Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Se for para andar de carro conversível no Brasil, que seja um Porsche 911
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Outro dia eu estava relembrando o humorista Paulo Gustavo com o filme "Minha Mãe é uma Peça 3". Em uma das cenas, Dona Hermínia, a simpática personagem interpretada pelo ator, questiona a irmã, que vive nos Estados Unidos e aluga um conversível para rodar no Brasil. Para a mãezona mais querida do cinema, ter um modelo de teto retrátil por aqui não faz nenhum sentido.
A opinião de dona Hermínia é a mesma da maioria dos consumidores brasileiros. Afinal, muitas vezes falta coragem para rodar com o teto aberto, especialmente nas grandes cidades, por causa dos índices de violência. A cautela é tanta que, nesses centros, quem tem carros que chamam a atenção, e condições financeiras, costuma blindar o automóvel.
A carreira de alguns conversíveis no mercado nacional corrobora esse pensamento. Modelos como Volkswagen Eos e Peugeot 306 CC não lograram êxito no Brasil, e tiveram vida curta. Mas, se tem um carro que pode ser conversível, este é o Porsche 911.
Ter um 911 já é chamar a atenção. Desde o ano passado, o carro tem vendas muito boas para seu segmento, e já chegou a ultrapassar as 100 unidades. Ainda assim, é de nicho, raro de ver nas ruas. E, mesmo que fosse mais comum, um 911 sempre vai atrair olhares.
E como ninguém é louco de blindar um carro esportivo como o 911, por que não ter a versão conversível? Afinal, o teto é retrátil e, quando ele está fechado, o modelo é como a configuração cupê. Aliás, nesta geração, a Porsche fez questão de dar à capota a mesma silhueta do modelo de carroceria fixa.
Com o Porsche 911 Carrera S Cabriolet, que tem preço sugerido de R$ 889 mil, dá para rodar nas cidades de teto fechado despertando a mesma atenção que se teria no cupê. E, no fim de semana, abrir a capota em uma bela road trip.
911 Carrera S Cabriolet é da estrada
A geração 992 do 911 Carrera S Cabriolet chegou no ano passado ao mercado brasileiro. Dá para usar o carro no dia a dia. O modelo mais emblemático da Porsche é baixo, mas não bate em lombadas, nem nas irregulares.
Quanto às grandes valetas, claro que é necessário certo cuidado ao transpô-las. Mas isso se aplica também a carros como Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Volkswagen Polo, entre outros hatches.
Também não é difícil de estacionar o 911, embora a câmera traseira esteja em uma posição muito baixa (afinal, estamos falando de um carro de 1,30 metro de altura) gere certa confusão. Mas a verdade é que o habitat desse esportivo é a estrada. Especialmente na versão conversível.
O porta-malas de 132 litros não é dos maiores, mas acomoda uma mala média (23 kg) e uma pequena mochila, dessas de levar nas costas. Dá para garantir, no mínimo, uma semaninha de viagem a dois. Esse é o número de ocupantes reais do conversível. Há dois bancos atrás, mas cabem apenas crianças, que não ficarão confortáveis em distâncias muito longas.
Os arcos da capota desta geração 992 usam magnésio, para reduzir o peso total do veículo. O teto é de lona e, no exemplar que testei, vermelho - combinado à carroceria cinza escura.
Quando a capota está aberta, não há nenhum incômodo para quem vai na cabine. Vidros e para-choque formam uma espécie de bolha protetora. Quando não há ninguém nos bancos de trás, dá para acionar uma tela de proteção, que reduz a turbulência. Tudo para tornar inesquecível a experiência de rodar com o teto aberto, mesmo em alta velocidade.
Hora de acelerar
É o desempenho o que reforça o status de carro da estrada do 911 Carrera S Cabriolet. O esportivo pode até parecer calminho nos modos normais de condução, no qual mantém um temperamento dócil, sem pedir muito para ser acelerado.
Mas, ao acionar o modo de condução Sport Plus, o 911 Carrera S Cabriolet deixa claro quem ele realmente é. Mudam as respostas de direção, acelerador, câmbio e suspensão, que ficam mais esportivos, despertando todo o potencial que o motor seis-cilindros boxer traseiro tem a oferecer.
São 450 cv, 54 mkgf a 2.300 rpm, câmbio automatizado de oito marchas e duas embreagens e tração traseira. No modo Sport Plus, a rotação sobe imediatamente e o carro pede tanto para ser acelerado que é como se empurrasse o pé do motorista contra o pedal da direita.
E há ainda o Sport Response, que é uma verdadeira loucura. Quando ativado, por 20 segundos o motor trabalha de sua maneira mais nervosa e parece que o carro pode até decolar, tamanha a velocidade de aceleração. Coisa que jamais fará, pois tem uma aerodinâmica perfeita para, entre outras funções, mantê-lo grudadinho no chão.
De acordo com informações da Porsche, o 911 Carrera S Cabriolet acelera de 0 a 100 km/h em 3,5 segundos. A velocidade máxima é de 308 km/h.
Rei das curvas
Em suas antigas gerações, o 911 era um carro indócil. A combinação de motor e tração traseiros fazia com que ele fosse bem arisco, escapando de traseira em situações que o motorista não esperava. Eu mesma já passei por um episódio assim com o modelo anterior, o 991. Foi muito divertido, mas um baita susto.
Na geração 992, o 911 é um carro para mais motoristas. Pode ser domando mesmo por aqueles que não estão habituados à direção esportiva. Para começar, opcionalmente ele vem com eixo traseiro direcional, que esterça as rodas de trás em curvas. Além disso, traz muitos auxílios eletrônicos para evitar e amenizar as derrapadas.
Outro destaque é o wet mode, ou modo molhado. Quando levei susto com o 911 da geração 991, estava chovendo fraco e o piso estava escorregadio. Ao acelerar um pouco e mudar de direção para fazer ultrapassagem, a traseira deu uma escapada daquelas de levar o coração à boca. Aí, foi preciso segurar no braço.
Com o wet mode, que ameniza essas derrapadas, dificilmente essa situação teria ocorrido. O 911 estaria pronto para fazer a ultrapassagem sem nem tomar conhecimento do piso escorregadio.
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