Paula Gama

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Vai faltar dinheiro? Seguro de carro supera R$ 550 mi em indenizações no RS

As enchentes no Rio Grande do Sul, que têm afetado severamente a região desde o início de maio, são agora consideradas o maior evento climático com impacto no setor de seguros na história do Brasil.

Levantamento da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) informa que o seguro automotivo já registrou 8,2 mil pedidos de indenização, totalizando R$ 557 milhões até agora. Esse número inicial, porém, deve crescer exponencialmente, já que a maioria dos segurados ainda não entrou em contato com as empresas para reportar suas perdas.

De acordo com a Bright Consulting, cerca de 200 mil veículos foram seriamente danificados pelas inundações, e estima-se que aproximadamente 30% deles tenham seguro. Esse cenário coloca uma enorme pressão sobre as seguradoras, que estão enfrentando um volume sem precedentes de sinistros.

Seguro vai ficar mais caro?

Carros submersos pela água às margens da BR-116, em São Leopoldo (RS)
Carros submersos pela água às margens da BR-116, em São Leopoldo (RS) Imagem: Nelson Almeida/AFP

Apesar da magnitude dos danos, Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, assegura que o sistema de seguros brasileiro está preparado para enfrentar a situação.

"É importante dizer que esses valores de indenização, mesmo que cresçam, são perfeitamente provisionados pelas seguradoras. Os recursos são mantidos em reservas técnicas exatamente para eventos como esse. O sistema brasileiro está plenamente preparado," afirmou.

Oliveira acrescenta que não deverá haver aumento substancial nos preços dos seguros no próximo ano.

"Não é um evento que se espera que seja repetido no futuro. Não acredito que vá impactar as futuras políticas de seguro," afirmou Oliveira.

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O presidente da CNseg explica que as seguradoras têm tomado várias medidas para lidar com a crise.

"Recomendamos adiamentos dos pagamentos dos vencimentos e as empresas ampliaram suas equipes de assistência".

Oliveira também menciona o drama dos clientes afetados, muitos dos quais ainda não tiveram condições de dar início ao processo de indenização do respectivo sinistro.

"Acredito que uma parte muito grande dos segurados sequer entrou com pedidos de indenização, pois as pessoas estão cuidando da sua sobrevivência, além de bens pessoais e sentimentais. Muitos vão deixar para fazer as notificações quando as coisas se acalmarem," diz ele, acrescentando que pagamentos estão sendo processados em até 48 horas, muitas vezes dispensando auditorias, vistorias e até o recebimento do bem.

O que vai acontecer com os carros?

De acordo com a Copart, empresa especializada em leilões de veículos após grandes catástrofes, o plano para encaminhamento dos carros sinistrados e cobertos por seguro já está em operação.

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A empresa montou pátios em áreas secas para armazenar os veículos danificados cobertos por apólice. São 20 pátios no estado, quatro deles localizados na região da capital, Porto Alegre.

"O segurado liga para a seguradora, que inicia o processo em contato com a Copart. Nós retiramos o veículo, levamos para análise em nossos pátios, onde o carro é higienizado, e depois analisamos os danos", explica Adiel Avelar, CEO da Copart.

Uma vez que o usuário é indenizado, o veículo é transferido para a seguradora e classificado como de pequena, média ou grande monta. Veículos com danos pequenos podem ser reparados e voltar a rodar.

Aqueles com danos médios passam por uma inspeção para determinar se podem voltar a circular. Já os veículos com grandes danos são destinados à desmontagem por centros credenciados pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito).

No caso dos carros segurados, aqueles classificados para voltar ao mercado serão vendidos por meio de leilões.

"Nosso objetivo é garantir que esses veículos retornem de forma segura e legal ao mercado. Os carros de danos pequenos ou médios podem ser uma boa oportunidade para compradores, desde que todas as inspeções e reparos necessários sejam feitos", conclui Avelar.

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Mercado automotivo

Para Jefferson Fürstenau, presidente do Sincodiv (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos) e da seção do Rio Grande do Sul da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o impacto das enchentes no mercado de automóveis do estado será sentido em duas fases.

"Primeiro, haverá uma grande procura por veículos, pois muitas pessoas tiveram seus carros indenizados. No entanto, só conseguiremos avaliar o tamanho das perdas depois do segundo ou terceiro mês", prevê Fürstenau.

Ele alerta que, sem incentivos para reativar a economia, o estado poderá enfrentar um recorde de desemprego."Sem crédito, como um empresário investirá R$ 2 milhões novamente em uma área de risco? Precisaremos de garantia e mecanismos de apoio", finaliza o executivo.

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