Range Rover de R$ 18 mil? Como é o 'brinquedo' chinês proibido de rodar
Imagine ter um veículo elétrico compacto zero que custa menos do que um carro popular com anos e anos de uso. Essa é a proposta dos chamados 'carros de brinquedo' importados da China, que têm atraído a curiosidade de influenciadores e consumidores brasileiros.
Vendidos por preços tentadores em plataformas como Alibaba e AliExpress, esses carrinhos têm design chamativo ou até mesmo são réplicas de modelos famosos. A realidade, no entanto, é de que enfrentam barreiras legais e de segurança para circularem pelas ruas do Brasil.
Esses microveículos são vendidos por valores que variam entre R$ 10 mil e R$ 25 mil e chamam a atenção pela semelhança com modelos consagrados de montadoras. Alguns vídeos nas redes sociais mostram influenciadores testando esses carros em vias urbanas, ainda que eles não sejam homologados para tal uso.
Um destes veículos é um 'mini' Range Rover à venda no Alibaba por US$ 3 mil, o equivalente a cerca de R$ 18 mil. Ele apresenta design que imita fielmente o SUV de luxo, mas com materiais de baixa qualidade e dimensões reduzidas.
Produzida pela Nuoding New Energy Technology, a réplica é menor, mais barata que um carrinho de golfe e oferece portas, janelas e espaço suficiente para carregar tacos de golfe no banco traseiro. Apesar do preço atrativo, o veículo apresenta falhas significativas como painel flexível, acabamento grosseiro e peças mal ajustadas. Tem velocidade máxima de 50 km/h e alcance de 90 km.
Marco Fabrício Vieira, membro da Câmara Temática de Esforço Legal do Contran, alerta que, para rodar nas ruas, esses veículos precisariam ser homologados junto à Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e registrados na BIN (Base de Índice Nacional).
"Sem isso, a circulação é ilegal. Esses veículos são equiparados a automóveis e estão sujeitos às mesmas exigências de registro e licenciamento", explica. Além disso, ele destaca que o uso irregular pode resultar em multa gravíssima, remoção do veículo e até perda do bem.
Classificação tributária: brinquedo ou carro?
Como não são homologados para o Brasil, muitos desses carros são importados como 'brinquedo', em uma tentativa de não sofrer penalidades ao rodar em vias públicas. Essa classificação também busca aproveitar alíquotas mais baixas.
No entanto, o especialista em Direito Tributário Eduardo Brusasco Neto alerta: "Importante destacar que se o automóvel não possui as regras de segurança estabelecidas no país e não é autorizado a circular no Brasil, não será permitida a sua circulação tal como um carro comum, mesmo classificado como brinquedo".
Os 'carros de brinquedo' têm dimensões reduzidas, geralmente entre 2 e 3 metros de comprimento, com espaço para até três pessoas. Eles contam com itens como câmera de ré, painel digital e faróis de LED, mas deixam de lado equipamentos obrigatórios como cintos de segurança e airbag. Além disso, a maioria é equipada com baterias de chumbo - menos eficientes do que as de íons de lítio.
Em termos de desempenho, esses veículos costumam atingir velocidades máximas entre 30 km/h e 70 km/h, com autonomias que variam de 50 km a 100 km. Contudo, a qualidade da construção é frequentemente criticada. Em reviews, detalhes como portas mal ajustadas, painel instável e acabamento precário são apontados como pontos negativos.
Vale a pena?
Para quem vive em condomínios fechados ou busca um meio de transporte alternativo para deslocamentos curtos, os microveículos podem ser uma opção divertida aos famosos carrinhos de golfe. No entanto, especialistas enfatizam que, sem homologação e registro, que devem ser feitos previamente pelas fabricantes, eles não podem circular em vias públicas no Brasil.
"Por mais que pareçam inofensivos, na prática é difícil evitar que acabem apreendidos em fiscalizações", conclui Marco Fabrício Vieira. No fim das contas, o 'elétrico chinês por R$ 25 mil' pode ser mais um brinquedo caro do que uma solução de mobilidade acessível.
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