Paula Gama

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JAC Motors muda estratégia no Brasil após enfrentar dívida bilionária

Em recuperação judicial desde setembro de 2019, a JAC Motors anunciou mudanças em sua estratégia no mercado brasileiro. Após seus controladores no país enfrentarem dívida acumulada de mais de R$ 1 bilhão, a montadora chinesa desviará o foco de importar apenas veículos elétricos e voltará a trazer carros a combustão.

A nova picape Hunter é a nova aposta da marca. Já homologada e presente no ranking de vendas da Fenabrave de março, está pronta para seu lançamento oficial, previsto para ocorrer nos próximos meses. Importada da China, vem para competir no mercado de picapes médias, com ideia de preço atrativo e mecânica mais simples - que pode seguir a estratégia da Fiat com a Titano.

Embora detalhes específicos do conjunto mecânico ainda não tenham sido divulgados, a picape é conhecida por seu motor 2.0 turbodiesel de 170 cv e 41,8 kgfm de torque em outros mercados, acoplado a uma transmissão automática de oito marchas da ZF e tração 4x4. A JAC também planeja lançar uma versão elétrica da Hunter no futuro próximo.

Outra mudança está na ampliação de oficinas autorizadas, que farão o papel de concessionárias em cidades que não comportam tal investimento.

Crise e dívida bilionária

Em 2011, a JAC Motos anunciou a construção de uma fábrica em Camaçari (BA), com capacidade para produzir 100 mil carros por ano e um investimento de R$ 1 bilhão. No entanto, atrasos nas licenças ambientais, condições climáticas adversas e mudanças na política fiscal no país enterraram o sonho. Em 2017, a marca desistiu oficialmente do projeto e devolveu o terreno.

A desistência da fábrica e a consequente crise financeira foram influenciadas pela implementação do "super IPI" em ainda 2011. A medida do governo federal, que adicionou 30% ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos importados de fora do Mercosul e México, teve como objetivo proteger a indústria automobilística nacional e impactou severamente as montadoras chinesas à época.

O Grupo SHC, comandado pelo empresário Sergio Habib e que controla a JAC Motors no Brasil, enfrenta uma dívida acumulada de mais de R$ 1 bilhão. Segundo o site AutoData, relatório da Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, datado de 31 de março de 2021, aponta que o grupo tinha R$ 566 milhões em débitos sujeitos à recuperação judicial, além de R$ 537 milhões em dívidas fiscais e tributárias fora do acordo de recuperação.

Os desafios enfrentados pelo Grupo SHC, segundo o texto, incluem a volatilidade do dólar, restrições de capital de giro, dificuldades de crédito junto a instituições financeiras e um endividamento extraconcursal alto.

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Em contato com a coluna, o Grupo SHC afirmou ter requerido meses atrás a saída da recuperação judicial, ainda não confirmada. A posição oficial que Sérgio Habib sempre mantém é de que "estamos prestes a encerrar essa etapa".

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Reportagem

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