Paula Gama

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Nunes x Boulos: o que pensam os candidatos para melhorar o trânsito de SP

Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) disputam o segundo turno nas eleições para prefeito de São Paulo. Para fornecer uma visão clara e objetiva sobre as intenções e compromissos dos candidatos sobre trânsito e mobilidade na cidade, o UOL Carros enviou às campanhas uma série de perguntas focadas em temas centrais, como o uso de radares, a expansão das ciclofaixas, o rodízio de veículos, e a gratuidade do transporte público.

A seguir, confira as respostas dos candidatos, que se posicionaram ainda no primeiro turno sobre essas questões que afetam a vida de milhões de cidadãos.

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Imagem: Divulgação/PMSP

Você planeja expandir as chamadas 'Faixas Azuis', exclusiva para motos, na cidade? Considera essa medida a ideal para melhorar o fluxo de veículos?

Guilherme Boulos (PSOL): Vamos ampliar o programa de faixas exclusivas para motos e aprimorar sua implementação. A cidade precisa de ações que contribuam para reduzir o número de mortes no trânsito, que tem batido recordes de motociclistas e pedestres.

Mas o que pode ser de fato mais eficiente para melhorar os congestionamentos na cidade é priorizar o transporte público, tornando os ônibus melhores e uma opção mais atrativa para as pessoas.

Ricardo Nunes (MDB): A Faixa Azul tem aprovação de 96,9% entre os motociclistas e de 87,3% entre os motoristas. Hoje, são 168 km de faixas exclusivas para motos e, até o fim do ano, esse total deve chegar a 200 km. Durante dois anos, nenhum óbito foi registrado nos trechos com a nova sinalização.

O programa será ampliado para outras vias, conforme indicações dos estudos técnicos, chegando a mais de 400 km na próxima gestão. Foram implementados 807 bolsões de espera para motos nos semáforos e esse total será ampliado. Serão instalados boxes de recuo nas laterais das pistas, atendendo a uma solicitação de representantes dos motociclistas.

São ações demandadas, que serão implementadas em regiões e artérias da cidade, de acordo com estudos técnicos das áreas especializadas da administração.

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Imagem: Agência Brasil

Rodízio veicular: com o aumento dos modelos híbridos e elétricos, que são isentos da restrição, a circulação destes carros em São Paulo continua a crescer, impactando o trânsito. Você pretende revisar essa medida ou mantê-la focada apenas na redução de emissões de poluentes, como é atualmente?

Guilherme Boulos (PSOL): Vamos focar na redução de emissões e, ao mesmo tempo, incentivar o uso do transporte coletivo. Ao invés de gastar em recapeamento eleitoreiro, como temos visto a atual gestão municipal fazer, vamos investir em transporte público de qualidade e ciclovias seguras.

Sob nossa gestão, os congestionamentos diminuirão com mais faixas e corredores de ônibus, garantindo um transporte público rápido e eficiente.

Ricardo Nunes (MDB): O rodízio municipal de veículos ajuda a reduzir a poluição do ar, pois visa tirar 20% dos veículos das ruas nos horários de maior movimento, e ajuda na fluidez do trânsito nestes horários. Os estudos das áreas técnicas da Companhia de Engenharia de Tráfego, até o momento, evidenciam que o objetivo do rodízio tem sido cumprido.

Quanto à isenção de rodízio aos veículos híbridos e elétricos, lei de 2015, a mesma área técnica entende que ela atende aos objetivos do rodízio, mesmo porque dados da indústria automotiva mostram que essa categoria de veículos representa 0,5% da frota de carros na região metropolitana de São Paulo. Qualquer alteração será fruto de estudos e apontamentos das áreas técnicas.

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Imagem: Renato S. Cerqueira/Estadão Conteúdo

Ônibus gratuito aos domingos: medida será mantida em sua gestão? Existe a possibilidade de estendê-la para outros dias ou grupos específicos de passageiros?

Guilherme Boulos (PSOL): Vamos ampliar a Tarifa Zero de modo gradual e sustentável, depois de passar a limpo os contratos da Prefeitura com as empresas de ônibus. É preciso exigir o cumprimento das obrigações contratuais, o que não tem acontecido, e aprimorar a lógica do subsídio pago pela prefeitura às empresas - atualmente elas recebem o subsídio por número de passageiros e não pelo custo real da operação, com viagens realizadas. Nesse modelo atual, a frota de ônibus foi reduzida e a prefeitura aumentou o subsídio.

Também vamos renovar parte significativa da frota de ônibus, com veículos elétricos ou híbridos. A prefeitura só renovou 2% da frota com combustível limpo. Ônibus elétricos, além de não poluírem, apresentam um custo de rodagem muito mais baixo.

Com a renovação da frota, que vai baratear o custo de rodagem, e a revisão dos contratos para que as empresas de fato cumpram os seus compromissos com a cidade, será possível ampliar gradativamente a Tarifa Zero para além dos domingos. Isso será feito com responsabilidade, aos poucos e acompanhando a evolução das demais medidas.

