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Empresário largou o trabalho de 25 anos para viajar o mundo de bicicleta

O cicloviajante Nestor Freire em sua passagem pelo Noruega, entre julho e agosto de 2019 - Acervo pessoal
O cicloviajante Nestor Freire em sua passagem pelo Noruega, entre julho e agosto de 2019 Imagem: Acervo pessoal

18/12/2019 04h00

Um sonho que começou tímido ganhou o mundo e foi capaz de remover amarras sólidas, tal como a rotina de um empresário. Nem 25 anos no ramo da engenharia fizeram o paulistano Nestor Freire desistir de encontrar a felicidade em cima de uma bicicleta. E viver exclusivamente para ela.

Dono de uma empresa, Nestor, 52 anos, decidiu se dedicar a um projeto idealizado em 2012. Cinco anos depois, ele fechou as portas do seu escritório, vendeu as coisas e se tornou um viajante profissional, com a ajuda do dinheiro economizado por anos. O último desafio dele foi na Noruega, no oitavo trajeto anual que o agora ex-empresário fez virar realidade.

O projeto de Nestor ganhou o nome de Giraventura e é composto por 15 etapas. Ele inclui passagens por Islândia, Austrália, Equador, África do Sul, Turquia/Irã, Butão, Peru e Israel. A ideia é finalizá-lo em 2027, ano em que ele completará 60 anos - veja abaixo a lista de destinos. Em 2019, por exemplo, o cicloviajante colocou em prática a passagem pelos extremos do mundo. Primeiro, pedalou no Chile e na Argentina, até a região do Ushuaia. Depois, foi até o norte, onde pedalou pelo território norueguês.

No hemisfério sul, entre 23 de dezembro de 2018 a 31 de janeiro deste ano, completou um trajeto de 2.800 km. No norte, de 1º de julho a 20 de agosto, finalizou um trajeto de 3.800 km. "Não é uma viagem de volta ao mundo, sem compromisso, ela tem começo, meio e fim", disse Nestor à coluna.

A virada depois das experiências

Segundo Nestor, a sua rotina era composta pelo trabalho, a educação dos filhos ainda adolescentes que viviam com ele e os exercícios físicos numa academia. As cicloviagens se apresentaram em 2012.

Nestor - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Nestor tem a ideia de cumprir 15 etapas pelo mundo até 2027, quando completará 60 anos
Imagem: Acervo pessoal

"Após voltar de uma cirurgia de correção de ligamentos do joelho, decidi me desafiar em uma jornada de bicicleta pela Estrada Real (Diamantina/Ouro Preto/Paraty) no ano seguinte", explicou Nestor, que atrelou tudo isso ao gosto pela escrita, registrada em um blog.

Nos primeiros anos, ele conseguiu conciliar todas as atividades, mas, como havia muitas atribuições na cidade, suas viagens eram engessadas, com tempo certo para um desfecho.

"A epifania aconteceu em 2017. Minha rota foi os 2.200 km da Via Francigena (Londres a Roma).Nela, descobri que o projeto tinha um porquê. Depois dessa viagem, cansado de trabalhar 25 anos no mesmo mercado e com meus filhos já crescidos, após algumas recusas, resolvi encarar o "chamado para a aventura" e comecei a mirar o que realmente me fazia feliz: as viagens de bicicleta", contou.

Nestor ainda não consegue viver das suas cicloviagens, embora compartilhe suas experiências em palestras e rodas de debate. As dificuldades são grandes. Apesar disso, ele conta com o apoio de uma empresa, a Mundo Terra. O ciclista ainda está escrevendo um livro intitulado de "Extremos do Mundo, uma cicloviagem filosófica aos dois pontos mais extremos do planeta".

Nas viagens, Nestor busca sempre realizar acampamentos selvagens, sem pagar. Em algumas ocasiões, recorre a campings oficiais. A sua bicicleta pesa 23 kg no total, já com toda a bagagem. O próximo desafio já está perto: será na Islândia. "Em 2020, terei uma etapa para cumprir na Islândia, país que é cortado pelas placas tectônicas Americana e Euro-Asiática, onde as condições locais são diferentes de tudo o que já enfrentei", frisou.

No Instagram, Nestor está no perfil projetogiraventura.