"Um caminhão a menos": como ciclista faz entregas de cargas grandes em SP
A ideia de Diego Silva Santos é simples: valorizar o transporte sustentável e tirar um caminhão por dia das ruas de São Paulo. Para isso, ele coloca em prática uma função que parece impossível. O ciclista de 30 anos faz entregas de cargas grandes de bicicleta, com um carrinho acoplado.
Diego faz esse trabalho de delivery para lojas grandes, que terceirizam o serviço. O ciclista carrega TV, equipamentos menores e até bicicletas novas, ainda na caixa. O peso total da carga ultrapassa normalmente 60 kg. Ele chega a pedalar mais de 40 km por dia, de segunda a sábado.
"Para mim é muito normal, é um carro a menos, tem dia que é um caminhão a menos. É muita coisa que levo, muita gente acha isso, mas para mim é muito normal", afirmou o ciclista à Coluna Pedala.
O trabalho é desempenhado há pouco mais de sete semanas, depois que uma viagem pelo mundo de bicicleta foi interrompida por causa da pandemia do novo coronavírus.
"Me planejei nos últimos cinco anos para fazer uma volta ao mundo de bike totalmente sustentável. Estava dando tudo certo, até o coronavírus aparecer e eu ter de voltar. Fiz Paraguai, Argentina, Chile, Bolívia. Fiquei 11 meses na estrada", contou.
O ciclista, que nasceu em Recife e mora em São Paulo há 25 anos, estava no Peru quando precisou voltar em um voo repleto de brasileiros que moravam no país. A urgência foi tamanha que sua bicicleta ficou em território peruano, sob cuidados de amigos que fez na viagem.
De volta ao Brasil, Diego procurou conhecidos para voltar a trabalhar com entregas. Ele já havia trabalhado dessa forma por três anos, antes de cair na estrada. Primeiro, por três meses, entregou documentos na capital paulista, de norte a sul, de leste a oeste.
"Eu era marceneiro e larguei a profissão. Comecei trabalhando com entrega de documentos. Rodava muito, cheguei a pedalar 211 quilômetros num dia", disse Diego, que, depois, passou a trabalhar num laboratório de prótese dentária, até a viagem pelo mundo.
Para ele, a bicicleta tem mais facilidade para um deslocamento no centro da cidade, por exemplo, onde há muitas entregas. O ciclista também ressalta que consegue ter uma convivência harmônica com motoristas, mesmo com muita bagagem na bike.
"Depois de tanto tempo de rua, você aprende a ter seu espaço. Hoje em dia tenho visão de onde posso entrar, onde posso ir. Evito ao máximo discutir com motoristas. Sempre mostro que ali é meu espaço e sigo o meu caminho", frisou.
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