Paula Gama

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Motociclistas escondem placa com sacolas e até mão para enganar radares

Nos últimos dias, reportagem do UOL Carros flagrou dezenas de maus motociclistas utilizando estratégias diversas para burlar a fiscalização eletrônica em estradas federais e estaduais. Os infratores têm recorrido a métodos como adulteração de placas com fita isolante, cobertura com sacolas, uso de correntes e até a mão do passageiro para esconder a placa e evitar multas.

Dados do InfoSiga, portal de informações sobre acidentes de trânsito do Governo de São Paulo, revelam que em 2024 foram registrados 1.248 óbitos de motociclistas, um aumento de 26,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mesmo com uma frota menor que a de carros, as motocicletas estão envolvidas em 40% dos acidentes de trânsito, evidenciando um comportamento de risco significativo por parte dos motociclistas.

Prática está cada vez mais comum nas estradas
Prática está cada vez mais comum nas estradas Imagem: Paula Gama

O YouTube está repleto de vídeos ensinando como burlar a fiscalização eletrônica, desde cobrir a placa com a mão ao passar pelo radar até alterar uma das letras com fita isolante, transformando um "L" em um "E", por exemplo. Muitas destas atitudes já foram denunciadas pelo UOL Carros.

Essas práticas são crimes de trânsito e, ao liberar o 'show de infrações', colocam em risco a segurança de todos os usuários das vias. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a ocultação da placa veicular é uma forma de impossibilitar a identificação dos veículos nas fiscalizações, principalmente as de monitoramento do excesso de velocidade (que é uma das principais causas de acidentes fatais nas rodovias). "Dessa forma, a PRF realiza ações constantes por meio de fiscalizações ostensivas em pontos estratégicos nas BRs contra esse tipo de irregularidade", disse a corporação por meio de nota.

Entre os métodos mais comuns estão:

  • Cobertura com sacolas: utilizar sacolas plásticas para cobrir a placa.
  • Fita isolante: alterar caracteres (letras e números) da placa com fita isolante.
  • Uso de correntes ou objetos: esconder parte da placa com correntes ou objetos, como papéis.
  • Mão do passageiro: pedir ao passageiro que cubra a placa com a mão ao passar pelo radar.
  • Desvio de radar: passar pelo acostamento ou calçada para evitar a fiscalização.

Para entender as consequências legais dessas ações, o UOL Carros consultou Marco Fabrício Vieira, advogado e membro da Câmara Temática de Esforço Legal do Contran e conselheiro estadual do Cetran-SP. Ele explica que a placa do veículo é um dos principais números de identificação veicular, sendo essencial para a identificação externa do veículo conforme as especificações do Contran.

A adulteração da placa é crime e pode levar a seis anos de prisão
A adulteração da placa é crime e pode levar a seis anos de prisão Imagem: Alessandro Reis
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"Quando há aposição de qualquer material (adesivo ou tinta) ou remoção parcial da pintura que induza a leitura de um caractere por outro, comete-se uma infração. O CTB pune a condução do veículo com a placa violada ou falsificada com multa de natureza gravíssima no valor de R$ 293,47, acrescida de 7 pontos no prontuário do proprietário e remoção do veículo", detalha Vieira.

A conduta pode ainda caracterizar crime de adulteração ou remarcação de sinal de identificação de veículo automotor, tipificado no artigo 311 do Código Penal, cuja pena é de reclusão de três a seis anos, além de multa.

Infrações adicionais

Quando o motociclista não adultera os caracteres da placa, mas esconde um deles, também comete infração de trânsito.

"Quando o veículo é conduzido com qualquer uma das placas, com o grupo alfanumérico, total ou parcialmente sem visibilidade (sob o banco na motocicleta, atrás do para-choque, encoberta pelas mãos, papel, sacola, cortina, levantada, dobrada, etc.) ou sem legibilidade (apagada, com barro, graxa, etc.), a conduta é caracterizada como infração com multa de natureza gravíssima no valor de R$ 293,47, acrescida de 7 pontos no prontuário do proprietário e remoção do veículo", esclarece Vieira.

Outra infração comum é transitar fora da via de rolamento para evitar radares, como circular em calçadas, passeios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, canteiros centrais, divisores de pistas de rolamento, acostamentos, jardins e gramados. Essas ações são punidas com multa gravíssima multiplicada por três vezes, no valor de R$ 880,41, além de sete pontos no prontuário do condutor.

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Contra este último tipo de 'migué', uma nova tecnologia que equipa radares de velocidade, instalada em cidades como São Paulo (SP), Curitiba (PR), Salvador (BA), Anápolis (GO), Aracaju (SE) e Novo Hamburgo (RS) promete detectar com precisão infrações de motos, possibilitando que esses condutores sejam multados.

Aliado a câmeras de monitoramento de alta definição, os medidores de velocidade são dotados de softwares que conseguem emitir dados como a tentativa de motociclistas driblar o radar pela calçada, parada sobre faixa de pedestres, avanço de semáforo no vermelho, fluxo em contramão, falta de capacete, ultrapassagem e conversão proibida.

A tecnologia, chamada de laço indutivo, permite registrar e capturar a imagem do veículo e da moto em qualquer local da via. A partir das imagens, os órgãos de trânsito podem autuar os infratores.

A prática de esconder a placa para evitar a fiscalização não só é ilegal, como contribui para a elevada taxa de acidentes e mortes no trânsito. O comportamento imprudente dos motociclistas coloca em risco a segurança de todos e acarreta graves consequências legais e penais.

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