Carrões apreendidos viram viaturas policiais, mas não perseguem bandidos

Veículos usados para transporte de mercadorias fruto de contrabando ou descaminho e para transporte de drogas não podem mais ser devolvidos aos antigos donos, podendo ser incorporados às instituições que realizam o combate a esses crimes.

A PRF, por exemplo, tem, ao menos, dez supercarros apreendidos em sua "garagem", como Range Rover Vela, Porsche 911 e Cayenne, Chevrolet Camaro e Ford Mustang.

A corporação explica que eles são oriundos de operações conjuntas com a Justiça e de apreensões no combate ao narcotráfico, caso em que a legislação permite que a PRF seja designada como 'fiel depositária' do bem apreendido de traficantes.

"Assim, eles são integrados à frota, não havendo nenhum custo de aquisição. Mediante autorização formal da Justiça, visto que ainda não há trânsito em julgado dos processos, os veículos são plotados com as cores da instituição e equipados com sirenes e sistemas de iluminação de emergência. Após o encerramento do processo, a propriedade do veículo é transferida para a PRF", explica a a corporação a esta coluna.

Manutenção cara

Esses supercarros, no entanto, não vão para operações policiais, eles são utilizados em situações especiais, como eventos comemorativos, desfiles, exposições e atividades educativas em escolas.

"São viaturas que possuem o ponto H, que serve de referência para determinar campo de visão do motorista, posição do volante, painel de instrumentos, pedais, retrovisores, conforto dos assentos e facilidade de entrada e saída do veículo, muito baixo. Isso dificulta o rápido desembarque da viatura, condição agravada em razão da utilização de coletes, equipamentos e armas longas, por exemplo".

Além disso, os carros específicos para atividades policiais consideram os custos por quilômetro rodado, contabilizando os gastos com manutenção, abastecimento e usabilidade. Seguindo esse raciocínio, alguns carros de menor valor provenientes do crime são, de fato, incorporados ao trabalho policial.

"Eles obedecem aos mesmos trâmites dos veículos importados. Quando são apreendidos a partir de crimes ligados ao tráfico de drogas, somente são integrados à frota operacional ostensiva caso exista viabilidade técnica, respeitado o princípio da economicidade: mão-de-obra qualificada e disponibilidade de peças, além de autonomia suficiente para realizar rondas extensas e ergonomia adequada à atividade policial", explica a PRF.

Outro fator a ser considerado é a viabilidade de instalação de blindagem nos veículos, que devem possuir índices de desempenho compatíveis com as exigências da atividade policial.

Atualmente, os veículos operacionais da PRF possuem blindagem nível 3A, adquiridos por meio de processo licitatório já com essas especificações. Por estes fatores, em regra, os veículos comuns são incorporados à frota como veículos de apoio operacional, que auxiliam o desenvolvimento das atividades do órgão, em sua maioria descaracterizados, podendo ter sistema luminoso de emergência.

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