Por que recarga de carro elétrico já foi 'na faixa', mas hoje pesa no bolso
Desde o início da era dos veículos elétricos no Brasil, muitos pensam que dirigir um carro do tipo não apenas é bom para o meio ambiente, mas também traz vantagens ao bolso na hora da recarga.
De fato, inicialmente, muitas montadoras e estabelecimentos comerciais ofereciam carregadores gratuitos em locais de circulação pública, como shoppings, incentivando a transição para uma mobilidade mais sustentável. Esses pontos de carregamento rápido não apenas facilitavam a vida dos motoristas, mas também tornavam o uso desses veículos surpreendentemente barato, já que muitos proprietários raramente precisavam pagar pela energia consumida.
Contudo, a situação atual é bem diferente, na medida em que as vendas de automóveis elétricos e híbridos plug-in estão em plena expansão no país e em outros mercados ao redor do mundo.
Embora carregar um veículo elétrico em casa ainda seja consideravelmente mais barato do que abastecer um carro a gasolina, os custos associados ao carregamento fora dela aumentaram significativamente. Para exemplificar, um morador de São Paulo que percorra 10 mil km por ano em um Nissan Leaf gastaria cerca de R$ 1 mil para carregar o veículo em casa, com o kWh custando R$ 0,68, em média.
Comparativamente, um carro a gasolina que faça 10 km/l e cujo combustível custe R$ 5,60 por litro teria um gasto anual de R$ 5,6 mil para a mesma distância.
Atualmente, carregar um carro elétrico em carregadores rápidos gratuitos é quase impossível, pois a maioria foi convertida em negócio. Já os pagos têm se tornado uma opção cada vez menos atraente, embora muitas vezes necessária, por conta da logística do consumidor. Com o preço do kWh chegando a R$ 2,50 em carregadores pagos, o gasto anual para percorrer 10 mil km pode chegar a R$ 3.676,47, um valor que começa a pesar no bolso e na paciência dos consumidores - especialmente levando em consideração o tempos de espera dos carregadores gratuitos.
Jefferson Silva, um motorista frequente entre o interior e a capital paulista, dono de um BMW i3, relata:
"Antes eu aproveitava os carregadores rápidos gratuitos nos shoppings para economizar. Agora, além de pagar mais, frequentemente enfrento a dificuldade de encontrar um carregador disponível, o que pode atrasar minhas viagens em várias horas. Se não fosse a minha convicção de estar fazendo algo certo para o planeta, iria considerar ter um carro a combustão apenas para ir para São Paulo a trabalho".
Elétricos versus combustão
Ao analisar a viabilidade financeira de veículos elétricos em comparação com modelos similares a combustão, dois bons exemplos são o Renault Kwid e o BMW X1, já que ambos estão disponíveis em versões elétricas e a gasolina - um "popular" e outro "premium".
O Renault Kwid pode parecer um caso econômico razoável para a adoção de veículos elétricos. O Kwid E-Tech elétrico tem um preço inicial de R$ 99.990, enquanto a versão a combustão bem equipada custa R$ 79.430, resultando em uma diferença de R$ 20.560.
Ao carregar o veículo em casa, onde o custo do kWh é de R$ 0,68, o custo anual de abastecimento do Kwid elétrico para rodar 10 mil km é de R$ 764,04, comparado a R$ 3.645,16 do modelo a gasolina.
Essa diferença proporciona uma economia anual de R$ 2.881,12. Ainda assim, são necessários mais de sete anos para compensar a diferença de preço - mas ainda seria necessário considerar a desvalorização dos modelos e o desgaste da bateria. Se você recorrer a carregadores não residenciais, no entanto, o custo anual sobe para R$ 2.808,99, tornando a transação inviável do ponto de vista puramente econômico.
O BMW X1, um modelo de luxo, oferece uma perspectiva parecida. O BMW iX1 elétrico é vendido por R$ 359.950, enquanto o X1 a combustão parte de R$ 299.950, com uma diferença de preço de R$ 60 mil. Abastecendo o iX1 em casa, onde o custo do kWh é de R$ 0,68, o custo anual para rodar 10 mil km é de R$ 1.142,40, significativamente menor do que os R$ 4.007,00 necessários para o X1 a gasolina.
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Quero receberIsso resulta em economia anual de R$ 2.864,60. No entanto, a diferença de preço inicial elevada entre os modelos significa que são necessários quase 21 anos (ou 251,3 meses) para que as economias de combustível cubram a diferença de preço, apesar dos benefícios ambientais e de uma experiência de condução potencialmente superior.
Enquanto os carros elétricos se mantêm consideravelmente mais caros do que um equivalente a combustão, a compra deve ser justificada por preferências pessoais, benefícios ambientais e redução de custos de manutenção.
Em ambos os casos, a disponibilidade de carregamento em casa é crucial para aumentar a economia, principalmente se houver geração própria de energia.
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