Paula Gama

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O que acontece ao instalar uma placa de energia solar em um carro elétrico

A instalação de uma placa de energia solar em um carro elétrico pode parecer, à primeira vista, uma solução ideal: um veículo que se autoalimenta, gerando sua própria energia enquanto está em movimento ou estacionado. No entanto, essa ideia atraente esconde uma realidade mais complexa e cheia de limitações técnicas.

Recentemente, um vídeo do influenciador Marksuel Carlos, que instalou uma placa solar em seu BYD Yuan Plus, viralizou nas redes sociais. Embora ele tenha deixado claro que se tratava de uma brincadeira, muitos espectadores consideraram a ideia inovadora.

Os painéis solares, ou células fotovoltaicas, convertem a luz solar em eletricidade, mas sua eficiência ainda deixa a desejar. A maioria dos modelos disponíveis no mercado converte apenas entre 15% e 22% da luz solar em eletricidade. Para otimizar a captação de energia, seria necessário um espaço amplo — como telhados ou fazendas solares — o que representa uma limitação significativa para veículos com áreas de teto reduzidas.

Exemplo prático

Vamos considerar uma placa solar de 470W instalada no teto do BYD Yuan Plus, que possui uma bateria de 60 kWh e consome, em média, 16,7 kWh a cada 100 km. Em condições ideais de insolação (3,5 horas de sol pleno por dia), essa placa poderia gerar cerca de 1,645 kWh diariamente.

Após as perdas de conversão do inversor (cerca de 80% de eficiência), a energia útil seria aproximadamente 1,3 kWh por dia. Com essa quantidade de energia, o veículo poderia percorrer cerca de 7,8 km diariamente. Para completar uma viagem de 100 km, seriam necessários cerca de 13 dias sob exposição contínua ao sol. Para carregar completamente a bateria de 60 kWh, o tempo estimado seria em torno de 46 dias.

Embora a ideia inicial pareça brilhante, a experiência do influenciador revela que a realidade é mais divertida do que eficiente. A energia gerada por uma placa solar no teto de um carro é limitada e serve mais como um "truque" do que como uma solução viável para recarregar o veículo. Mesmo sob condições ideais, o ganho em autonomia é quase simbólico — apenas alguns quilômetros por dia.

Além da ineficiência técnica, a instalação de uma placa solar em um carro elétrico apresenta desafios adicionais. O processo exige adaptações específicas para conectar o sistema solar à bateria do veículo, demandando conhecimento especializado em eletrônica e mecânica automotiva. Sem essa expertise, há riscos significativos de falhas elétricas que podem danificar o carro ou até causar incêndios.

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Alterações não autorizadas na estrutura elétrica e mecânica do veículo podem infringir regulamentações de trânsito e segurança veicular. Segundo o Detran, modificações desse tipo podem resultar em multas e penalidades, comprometendo a legalidade do uso do carro modificado nas vias públicas.

Embora a ideia de um carro elétrico movido por energia solar seja atraente e inovadora, as limitações técnicas e os desafios práticos tornam essa solução menos viável do que muitos imaginam. A tecnologia ainda precisa evoluir para que possamos realmente considerar a energia solar como uma fonte significativa para veículos elétricos.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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