Novos radares: por que quantidade de multas deve disparar em São Paulo
Desde o segundo semestre de 2023, os motoristas que circulam pelas ruas de São Paulo têm notado uma mudança curiosa: estão recebendo menos multas, mesmo cometendo infrações. Segundo dados do Observatório da Mobilidade Segura, o número de penalidades aplicadas caiu de 9,6 milhões em 2022 para 8 milhões em 2023. Até o momento, em 2024, apenas 2,2 milhões foram emitidas.
Mas essa queda não reflete uma condução mais prudente. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a principal razão para essa redução é a substituição de grande parte dos radares da cidade. Cerca de 87% dos 877 equipamentos passaram por uma atualização tecnológica, com previsão de que todos sejam modernizados até o fim deste ano.
Durante o processo de troca, muitos radares foram temporariamente desligados, o que resultou na diminuição das infrações registradas, mas um movimento inverso começará a ser verificado nos próximos meses.
Essa nova leva de radares faz parte de uma licitação bilionária, envolvendo oito empresas responsáveis pela instalação de 661 novos aparelhos, divulgada pelo UOL.
No entanto, a repercussão negativa em torno do contrato fez com que o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição, prometesse publicamente que não iria aumentar o número de radares na cidade, alimentando o discurso de que "não permitirá a indústria da multa". Em abril, ele assinou um decreto que condiciona a instalação de novos radares à comprovação técnica de sua necessidade.
Substituição de radares
Ao declarar que "não vai permitir a indústria da multa", Nunes se posicionou contra uma das críticas mais recorrentes à política de fiscalização eletrônica em São Paulo. Ele chegou a repreender publicamente o secretário de Mobilidade Urbana, Celso Gonçalves Barbosa, afirmando que quase o demitiu por não seguir a diretriz de evitar a instalação de novos radares. "A nossa política pública é de não ficar colocando radar para arrecadação", enfatizou o prefeito.
A promessa de Nunes, no entanto, esbarra em um obstáculo legal. Os contratos para a instalação dos novos radares foram assinados em janeiro de 2024, antes de qualquer decreto que tentasse vetar a ampliação do número de aparelhos. No momento, o contrato está sendo utilizado para atualizar o parque de radares existente.
Os novos equipamentos
A modernização dos aparelhos não inclui novas funcionalidades de monitoramento, mas o uso de tecnologias avançadas que oferecem uma fiscalização mais eficiente. Os novos equipamentos são adequados à portaria Portaria Inmetro 158/2022, que exige que os radares sejam mais modernos e precisos.
Os novos equipamentos utilizam tecnologias como sensores de superfície, radares e sistemas ópticos, para garantir maior precisão na medição da velocidade dos veículos. Esses equipamentos funcionam de forma automática, sem necessidade de intervenção manual, e registram fotografias detalhadas com informações criptografadas, documentando a infração com dados como a velocidade medida, a velocidade máxima permitida, data e hora.
Além disso, atendem a rigorosos requisitos de compatibilidade eletromagnética e possuem erros máximos admissíveis reduzidos, garantindo medições mais precisas mesmo em condições climáticas adversas.
Eles são capazes de capturar diversas infrações simultaneamente, como excesso de velocidade, avanço de sinal vermelho, desrespeito ao rodízio de veículos e até uso de celular ao volante.
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