Ricardo Nunes (MDB): O Domingão Tarifa Zero veio para ficar. E vamos criar o Mamãe Tarifa Zero. Aprovado e utilizado pela população, as 10 linhas de ônibus mais movimentadas neste dia são as que saem da periferia em direção ao centro. O dia que as famílias fazem seus passeios. Mas nossa grande inovação será atender às mães que terão ônibus de graça para levar e buscar seus filhos nas creches municipais.

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Imagem: Alex Silva/Estadão Conteúdo

Qual é a sua avaliação sobre a eficiência das ciclofaixas em São Paulo? Você pretende manter ou ampliar esse projeto?

Guilherme Boulos (PSOL): Nós estamos mirando nas cidades do futuro. São Paulo é uma metrópole de escala global e é assim que deve ser tratada. Precisamos de ideias conectadas com as novas realidades, inspiradas em cidades que já têm isso como uma realidade. Por isso, vamos expandir, com planejamento e consulta à população, a rede cicloviaria, mas de forma inteligente e integrada ao sistema de transporte coletivo. Também temos o objetivo de ampliar o programa de bicicletas compartilhadas.

Ricardo Nunes (MDB): Está em curso a ampliação das ciclovias e ciclofaixas na cidade. Hoje, são 731 km de malha cicloviária, tendo sido entregues 239 km desde 2017. Outros 402 km foram revitalizados. E mais 158 km já estão licitados para a próxima gestão, além de 120 km projetados.

Pela primeira vez, a cidade possui um Programa Permanente de Manutenção de Malha Cicloviária. Todos programas que criem alternativas de mobilidade e que sejam sustentáveis para a cidade serão incorporados. Um bom exemplo foi o transporte por barcos modernos, com a implantação de Novos Aquáticos SP na Represa Billings e da Nova Travessia da Guarapiranga.

O primeiro sistema já foi entregue entre os terminais Cantinho do Céu, no Grajaú, e Parque Mar Paulista, em Pedreira. Um trajeto que era feito por ônibus em 1h20 e agora leva 17 minutos.

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Imagem: Divulgação/ Uber

Você pretende incentivar o transporte por aplicativos durante sua gestão? Novas categorias, como o Uber Moto, serão liberadas?

Guilherme Boulos (PSOL): Temos um compromisso que é garantir a isenção do rodízio para os motoristas de aplicativo. Essa é uma demanda deles e que eu considero justa e viável. Também vamos criar os Centros de Apoio aos Trabalhadores de Aplicativo em todas as regiões da cidade.

Serão espaços com banheiro, água, café, onde eles poderão descansar, esquentar uma refeição e recarregar celulares. Para além disso, nesses centros os motoristas poderão ter acesso a consultoria jurídica, assessoria administrativa e orientações sobre microcrédito.

Ricardo Nunes (MDB): A interlocução da gestão com o transporte individual de passageiros continuará de maneira franca e transparente e não há limitações seja para táxis ou por serviços por aplicativos de automóveis.

Em relação ao transporte individual de passageiros por motos, os órgãos técnicos de mobilidade da capital não abrem mão da segurança no trânsito, os indicadores de vítimas e acidentes por motos impossibilitam este tipo de transporte. Mas o grupo de trabalho constituído está aberto a dialogar e estudar alternativas desde que salvaguardadas a mobilidade e segurança das pessoas no trânsito.

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Imagem: Newton Menezes/Futura Press/Folhapress

Qual é a sua posição sobre o número de radares na cidade? Que políticas você considera mais eficazes para melhorar a qualidade do trânsito em São Paulo?

Guilherme Boulos (PSOL): Nossa prioridade é tornar os deslocamentos mais seguros, eficientes e sustentáveis. Só entre 2021 e 2023, segundo a Rede Nossa São Paulo, os paulistanos estão gastando quase meia hora a mais em seus trajetos.

Sem falar nos recordes de violência no trânsito, com alta assustadora de mortes. Vamos ampliar os semáforos inteligentes e ter uma fiscalização efetiva, sem recorrer ao uso de mais radares apenas para inflar os cofres públicos.

Ricardo Nunes (MDB): Não haverá a instalação de novos radares na cidade, conforme decreto da própria gestão. A gestão entende que políticas de educação de trânsito, semáforos inteligentes, Faixa Azul, áreas de recuo e box de espera para motociclistas são mais eficazes. A gestão Ricardo Nunes promoveu ações direcionadas para diminuir os atropelamentos, com a implantação de iluminação especial em 10 mil faixas de pedestres com maiores índices de fatalidade.

O total de faixas com essa iluminação será ampliado, bem como câmeras de vigilância de trânsito. Todas estas medidas são mais eficazes do que a instalação de mais radares.

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*Com informações de matéria publicada em 02/09/2024

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