Paula Gama

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Por que nem todo carro híbrido traz uma grande economia de combustível

Com o lançamento dos híbridos-leves Fiat Pulse e Fastback, muitos consumidores que estavam curiosos a respeito do consumo de combustível acabaram um pouco decepcionados. Afinal, enquanto carros híbridos convencionais costumam reduzir o consumo em até 40%, o sistema Bio-Hybrid da Fiat promete uma economia de apenas 10% a 12%, segundo o Inmetro.

Então, surge a dúvida: por que o impacto no consumo é bem menor se o sistema é híbrido?

Fiat Pulse e Fastback são os primeiros eletrificados da Stellantis
Fiat Pulse e Fastback são os primeiros eletrificados da Stellantis Imagem: Divulgação

Nem todo híbrido é igual

Existem diferentes configurações de híbridos, cada uma com características e benefícios distintos. Híbridos plenos, por exemplo, possuem um motor elétrico potente o suficiente para mover o carro sozinho por alguns quilômetros. Já o motor elétrico de um híbrido-leve, como os novos modelos da Fiat, serve apenas como apoio, o que explica sua menor economia de combustível.

"O mild hybrid, ou híbrido-leve, é um sistema que auxilia o motor a combustão em alguns momentos, mas não tem força suficiente para mover o carro sozinho", explica Gustavo Noronha, diretor de Eletromobilidade da AEA. "O motor elétrico está ali para apoiar, especialmente em acelerações e frenagens, ajudando a reduzir consumo e emissões, mas de forma modesta."

A tecnologia Bio-Hybrid da Fiat foi projetada para oferecer uma eletrificação mais acessível, combinando um motor 1.0 turbo flex T200 com um motor-gerador elétrico e uma pequena bateria de íons de lítio, que recupera energia ao frear e oferece suporte nas arrancadas.

"Um híbrido-leve, claro, não traz a mesma economia de um híbrido pleno, que chega a reduzir o consumo em até 40%. Mas traz melhorias, sim, tanto no consumo quanto nas emissões", afirma Noronha.

Fernando Castro Pinto, diretor-adjunto de Tecnologia e Inovação da Escola Politécnica da UFRJ, também ressalta o caráter introdutório dessa tecnologia.

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"Ele é uma solução de custo mais baixo, uma introdução à eletrificação. O objetivo do motor elétrico pequeno é apoiar o motor a combustão, sem capacidade de mover o carro sozinho", explica.

Um espaço no mercado?

Para o consultor automotivo Ricardo Bacellar, esses híbridos-leves são uma forma de as montadoras atenderem às normas de eficiência e oferecerem opções mais acessíveis de eletrificação.

"O consumidor deve ter o máximo de alternativas e muita informação para tomar sua decisão. Vai ter quem se interesse por esse tipo de oferta, e ele deve estar lá disponível para compra", afirma Bacellar.

Contudo, ele adverte: "Se em seis meses ou um ano as vendas desses modelos não deslancharam, é bem provável que sumam do mercado. Isso acontece naturalmente."

Onde o híbrido-leve realmente faz diferença

Para trajetos urbanos, onde paradas e arrancadas são constantes, o mild hybrid pode oferecer alguma economia, pois o motor elétrico entra em ação para auxiliar nessas situações. Já em rodovias, onde a demanda é contínua, o impacto é menor.

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"O híbrido-leve pode trazer economia em trajetos urbanos, mas na estrada dificilmente fará diferença", aponta Castro Pinto. "Se a expectativa é uma economia significativa, o consumidor deve considerar um híbrido pleno", explica.

Ainda assim, Noronha reforça que o mild hybrid tem seu valor no controle de emissões: "O mild hybrid oferece redução tanto no consumo quanto nas emissões, o que é importante para a sustentabilidade, mas é uma solução inicial. Quem quer um impacto maior deve buscar outras opções."

Vale a pena investir?

Com o acréscimo de cerca de R$ 2.000 na linha Bio-Hybrid da Fiat, os híbridos-leves são mais acessíveis que os híbridos plenos, mas é fundamental ajustar as expectativas. "Para quem quer economia sem pagar por um híbrido completo, o mild hybrid é um bom primeiro passo", ressalta Noronha.

Para o consumidor brasileiro, os híbridos-leves podem ser uma boa escolha para quem busca alguma redução no consumo e nas emissões, sem o custo mais elevado de um híbrido pleno. No entanto, é essencial entender que a economia é modesta.

Em última análise, a decisão depende do perfil de uso e das prioridades de cada consumidor, seja na economia no posto ou na busca por uma opção um pouco mais sustentável.

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