em vazamentos de metano, que é um potente gás de efeito estufa. Já o etanol é potencialmente renovável e pode ter um ciclo de vida de baixa emissão, mas seu impacto ambiental depende das práticas agrícolas e da eficiência da produção.
No caso de veículos elétricos, a sustentabilidade depende fortemente da matriz energética utilizada para sua produção. Em regiões onde a geração de energia é baseada em renováveis, como o Brasil, os carros elétricos oferecem uma solução altamente sustentável e de baixo impacto ambiental.
Os veículos híbridos, principalmente os flex, e elétricos oferecem uma combinação de benefícios que o GNV não pode igualar. A ausência de necessidade de conversão, o menor custo de manutenção e a tecnologia embarcada são exemplos. Além disso, a expectativa é que os preços dos veículos eletrificados continuem a cair, tornando-os mais acessíveis para o consumidor médio.
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