Pegadinha da bateria? Por que autonomia de elétricos nem sempre é real
Para quem tem um carro elétrico na garagem, o maior pesadelo é a possibilidade de ficar sem bateria fora de casa. Para amedrontar ainda mais essas pessoas, vídeos de motoristas frustrados que viram a autonomia de seus veículos desmoronar de 30 km para zero em instantes viralizaram nas redes sociais.
Afinal, por que a autonomia de alguns destes automóveis à bateria parece tão inconsistente? A resposta é complexa e envolve diversos fatores que influenciam o desempenho do carregamento.
A autonomia de um veículo elétrico é monitorada por sistemas embarcados, sendo o principal deles o BMS (Battery Management System), responsável por controlar a situação da bateria e a regeneração das frenagens. Segundo Wanderlei Marinho, do comitê de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE BRASIL, vários elementos podem impactar a autonomia real de um carro elétrico:
- Condução e uso do acelerador: a maneira como se dirige o veículo é crucial. "Se usa mais potência, usa mais bateria", explica Marinho. Acelerações bruscas podem reduzir significativamente a autonomia.
- Temperatura ambiente: em regiões onde a temperatura cai abaixo de 10 graus, a autonomia tende a ser menor. No Brasil, isso é menos comum, mas ainda assim, temperaturas extremas podem impactar o desempenho da bateria.
- Carga e peso no veículo: a quantidade de carga e pessoas transportadas também influenciam, já que o carro precisa de mais energia para levar mais peso.
- Topografia do trajeto: subidas e descidas, por exemplo, podem aumentar ou diminuir a autonomia. Além disso, a calibragem dos pneus também desempenha um papel importante. É uma lógica parecida com os carros a combustão, que consomem mais combustível a depender do trajeto.
- Equipamentos de conforto: itens como ar-condicionado e central multimídia também consomem a bateria do carro elétrico.
Importância da margem de segurança
Assim como em carros a combustão, onde se planeja a viagem contando com a reserva de combustível, os motoristas de veículos elétricos também devem adotar uma margem de segurança. O BMS dos veículos elétricos gerencia a bateria entre 20% e 80% de sua capacidade total. Quando o sistema indica que a carga está acabando, ainda há uma reserva para manter sistemas essenciais como conforto, entretenimento e ar-condicionado funcionando.
"É sempre prudente garantir uma segurança de ida e volta e contar com outras situações imprevistas", recomenda Marinho. Essa reserva é crucial para evitar que o carro fique 'desabastecido' de repente, uma situação que pode ser angustiante e perigosa.
A realidade da autonomia dos veículos elétricos exige planejamento e conscientização por parte dos motoristas. É essencial estar atento às condições do veículo, do trajeto e do ambiente. Além disso, é necessário um entendimento de que a autonomia indicada pelo carro é uma estimativa baseada em condições ideais, que podem variar significativamente na prática.
Em resumo, a autonomia de um veículo elétrico é um número flexível, influenciado por uma série de variáveis. Assim, manter uma margem de segurança e planejar viagens com cuidado são passos fundamentais para garantir uma experiência tranquila e segura.
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