JAC T50 custa até R$ 40 mil a menos que os rivais. Mas SUV vale a pena?
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Ele é o SUV compacto esquecido. Em 2019, teve apenas 572 emplacamentos. Imediatamente acima dele no ranking apareceu o Caoa Chery Tiggo 2, com 6.250 unidades vendidas. Estamos falando do JAC T50, lançado por aqui no finzinho de 2018.
O T50 tem uma versão apenas. Bastante completa, custa R$ 90 mil. Barata? Muito longe disso. Mas talvez você mude sua perspectiva. A configuração vendida no Brasil é equivalente, em equipamentos e em números do motor, às topo de linha dos principais SUVs compactos.
No caso do T-Cross, da Volkswagen, a versão Highline sai R$ 118.690 e, com os opcionais, chega a R$ 131.965. Ou seja: são cerca de R$ 40 mil a mais que o JAC. O Kicks SL Pack Tech custa R$ 108.790, ante os R$ 107.990 do Creta Prestige e os R$ 113.990 do Renegade Limited.
Mas será que vale a pena a economia que varia de R$ 18 mil a R$ 40 mil, dependendo do modelo? Depende do que você espera de um SUV compacto. O JAC T50 tem coisas muito legais, mas outras que podem incomodar bastante o consumidor.
Aqui, a análise é apenas do produto, e das facilidades de dificuldades que você encontrará com ele no dia a dia. Não estou analisando fatores como seguro, revisões, desvalorização e facilidade ou dificuldade de revenda.
O que o JAC T50 tem de melhor
Quando pensamos em itens de tecnologia, o JAC T50 não tem o painel virtual opcional do T-Cross nem a assistência ao estacionamento do novo Tracker - em sua versão mais cara. Porém, traz as câmeras 360 graus do Kicks de topo.
Quando o assunto é pacote de equipamentos, são raras as coisas que o T50 não tem. Sai de fábrica com bancos de couro, ar-condicionado digital, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay e diversos sistemas de segurança (a exemplo de ESP, assistente de partida em aclives e monitoramento dos pneus).
Se você pretende comprar um SUV completinho, e economizar ante as opções mais vendidas e conhecidas, o JAC T50 pode ser o seu modelo. As câmeras 360 são bastante úteis, embora deixem a desejar um pouco quando o assunto é nitidez.
O espaço interno é adequado ao segmento. Embora o entre-eixos de 2,56 metros fique um pouco abaixo da média de T-Cross, Kicks e Creta, que têm mais de 2,6 metros, o túnel central baixo facilita a acomodação do passageiro do meio.
A JAC divulga que o porta-malas tem 600 litros, mas esse critério de medição é diferente do utilizado convencionalmente no Brasil. O compartimento tem cerca de 400 litros, mais do que o de alguns SUVs mais conhecidos, e um pouco menos que o de Kicks e Creta, por exemplo.
O acabamento não traz grande modernidade, mas é bem feito. Usa até uma bonita imitação de fibra de carbono, que deixa a cabine bonitinha. Há muitos detalhes de couro.
O pior do JAC T50
A dirigibilidade dos SUVs já não é, no geral, tão boa quanto a de modelos mais baixos. A do JAC T50 consegue ser muito pior que a de qualquer um dos utilitários-esportivos mais populares do Brasil. A direção tem muitas folgas e demora a responder.
Isso acaba comprometendo o conforto de quem dirige. Por mais que a suspensão filtre bem as imperfeições do piso, é desgastante para o motorista ter de ficar brigando o tempo todo com a direção para fazer correções.
Além disso, o carro é fraco no quesito agilidade. Seu motor 1.6 aspirado de quatro cilindros entrega bons 138 cv, potência semelhante à dos concorrentes - maior que de alguns e menor que de outros. Ainda assim, o carro sofre na hora de acelerar e fazer retomadas.
E sofre mais ainda em subidas íngrimes, as quais demora para vencer. Nas ultrapassagens, essa falta de agilidade também é um problemão. A maior parte da culpa por esse desempenho ruim é do câmbio CVT, que não faz um bom casamento com o motor.
Então, se bom desempenho e dirigibilidade adequada são essenciais, o JAC T50 não é o seu carro. Nesse caso, é melhor abrir mão dos equipamentos e levar a versão mais barata de outro SUV. O Kicks S CVT, por exemplo, sai por pouco mais de R$ 89 mil - mas vem só com itens que são básicos para o segmento (falta até câmera de ré e sensor de estacionamento traseiro).
Por que vende tão mal
Lá na década passada, a JAC chegou ao Brasil fazendo barulho. Contratou Faustão como garoto-propaganda e, de cara, abriu 50 concessionárias no País. Mas a recessão econômica chegou e medidas impostas pelo antigo regime automotivo, o Inovar-Auto, abalaram a empresa.
A fábrica que estava planejada para o País não saiu do papel. Os investimentos em publicidade deixaram de ser feitos. A marca foi caindo no esquecimento. Atualmente, são apenas 16 concessionárias no Brasil, segundo informações da JAC.
A também chinesa Chery, que chegou a abrir fábrica, mas também se via em uma situação difícil, acabou sendo comprada pelo grupo brasileiro Caoa. Tradição na empresa nacional, a publicidade nos produtos passou a ser agressiva.
Agora, a Chery pode até não ser campeão de bilheteria, mas ganhou boa relevância no mercado. A JAC não conseguiu trilhar o mesmo caminho, mesmo renovando (e melhorando) bastante sua linha de produtos importados da China.
Agora, além de SUVs, a gama investe em modelos elétricos. Mas e quanto ao T50? Por que não vende mais? Talvez a marca esteja atacando no nicho errado. O consumidor que dispõe de R$ 90 mil pode preferir a segurança de produtos mais consagrados, em vez de um pacote de equipamentos recheado.
Talvez a melhor opção fosse atacar na casa dos R$ 70 mil. Os SUVs tradicionais até têm versões com esse preço, mas voltadas ao público PCD. Com uma versão a preço de hatch compacto topo de linha - e há até aqueles que custam bem mais que isso -, o T50 poderia conquistar o cliente desse segmento que sonha ter um SUV, mas ainda não pode pagar por um.
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