Cheias no RS destroem mais de mil carros 0 km; automóveis serão marcados
As recentes cheias no Rio Grande do Sul afetaram mais de 2 milhões de pessoas, deixando bairros inteiros embaixo d'água em mais de 400 municípios e deixando milhares de desabrigados.
O prejuízo econômico também é imenso: para se ter uma ideia, apenas no setor automotivo, das 720 concessionárias de veículos do estado, ao menos 300 foram atingidas pelas enchentes, destruindo mais de mil carros zero-quilômetro.
De acordo com estudos da Bright Consulting, no total, cerca de 200 mil veículos, incluindo os usados e seminovos que já trafegavam em vias públicas, foram perdidos devido às inundações no Rio Grande do Sul.
Jefferson Fürstenau, presidente do Sincodiv (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos) e da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) do estado, explica que a região que concentra boa parte das concessionárias da capital, Porto Alegre, no arredores do Aeroporto Salgado Filho, na Zona Norte, ficou debaixo d'água.
"Quarenta e três lojas ainda estão submersas e isso dificulta a avaliação de danos, que podem ser muitos maiores. O cenário só não está pior porque muitos carros que estavam expostos nos showrooms foram retirados a tempo", explica.
Além do prejuízo com os carros novos, as concessionárias estão sacrificadas pela falta de vendas.
"Estamos há 16 dias sem vender carros porque estamos sem serviço do Detran (Departamento Estadual de Trânsito]", lamenta Fürstenau, destacando que há algo entre 3.000 e 4.000 veículos represados e 1,8 mil motos vendidas, mas não emplacadas.
O que vai acontecer com esses carros?
No momento atual, as concessionárias estão acionando seus seguros. No entanto, nem todos cobrem catástrofes naturais.
De acordo com Fürstenau, algumas montadoras, como a Kia, da qual ele é concessionário, estão anunciando a troca dos veículos danificados sem custo.
Os carros afetados pelas cheias não serão vendidos ao público, mas sim leiloados, com a sinalização de danos causados por enchentes.
"Pedimos ao Detran que haja um registro no documento do carro informando sobre o sinistro. Assim, esses carros não correm o risco de voltar ao mercado como veículos em perfeito estado", explica Fürstenau. Ele acrescenta que qualquer carro vendido em leilão deverá ter esse registro, garantindo transparência para os futuros compradores.
Foi estabelecido um acordo com uma empresa de leilões para dar destinação aos carros perdidos. A avaliação dos veículos danificados dependerá de fatores como o tempo durante o qual ficaram submersos, o nível da água e a quantidade de tecnologia eletrônica afetada em cada exemplar atingido.
"Carros mais simples sofrem menos porque têm menos tecnologia embarcada", aponta Fürstenau. Mesmo assim, todos os carros precisarão passar por uma limpeza profissional - dependendo do caso, a recuperação é possível.
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Quero receberAlém dos veículos, as concessionárias também sofreram perdas significativas em mobiliário, computadores e outros equipamentos. "Somente em uma loja, o prejuízo foi de R$ 2 milhões", relata Fürstenau.
O impacto das enchentes no mercado de automóveis do Rio Grande do Sul será sentido em duas fases.
"Primeiro, haverá uma grande procura por veículos, pois muitas pessoas tiveram seus carros indenizados. No entanto, só conseguiremos avaliar o tamanho das perdas depois do segundo ou do terceiro mês", prevê o executivo. Ele alerta que, sem incentivos para reativar a economia, o estado poderá enfrentar um recorde de desemprego.
"Sem crédito, como um empresário investirá R$ 2 milhões novamente em uma área de risco? Precisaremos de garantia e mecanismos de apoio", finaliza.
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