Embriagado por pão? Teste em bafômetro viraliza e assusta motoristas

O UOL Carros procurou a Proteste e especialistas para falar sobre o assunto, e todos ressaltaram que o resultado não é motivo para alarme dos motoristas.

O médico José Heverardo Montal, diretor da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), esclareceu que, embora o contexto seja real, não há motivo para pânico.

"A preocupação das autoridades de trânsito e da sociedade não é com o álcool que está na boca após a ingestão do pão, mas sim aquele que está no organismo", afirmou Montal. Ele explica que a quantidade de álcool que está na boca imediatamente após o consumo se esvai em poucos minutos.

Nesse cenário, para ser 'pego' no bafômetro devido ao alimento, seria necessário ter acabado de consumi-lo, o que não é muito comum no trânsito. Ainda assim, se de fato acontecer, o mais provável é que a situação seja esclarecida.

"A própria polícia, em caso de bafômetro positivo, indica ao condutor que volte a medir em 15 ou 20 minutos. É um procedimento comum, e o próprio motorista pode solicitar. Essa espera seria o suficiente para sanar qualquer dúvida", diz o diretor da Abramet.

Segurança no trânsito e álcool em alimentos

Henrique Lian, diretor-executivo da Proteste, explicou que a fermentação e os conservantes são os principais responsáveis pelo álcool nos pães. Em níveis tão baixos, o álcool deveria evaporar durante o processo de fabricação, mas os resultados mostram variações significativas nos teores alcoólicos, mesmo entre lotes da mesma marca.

O estudo analisou dez marcas de pão de forma, incluindo Visconti, Bauducco e Wickbold. O resultado mostrou que seis dessas marcas apresentaram teores de etanol acima de 0,5% - limite que, se houvesse uma legislação específica, as classificaria como alcoólicas.

Um lote da Visconti, por exemplo, registrou 3,37% de teor alcoólico, enquanto a Bauducco apresentou 1,17%.

As empresas envolvidas defenderam seus processos de fabricação, alegando seguir todas as normas e regulamentos vigentes. Em nota, a Abimapi, associação que representa a indústria de pães e bolos, também contestou o teste realizado pelo Proteste.

"Os resultados do teor alcoólico nos pães de forma foram comparados com o teste de bafômetro, sem considerar a ingestão dos pães. A comparação foi feita apenas por uma regra de três, o que é inadequado", diz um trecho da nota publicada pela entidade.

Pão não causa embriaguez

Para garantir a segurança no trânsito, é importante considerar o álcool que é exalado pelo pulmão, que reflete o que esteve no sangue e no organismo. É ele que tem características psicoativas e que pode ser inibidor do sistema nervoso frontal, causando sintomas que podem ser, de fato, perigosos para a condução, como perda de reflexos e filtros e sonolência.

Montal, diretor da Abramet, destaca que todos os alimentos que passam por processos de fermentação, como frutas e alguns vinagres, podem produzir álcool. No entanto, esse álcool é evanescente e não causa os mesmos efeitos no sistema nervoso central que o álcool etílico consumido recreativamente.

"Se um fabricante de pão sabe da possibilidade de produção de álcool durante o processo de fabricação, essa informação deve constar na embalagem de maneira visível para alertar os consumidores", afirma.

Alimentos que podem produzir álcool no processo de fermentação

Além do pão de forma, outros alimentos que passam por processos de fermentação e podem conter álcool incluem:

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