Carro de locadora: saiba quando seminovo é roubada ou um bom negócio
Durante muitos anos, existia uma máxima de que o verdadeiro negócio das locadoras não era exatamente o aluguel de carro, mas o lucro obtido com a venda desses veículos poucos meses após a compra. Isso porque, via de regra, essas empresas conseguem bons descontos na hora de reforçar sua frota, devido à quantidade de veículos adquiridos.
Atualmente o setor afirma que esses negócios não são mais tão vantajosos, mas a realidade é de que a venda de seminovos ainda é um ativo importante - e é por isso que cada vez mais lojas com veículos de locadoras estão ganhando o Brasil.
Para quem quer economizar sem abrir mão de ter um modelo atual na garagem, a ideia parece ótima - afinal, estamos falando de carro com pouco tempo de fabricação e preço competitivo. No entanto, essa escolha tem trazido uma preocupação para os interessados no negócio: acabar levando para casa um veículo que passou por uso severo, ou seja, foi usado como carro de aplicativo ou outro tipo de trabalho 'pesado' para o veículo.
De fato, carros de locadoras estão em constante atividade, muitas vezes sendo alugados por diferentes motoristas com estilos de direção variados. Esse uso contínuo é um ponto de alerta, mas não um impeditivo. No entanto, a situação se agrava quando ele foi utilizado como automóvel de aplicativo ou outros tipos de serviço. Veículos desse tipo podem rodar muito mais do que o esperado para modelos de uso pessoal.
Estudos apontam que motoristas de aplicativo chegam a rodar de 40 mil a 80 mil km por ano, enquanto a média nacional é de 15 mil km anuais. Essa quilometragem elevada resulta em maior desgaste de componentes mecânicos, suspensão, freios e pneus, o que pode significar custos inesperados para o próximo dono.
Mesmo com manutenções periódicas, o desgaste de peças submetidas a esse tipo de uso é acelerado. Por isso, ao comprar um carro que pode ter sido de aplicativo, é fundamental considerar a necessidade de manutenções mais frequentes e a possibilidade de substituições de peças caras a curto prazo. Por outro lado, pode ser mais seguro do que uma compra pela internet de um usuário desconhecido, por exemplo, pois nada garante que esse automóvel também não passou por uso intenso.
Além do risco de uso severo, há outros aspectos a serem considerados ao optar por um carro de locadora:
1. Quilometragem que não 'assusta': Embora as locadoras tenham veículos com quilometragem certificada, como é o caso da Unidas e da Localiza, o comprador deve ficar atento a um ponto. Muitos destes carros, especialmente os de aplicativos, são vendidos com quilometragem relativamente baixa, mas não para a idade do carro. Isso pode ocorrer porque as locadoras tendem a vender os modelos em um momento estratégico, após terem rodado bastante em um curto período de tempo.
2. Desgaste sutil: ele não é apenas mecânico. O interior do veículo também pode sofrer muito com o uso constante. É comum que carros de locadora apresentem bancos e painéis com sinais de desgaste prematuro, devido ao fluxo contínuo de diferentes usuários.
3. Falta de cuidado do usuário: Mesmo com uso apenas para locação tradicional, sem fins profissionais, os usuários dificilmente tomam o mesmo cuidado com veículos alugados que tomariam com seu carro próprio. Isso pode levar a um desgaste precoce.
O que dizem as locadoras
Apesar dos riscos envolvidos, as locadoras afirmam que os carros à venda passam por um processo rigoroso de avaliação. A Movida, por exemplo, diz que todos os seus veículos recebem "um laudo cautelar e garantia estendida de um ano", e que a qualidade é garantida por "centros especializados" que realizam todas as manutenções necessárias antes da venda.
Já a Unidas reforça que seus carros "passam por revisões periódicas em oficinas credenciadas", além de oferecer a possibilidade de estender a garantia por mais 12 meses.
A Localiza destaca seu monitoramento avançado dos veículos, garantindo que todos os carros têm "quilometragem correta e revisões em dia". Além disso, a empresa oferece um Certificado de Qualidade que inclui uma inspeção em 360 itens, o que pode tranquilizar os compradores mais cautelosos. A locadora também possui a Zapar Localiza, unidade de negócios dedicada ao aluguel para motoristas de aplicativo, que comercializa veículos que já rodaram profissionalmente diretamente para esse público.
Vale a pena?
Mesmo com a garantia oferecida pelas locadoras e o apelo do preço mais baixo, é fundamental que o consumidor avalie bem as condições do veículo antes de fechar negócio, como em toda compra de carro seminovo. Testar o carro, verificar o histórico de manutenções e, se possível, solicitar um laudo técnico de um mecânico de confiança são passos cruciais.
As garantias oferecidas pelas locadoras, como os três meses de cobertura da Unidas e da Localiza, são um alívio, mas é preciso levar em consideração que os veículos não terão garantia de fábrica, e que também não passaram por revisões nas autorizadas.
Além disso, é importante considerar os custos a longo prazo. A economia inicial pode ser consumida rapidamente por manutenções mais frequentes, especialmente em veículos que tiveram um uso intenso em aplicativos.
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Reportagem
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