Paula Gama

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Novo radar à prova de 'migué' tem até app para dedurar velocidade excessiva

Um novo sistema de monitoramento de velocidade, que promete acabar com o famoso 'migué' de frear só na hora do radar, começou a funcionar na BR-050, entre Cristalina e Delta, em Minas Gerais. A solução não só detecta motoristas que ultrapassam o limite de velocidade, como também envia alertas diretamente para a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A ideia é simples: radares instalados ao longo de um trecho da rodovia calculam a velocidade média dos veículos entre dois pontos, diferentemente dos tradicionais que só registram o momento exato da passagem pelo controle. Com isso, quem acha que pode acelerar entre os radares e reduzir só ao se aproximar do ponto de fiscalização será facilmente identificado.

Como funciona o sistema

Os radares monitoram o tempo que o veículo leva para percorrer um trecho determinado da BR-050. Se o motorista completar essa distância em menos tempo que o mínimo estipulado, o sistema entende que ele estava acima da velocidade permitida e gera um alerta.

Esses dados são enviados em tempo real para o aplicativo Tracker VS., criado pela Velsis, que disponibiliza as informações para a PRF. Isso significa que motoristas que costumavam 'enganar' os radares podem enfrentar multas, assim que a tecnologia for oficialmente regulamentada para fins de aplicação de penalidades.

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Imagem: Reprodução

Segundo a Eco050, concessionária responsável pelo trecho da rodovia BR-050, a nova tecnologia aumenta a segurança e permite um monitoramento mais amplo. "Conseguimos medir o deslocamento em diferentes pontos e determinar se houve excesso de velocidade, aumentando o alcance das nossas ações de conscientização", afirma Bruno Araújo Silva, gerente de operações da concessionária.

E a multa, é legal?

Apesar da inovação tecnológica, a aplicação de multas com base na velocidade média ainda depende de regulamentação. O advogado e especialista em trânsito Marco Fabrício Vieira explica que, para que os motoristas possam ser multados por esse sistema, é necessário que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) regulamente o uso da tecnologia.

"Além disso, o Código de Trânsito Brasileiro, no artigo 218, só prevê infrações para velocidade no momento exato, e não para trechos com cálculo de média", comenta Vieira. Ele acrescenta que, até que o Contran regulamente e que haja uma alteração no código, as infrações baseadas em velocidade média não podem ser legalmente aplicadas.

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Isso não significa que o sistema não seja útil. Mesmo sem poder gerar multas imediatamente, o monitoramento em tempo real ajuda na conscientização dos motoristas e na coleta de dados, que podem ser usados pelas autoridades para melhorar a fluidez do trânsito e reforçar ações em áreas com maior risco de acidentes.

Benefícios além da fiscalização

Além de servir para coibir o excesso de velocidade, o novo sistema também oferece outras vantagens, como a possibilidade de gerar estatísticas para avaliar a eficiência do tráfego na rodovia e sugerir mudanças nos limites de velocidade em determinados trechos. Isso agrega mais inteligência às operações da PRF, permitindo uma visão mais abrangente do comportamento dos veículos em vários pontos da estrada, e não apenas em locais isolados.

Para as empresas envolvidas no desenvolvimento do sistema, como a Velsis, essa tecnologia representa um avanço significativo na forma como as rodovias são monitoradas no Brasil. "Ela pode ser integrada a outros equipamentos, como câmeras e sensores, agregando inteligência às operações de fiscalização", explica Guilherme Araújo, diretor da Velsis.

Com os primeiros testes acontecendo na BR-050, a expectativa é que a solução seja expandida para outras rodovias brasileiras. Porém, até que a legislação permita, os motoristas não receberão multas baseadas na velocidade média.

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