Audi A4 muda na linha 2021. Será que o sedã ainda está à altura do Série 3?
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Em setembro de 2015, fui à cidade histórica de Veneza para conhecer a atual geração do Audi A4. Na capital do Veneto, com seus palácios góticos e renascentistas, tive meu primeiro contato com o carro que me fez entender uma grande evolução tecnológica na indústria automobilística.
O A4 trazia tanta inovação que fazia seus rivais parecerem pré-históricos. E aquelas gerações de Série 3, Classe C e S60 nem tinham sido lançadas há tanto tempo. Ali, veio a percepção de que, com novas tecnologias digitais, as marcas teriam de criar plataformas capazes de receber evoluções significativas em uma mesma geração de veículo.
Caso contrário, eles passariam a ficar defasados em dois, no máximo três anos. E isso, especialmente no segmento de luxo, é um problema sério. Aquela geração do A4 chegou ao mercado nacional em 2016. Agora, passou por sua primeira mudança de meio de vida.
Nesse período, Volvo S60 e BMW Série 3 receberam novas gerações. O Classe C, por sua vez, também passou por mudanças de meio de vida. Nesse contexto, será que o A4 é agora um carro defasado? Ou, quando o assunto é tecnologia, ele ainda está no mesmo nível da concorrência após quase cinco anos de mercado nacional?
O A4 2021 mudou pouco, e as mudanças são concentradas no estilo. Ele recebeu, nas versões disponíveis no Brasil, algumas tecnologias, mas nada que chame a atenção no segmento de luxo. Ainda assim, a conclusão é de que ele continua sendo um rival à altura da concorrência.
O modelo da Audi, aliás, ainda é superior ao Classe C, cuja nova geração deve chegar em breve. Este sim pode ser considerado um modelo já defasado. Quanto ao Série 3 e ao S60, ele fica devendo um pouquinho. Isso ocorre mais por uma escolha da Audi na hora de definir o pacote Brasil do que pela fragilidade do produto que, mundialmente, traz quase tudo o que esses concorrentes oferecem.
O que mudou no Audi A4
O A4 chega ao mercado brasileiro em três versões. A Prestige e a Prestige Plus têm preço de R$ 229.990 e R$ 259.990, respectivamente. Elas trazem motor 2.0 turbo de 190 cv. Na topo de linha, Performance Black, esse propulsor entrega 249 cv. A tabela é de R$ 304.990.
O visual ganhou grade mais ampla e plana. Na versão Performance Black, avaliada pela coluna, ela é escurecida. Além disso, os faróis passam a ser totalmente de LEDs. Opcionalmente, na versão de topo, há a tecnologia Matrix, antiofuscamento, com farol alto automático.
Por dentro, a central multimídia com tela de 10,1 polegadas passa a ter interface e funcionalidades de modelos mais recentes da Audi, com o Q8 e as novas gerações de A6 e A7 Sportback.
Porém, não há uma tela extra na parte de baixo do painel central, como nos modelos maiores. Tudo é concentrado em um único monitor. O painel virtual personalizável já era oferecido no A4, assim como o ar-condicionado de três zonas - há comandos exclusivos para os passageiros de trás.
A Audi anuncia que uma das novidades da versão reestilizada é o carregador de celular por indução (sem fio). Mas, em 2015, algo me chamou a atenção. O carro já tinha essa tecnologia. Foi, inclusive, a primeira vez que vi esse tipo de solução em um automóvel.
Outra novidade é a assistência ao estacionamento (Park Assist). A marca também anuncia que o A4 passa a vir com controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo (ACC). Porém, ainda em 2015, o sedã não apenas oferecia esse recurso na Europa, mas também o sistema semiautônomo de condução.
Trata-se de um sistema que permite ao carro, em algumas vias, frear, acelerar e girar o volante automaticamente, sem interferência do motorista, por alguns segundos. O ACC é um dos recursos necessários para o funcionamento do sistema semiautônomo de condução.
Portanto, algum desses itens não são novidade na linha mundial do A4. Eles apenas passaram a ser trazidos ao Brasil. O ACC antes era opcional e agora vem como item de série a partir da versão intermediária, Prestige Plus.
Como anda o novo Audi A4 Performance Black
Com câmbio automático de sete marchas e duas embreagens (também oferecido nas outras versões) e sistema de tração quattro (integral), o A4 Performance Black é muito rápido na hora de acelerar. O sedã vai de 0 a 100 km/h em 5,8 segundos, de acordo com dados da Audi.
Seu motor 2.0, com 37,8 mkgf a apenas 1.600 rpm, não é aquele tipo de turbo que "engasga" no início da aceleração, antes de finalmente embalar. As respostas já são rápidas desde o início do processo, quando o motorista finca o pé no pedal da direita.
Para esse desempenho, o câmbio de trocas rápidas e com pouquíssimos trancos é fundamental. O carro também se destaca pelo rodar confortável. Os ocupantes quase não sentem impactos nem mesmo contra pisos bastante danificados e irregulares.
A direção é precisa, mas poderia ficar um pouco mais dura no modo dinâmico (esportivo) de condução, para ser usado no momento de fazer curvas. A diferença de desempenho do sistema muda pouco do modo confortável para o mais esportivo.
Mas isso não chega a gerar insegurança em situações como curvas travadas. E o A4 não tem pretensões esportivas. É um sedã mais focado no conforto, embora a versão Performance Black traga alguns elementos que remetem à esportividade.
Além dos modos confortável e esportivo, há ainda o eficiente, para economia, o automático e o individual. Eles alteram as respostas da direção e do conjunto motor-câmbio.
A tração 4x4 e a boa distribuição de peso deixam o A4 bastante equilibrado nas arrancadas e retomadas rápidas de velocidade.
A4 x concorrência
O A4 fica devendo ao Série 3, cuja nova geração foi lançada no Brasil em 2019, por não ter sistema de comando de voz com inteligência artificial. A assistência ao estacionamento do BMW também é mais completa, com função reversa.
E tanto Série 3 quanto S60 também se destacam ao trazer sistema semiautônomo de condução. Mas, como já foi explicado, o Audi tem essa funcionalidade desde 2015. Ela só não é oferecida no mercado brasileiro.
Mecanicamente, o motor do carro é eficiente e moderno como o da concorrência. No entanto, falta uma versão híbrida, que tanto S60 quanto Série 3 oferecem no Brasil.
Cinco anos após o lançamento da atual geração, o A4 continua um carro atual. Ele deu um salto tão grande em relação à concorrência que os rivais conseguiram alcançá-lo, mas não ultrapassá-lo no conteúdo tecnológico. Pelo menos, não a ponto de deixarem o carro da Audi parecer jurássico.
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