Paula Gama

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Mais de 2,5 milhões de carros ainda rodam no Brasil com airbags mortais

O Brasil enfrenta um dos maiores recalls da história automotiva, e a situação é alarmante: mais de 2,5 milhões de carros ainda circulam pelas ruas com airbags potencialmente mortais, fabricados pela Takata Corporation, uma empresa japonesa que faliu em 2017. Esses airbags, presentes em veículos de 17 montadoras, têm causado tragédias no país e no mundo.

A Takata, responsável por cerca de 20% dos airbags produzidos globalmente até 2014, começou a ser alvo de recalls em 2013, quando foi descoberto que os insufladores de seus airbags, fabricados na planta no México, apresentavam defeitos graves. O problema estava no uso de um composto químico chamado nitrato de amônio, utilizado para inflar o equipamento.

Com o tempo e a exposição ao calor e umidade, esse composto se tornava instável, provocando explosões excessivas que rompem a bolsa de ar e lançam fragmentos metálicos contra os ocupantes do veículo.

De acordo com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), desde 2013, 99 campanhas de recall foram iniciadas no Brasil, afetando mais de 5,8 milhões de veículos. No entanto, até agora, apenas 57,56% dos automóveis foram atendidos, o que deixa mais de 2,5 milhões de carros ainda rodando com esse perigo invisível.

Tragédias causadas pelos airbags

Casos fatais atribuídos aos airbags defeituosos da Takata começaram a ser registrados, gerando uma onda de preocupação entre motoristas e autoridades. De acordo com informações do Fantástico, confirmadas pelo UOL Carros, em abril deste ano, o marceneiro Cléber Moreira perdeu a vida em São Paulo após uma colisão de baixa velocidade.

O airbag do seu carro, em vez de protegê-lo, explodiu com força desproporcional, lançando fragmentos metálicos que perfuraram seu tórax. O caso, inicialmente tratado como homicídio, revelou-se mais uma tragédia causada pelo defeito do equipamento.

Outro caso ocorreu em 2022, no Ceará, quando um homem de 38 anos morreu ao volante, atingido por estilhaços do airbag. A perícia concluiu que a vítima estava a apenas 30 km/h no momento do acidente, velocidade insuficiente para causar ferimentos fatais, não fosse a falha do equipamento. Até o momento, os airbags foram identificados como causa da morte de sete pessoas no Brasil.

A gravidade do recall

O recall dos airbags Takata é considerado o maior da história da indústria automotiva, afetando milhões de veículos em vários países. Nos Estados Unidos, mais de 20 milhões de carros foram equipados com esses airbags, e a Takata foi multada em mais de 1 bilhão de dólares após admitir a culpa.

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No Brasil, a Toyota é a marca com mais veículos afetados, com mais de 1,76 milhão de unidades convocadas. Honda e Nissan seguem com 1,44 milhão e 330 mil veículos, respectivamente. As marcas da antiga Fiat Chrysler (Dodge RAM e Jeep), Volkswagen, Audi, Ferrari, Ford, Mercedes, Mitsubishi, Subaru, Renault, Chevrolet, Volvo e BMW também têm unidades envolvidas.

Diante da gravidade do problema, é crucial que os proprietários de veículos das marcas afetadas verifiquem se seus carros estão incluídos no recall. A consulta pode ser feita no site da Secretaria Nacional de Trânsito (https://portalservicos.senatran.serpro.gov.br/#/veiculos/recall), bastando inserir o número do chassi ou da placa do veículo para verificar a necessidade de substituição do airbag.

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