Paula Gama

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Não é só velocidade: novos radares flagram o que você faz de ruim no carro

Se você acha que os radares de trânsito só servem para medir a velocidade dos carros, pode começar a rever essa ideia. A tecnologia avançou e, hoje, esses equipamentos se tornaram verdadeiros 'fiscais eletrônicos', monitorando muito mais do que quem pisa fundo no acelerador.

Já em operação em várias cidades brasileiras, como Curitiba e Salvador, os novos radares são capazes de detectar uma série de infrações. Com sensores e inteligência artificial (IA), eles observam como você dirige, o que você está fazendo ao volante e até mesmo quantas pessoas estão dentro do carro. Isso inclui ações como dirigir falando no celular ou avançar no semáforo vermelho.

O que os novos radares capturam

Com o tempo, os radares passaram a fazer parte do nosso cotidiano, a ponto de alguns motoristas já saberem de cor onde estão instalados, freando antes de passar por eles para evitar a multa. No entanto, os radares atuais vão além dessa 'jogada'.

Graças a tecnologias como o efeito Doppler e o chamado 'laço virtual', que calcula informações a partir de imagens, eles conseguem monitorar uma área de até 100 metros ao redor, registrando infrações como avanço de semáforo vermelho, parada em cima da faixa de pedestres, conversões proibidas e fluxo em contramão. E, claro, ainda continuam flagrando quem ultrapassa o limite de velocidade.

Um dos grandes trunfos desses novos radares é a inteligência artificial. Com ela, os equipamentos se tornaram 'mais espertos' e podem se adaptar ao fluxo de trânsito em tempo real. Por exemplo, em horários de pico, quando o tráfego está mais intenso, podem ajustar os limites de velocidade, oferecendo uma fiscalização mais justa e eficiente.

Outra novidade interessante é o monitoramento de velocidade média. Isso já está em teste em rodovias como a BR-050, em Minas Gerais. Funciona assim: o sistema calcula quanto tempo você leva para percorrer um trecho específico. Se fizer isso mais rápido do que o permitido, fica claro que você estava acima da velocidade — aí o alerta soa, e não adianta frear apenas em cima do radar.

De acordo com Bruno Araújo Silva, gerente de operações da Eco050, concessionária que administra um trecho da BR-050 em Minas Gerais monitorado por um desses equipamentos, essa tecnologia traz uma importante vantagem ao aumentar a área de monitoração das rodovias, promovendo uma segurança viária maior.

Mais precisão, menos obras

Além de vigiar o comportamento do motorista, a forma como esses novos radares são instalados também mudou. Muitos deles não precisam mais de sensores no asfalto — aqueles que, no passado, exigiam obras nas vias, gerando transtornos e custos. Agora, com os chamados 'radares não intrusivos', as infrações são capturadas por câmeras de alta definição, sem precisar mexer no pavimento.

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Essas câmeras, aliadas a softwares inteligentes, capturam não só as infrações, mas também dados importantes sobre o trânsito, como a contagem de veículos e a identificação de áreas mais propensas a acidentes. Tudo isso contribui para que as autoridades possam planejar melhor o fluxo viário e, claro, aumentar a segurança de todos.

Segundo Guilherme Araújo, presidente da Velsis, empresa responsável por parte da instalação desses radares no Brasil, esses equipamentos monitoram as estradas com precisão e contribuem para uma melhor gestão do tráfego.

"Esses radares inteligentes nos permitem entender melhor o comportamento dos motoristas ao longo de todo o percurso, e não só em um ponto específico, agregando inteligência às operações de fiscalização", explica Araújo.

Nem sempre rende multa?

Apesar de toda essa tecnologia já estar disponível, há ainda algumas barreiras a serem superadas, especialmente quando falamos de regulamentação. Segundo o advogado Marco Fabrício Vieira, assessor da presidência da CET-Santos e conselheiro do Cetran-SP, o uso desses novos radares para aplicação de multas, no caso da medição de velocidade média, ainda precisa de regulamentação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) e de alterações no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

"Atualmente, eles podem ser utilizados apenas para monitoramento, mas qualquer penalidade com base nesse sistema, sem essa regulamentação, é considerada ilegal", opina o especialista.

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Mesmo assim, é inegável que estamos entrando em uma nova era da fiscalização de trânsito. O radar, que antes era visto apenas como 'caça-velocidade', está se transformando em um verdadeiro gestor de tráfego, cuidando não só das infrações, mas também da segurança nas ruas e estradas.

No fim das contas, o que vemos é que os radares estão ficando cada vez mais inteligentes — e nós, motoristas, precisamos nos adaptar a essa nova realidade. Mais do que se preocupar em frear ao passar por um radar, a atenção agora precisa estar em dirigir com responsabilidade o tempo todo. Afinal, esses 'fiscais eletrônicos' podem estar de olho em tudo.

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