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Primeira Classe

Por que carro 100% autônomo é algo quase impossível de funcionar na prática

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Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL

27/01/2020 04h00

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Resumo da notícia

  • Especialistas afirmam que humanos ainda terão que tomar decisões em certas situações
  • Locais remotos e com falhas no sinal de GPS impedem o uso de carro 100% autônimo
  • Outro entrave são leis de trânsito diferentes entre países, como ocorre na Europa

Sabe aquele carro autônomo sem volante e sem pedal, que até parece coisa de filme futurista? Pois talvez ele fique mesmo só no cinema, na imaginação ou nos salões automotivos pelo mundo.

Este é o autônomo de nível 5, o estágio máximo para esse tipo de automóvel. Teoricamente, esses veículos podem tomar decisões sem nenhuma interferência humana em qualquer situação. Mas, segundo alguns especialistas, é possível que nunca se transformem em realidade.

Um executivo ouvido pelo blog, que atua no departamento dedicado a mobilidade do futuro de uma grande montadora europeia, afirma que o nível de automação viável é o 4 (veja detalhes sobre esses estágios abaixo). Esse tipo de veículo pode tomar a maioria das decisões, mas precisa de interferência humana em algumas situações.

Por isso, o nível 4 transforma um veículo em semiautônomo. Apenas o 5 pode ser considerado autônomo completo.

Entraves para o carro autônomo

A opinião do CEO da Waymo, John Krafcik, é semelhante. De acordo com o executivo, ainda levará décadas para que os carros autônomos estejam nas ruas. Ele diz que, mesmo quando isso ocorrer, eles não serão capazes de agir por conta própria em 100% das situações.

A Waymo, empresa da Google, é parceira da FCA e da Jaguar Land Rover no desenvolvimento de tecnologias para carros autônomos.

Para alguns especialistas, há situações em que será impossível dispensar o motorista. É o caso de locais remotos e com falhas no sinal de GPS, essencial para que o autônomo possa "se guiar".

Outro entrave para o carro autônomo é o trânsito entre diferentes países, comum na Europa. Nesse caso, há mudanças tanto na legislação quanto no padrão das placas.

Estradas de terra, sem faixas pintadas ou placas de sinalização são outro problema grave. Isso é frequente em países como o Brasil, em que não há padronização das dimensões das placas.

Em todas essas situações, o motorista será obrigado a agir. Por isso, há conceitos em que o volante pode até mesmo ser retrátil, mas até lá, caso seja necessário usá-lo. Exemplo é o Renault Symbioz, que esteve no Salão do Automóvel de São Paulo, em 2018.

Estágios de automação dos carros

carro autonomo - Divulgação/Navya - Divulgação/Navya
Imagem: Divulgação/Navya

O nível 1 de automação inclui sistemas de assistência à condução. Entre eles há o controlador de velocidade adaptativo. Essa tecnologia freia e acelera o carro sem interferência do motorista, seguindo o veículo da frente.

Os carros que têm o leitor de faixas capaz de fazer pequenas correções também podem ser considerados nível 1. Quando esses sistemas se unem, e permitem ao motorista abandonar o volante por alguns segundos, o nível é 2.

Todos os carros semiautônomos à venda no Brasil atualmente são de nível 2. Exemplos são BMW Série 7, Volvo XC40, Mercedes-Benz Classe E e os Audi com o sistema Traffic Jam Assist (só funciona em congestionamentos).

A diferença entre o nível 2 e o 3 é sutil. O sistema mais avançado está presente no Audi A8, mas ainda não foi homologado. No Audi, só vai funcionar em congestionamentos.

Enquanto o nível 2 convoca o motorista a assumir o volante após alguns segundos, o nível 3 do Audi não fará isso.

Quando a tecnologia ler que o carro está em um congestionamento, poderá controlá-lo sem interferência humana. Nesse caso, a responsabilidade por incidentes e acidentes não recai mais sobre o condutor, e sim sobre a fabricante.

No estágio 4, os carros poderão levar o motorista de um lugar ao outro usando dados do GPS. Estarão prontos para fazer qualquer manobra, tomar decisões e virar em ruas, entre outras ações. No nível 5, o motorista deixa de ser necessário. Portanto, o carro perde volante e pedais.

O que dizem as fabricantes

A Volvo, que tem sistema semiautônomo de condução em todos os carros à venda no Brasil, informa que, a partir do momento que seus veículos tiverem a tecnologia autônoma, eles serão capazes de fazer deslocamentos sem interferência.

A BMW chama a atenção para o fato de a infraestrutura das cidades e dos sistemas de comunicação ser tão importante quanto a tecnologia oferecida pelas montadoras.

No caso da Mercedes-Benz, a maioria de seus modelos autônomos está sendo prevista com volante e pedal. Assim, caberá ao motorista a decisão de guiar ou não o automóvel.

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