Paula Gama

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Chinês é furada? Como é ter um carro de montadora que já saiu do Brasil

Nos anos 2010, o Brasil viveu uma onda de entrada de marcas chinesas no mercado automotivo, oferecendo preços competitivos e promessas de inovação. Contudo, muitas dessas montadoras enfrentaram dificuldades para se estabelecer e encerraram suas operações em poucos anos, com exceção da Chery - que fez acordo com a Caoa - e da JAC Motors, que está em recuperação judicial.

A Geely, atual dona da Volvo, é uma das marcas que entrou no mercado brasileiro em 2014 com o sedã EC7 e o hatch compacto GC2, conhecido pelo baixo preço. No entanto, devido à alta do dólar, baixa demanda e dificuldades de importação, encerrou suas operações em 2016, após vender pouco mais de 1.000 unidades.

Essa saída repentina deixou muitos consumidores receosos sobre a continuidade do suporte e a disponibilidade de peças para os veículos adquiridos.

Proprietários do Lifan X60 elogiam o carro, mas reclamam da dificuldade de achar peças específicas
Proprietários do Lifan X60 elogiam o carro, mas reclamam da dificuldade de achar peças específicas Imagem: Divulgação

A Lifan chegou ao Brasil no início da década de 2010, lançando o modelo 320 e, em 2013, o SUV X60. A marca enfrentou uma série de dificuldades, desde prejuízos financeiros até a crise econômica que culminou na suspensão da produção em 2016. Com a pandemia de 2020, reduziu drasticamente suas operações, resultando no fechamento de suas concessionárias e deixando clientes na incerteza.

Uma solução encontrada pelos proprietários é se reunir em grupos nas redes sociais, como o Facebook. Por lá, é comum encontrar anúncios de peças de carros que viraram sucata. Outros buscam por equipamentos e peças específicas. Os donos de Lifan elogiam o fato de alguns componentes serem compartilhados com carros da Toyota, mas sentem dificuldade de encontrar os itens exclusivos.

Nibia Peres, proprietária de um Lifan X60, compartilha sua frustração: "O meu X60 tem um ano que está de oficina em oficina e ninguém acha o problema. Pior 'latada' que já levei na minha vida inteira. O carro em si é excelente, mas enquanto tinha concessionária em Goiânia e eu fazia as manutenções direitinho, era diferente."

Apesar dos desafios, a maioria elogia os veículos. Celso Rocha descreve seu carro como "excelente, confortável, espaçoso e lindo, sempre chamando a atenção pelo seu desenho rústico. Sempre que preciso encontro peças em vários lugares, autopeças e sites de vendas online." Ele admite que alguns proprietários não tiveram a mesma sorte, mas afirma que, em seus cinco anos de uso, seu Lifan tem sido "só alegria."

Lucimario Macedo reconhece as dificuldades, mas defende a qualidade do carro: "É desafiador ter uma marca de carro importada desconhecida no Brasil devido ao preconceito, mas quem tem uma Lifan sabe o quão excelente o carro é e não troca por outro."

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Lifan 320 ficou conhecido como "Mini Cooper chinês"
Lifan 320 ficou conhecido como "Mini Cooper chinês" Imagem: Murilo Góes/UOL

Bruno Reis, que possui um Lifan 320 há seis meses, relata uma experiência mista: "tive duas situações de manutenção: em uma delas achei a peça rápido em site de vendas online. Na outra, tive que pedir ajuda da galera nas redes sociais. Desviei de vários golpistas, mas no fim não encontrei o que precisava. Tive que soldar uma peça e esperar outras duas chegarem de outro estado".

Ele ainda destaca o custo-benefício e o prazer de dirigir o carro, apesar dos problemas elétricos e a dificuldade em encontrar peças específicas.

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