O que é verdade sobre milhares de carros elétricos 'abandonados' pelo mundo

A Pand-Auto tinha uma frota de cerca de 20 mil veículos, incluindo modelos como o Lifan 330 EV. Quando a empresa faliu, dezenas desses modelos acabaram abandonados em grandes pátios, sem compradores interessados devido à obsolescência tecnológica.

Um exemplo notório é o BAIC BJEV EC3, um hatchback elétrico que era popular entre os serviços de compartilhamento. Este modelo, que oferecia uma autonomia de cerca de 180 km, ficou ultrapassado com o rápido avanço da tecnologia de baterias.

As dificuldades em gerir negócios pesados em manutenção, combinadas com a falta de infraestrutura de estacionamento para carros nas cidades e a preferência dos consumidores por transporte público e táxis mais baratos, contribuíram para o fracasso dessas operações.

No ano passado, imagens desse estacionamento foram divulgadas como sendo de um 'cemitério' de 10 mil carros elétricos - quando, na verdade, não chegavam a 200 veículos, entre carros a bateria e a combustão, segundo investigação da imprensa internacional.

Tesla e o excesso de produção

Nos Estados Unidos, a Tesla também se viu no centro de uma controvérsia semelhante, embora em menor escala. Centenas de unidades do Tesla Model 3 foram encontradas em um campo aberto na Flórida, gerando preocupações sobre o que teria levado a esse acúmulo.

Esses veículos, fabricados entre abril e maio de 2024, foram parte de um aumento na produção da Tesla, que não foi acompanhado por um crescimento equivalente nas vendas. Embora estejam temporariamente armazenados, esses veículos não são considerados abandonados, mas sim em espera para redistribuição ou venda.

A situação desses Teslas é diferente da dos veículos na China, onde muitos dos carros realmente ficaram sem destino após a falência das empresas que os possuíam. No caso da empresa norte-americana, trata-se de um problema de logística e mercado, e não de abandono total.

Portos europeus

Recentemente, os portos europeus, como os de Antuérpia e Zeebrugge, na Bélgica, têm enfrentado um problema semelhante com o acúmulo de veículos elétricos importados da China. Fabricantes como BYD, Nio e XPeng, na tentativa de expandir seus mercados, enviaram grandes quantidades de EVs para a Europa.

No entanto, a demanda não conseguiu acompanhar esse fluxo, resultando em um excedente de veículos que se acumula nos portos, transformando-os em verdadeiros "estacionamentos de carros".

Além disso, a retirada de subsídios para veículos elétricos em países como a Alemanha e a possibilidade de aumento de tarifas de importação pela União Europeia agravam o cenário, tornando os veículos chineses menos competitivos em preço.

A realidade dos carros elétricos 'abandonados'

Em muitos casos, os veículos elétricos que aparecem nesses 'cemitérios' são fruto de negócios mal-sucedidos, falhas na logística ou rápida obsolescência tecnológica. Na China, o fenômeno está mais ligado ao colapso de startups de compartilhamento de veículos, enquanto nos Estados Unidos, como no caso da Tesla, é mais um reflexo das complexidades do mercado e das cadeias de suprimento.

Embora as imagens de carros elétricos abandonados sejam impressionantes, é importante entender que esses casos são mais exceção do que regra e que, em muitos casos, os veículos ainda possuem valor e podem ser reutilizados ou revendidos, dependendo das circunstâncias.

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