Paula Gama

Paula Gama

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
OpiniãoCarros

Gasolina brasileira é mais barata que média mundial, mas pesa bem no bolso

Uma pesquisa do site Global Petrol Prices, que monitora e compara o preço da gasolina ao redor do mundo, revela que o valor médio mundial do combustível é de R$ 7,06 por litro. No Brasil, é relativamente mais baixo, com uma média de R$ 5,66. Apesar de termos uma gasolina 'barata' em relação ao resto do planeta, os brasileiros ainda sentem que o custo pesa no bolso. Afinal, por que isso acontece?

De acordo com a pesquisa, há uma diferença substancial nos preços da gasolina entre os países. Países mais ricos geralmente têm preços mais altos, enquanto países mais pobres e aqueles que produzem e exportam petróleo têm preços significativamente mais baixos. No país mais rico do mundo, por exemplo, Luxemburgo, a valor do litro é R$ 9,15.

O site aponta os Estados Unidos como uma exceção notável, já que têm preços baixos apesar de serem uma economia avançada. Por lá, a gasolina sai por R$ 5,66. O menor preço por litro é R$ 0,15 no Irã, que assim como Brasil e EUA, é produtor de petróleo. Já Hong Kong tem a gasolina mais cara do mundo, R$ 17,32. Essas variações são causadas pelos diferentes impostos e subsídios aplicados à gasolina em cada país.

No Brasil, mesmo com a gasolina custando menos que a média mundial, vários fatores contribuem para a percepção de alto custo. Um deles é o poder de compra encolhido do brasileiro. Com taxação mais pesada sobre o consumo do que sobre a renda, os produtos essenciais para a sobrevivência das famílias mordem uma parcela cada vez maior do orçamento.

Sobre o assunto, o economista Igor Lucena alerta que o combustível poderia estar ainda mais caro.

"Depois que saímos do Preço de Paridade Importação (PPI), a Petrobras está represando nitidamente os preços. A ideia do abrasileiramento é errática e pode ter consumido R$ 10 bilhões de receita da companhia, pois deixou-se de se levar em consideração o custo internacional se produção. Se seguíssemos a política de preços internacionais, a gasolina estaria bem mais cara", explica Lucena.

Um fator importante para a percepção nacional de que o combustível é caro é a desvalorização do real, que está se aproximando de R$ 5,45 por dólar.

"Os gastos do governo influenciam na desvalorização da moeda. Toda vez que o governo gasta mais do que ganha, cresce a dívida pública, reduzindo o valor do real. E toda vez que o dólar sobe, isso impacta diretamente o preço da gasolina", destaca o economista.

Além disso, o Brasil é um dos países que mais tributa os combustíveis. Atualmente, R$ 1,22 por litro é de ICMS, além de outros impostos como CIDE e PIS/COFINS. Isso acontece porque, no país, os governos (federal, estadual e municipal) optam por tributar mais os produtos de consumo comum. Essa alta carga tributária, combinada com a desvalorização cambial e a queda no poder de compra, resulta em um impacto significativo no bolso das famílias brasileiras, principalmente as mais pobres.

Continua após a publicidade

Para aliviar esse peso, Lucena sugere um equilíbrio fiscal para estabilizar a moeda e a promoção de maior competição no setor de refino, atualmente dominado pela Petrobras. "Se tivéssemos mais empresas no setor, a concorrência poderia reduzir os preços", argumenta.

Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes