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Reféns dos SUVs: por que está tão difícil comprar carro de outra categoria
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Estou trocando de carro e me deparei com uma situação que não existia pouco tempo atrás. Não quero um hatch compacto como Chevrolet Onix, Hyundai HB20, Fiat Argo e Volkswagen Polo, entre outros, nem sedãs derivados desses automóveis. Minha meta é ter um veículo com um pouco mais de sofisticação. O problema é que, fora do segmento de entrada, as opções são formadas praticamente apenas por SUVs.
Fora das marcas de luxo, quase não há mais hatches médios, e os sedãs desse tipo estão cada vez mais raros. Entendo que hoje a maior parte dos consumidores quer um SUV. Mas, como eu, existem os que não são fãs do segmento.
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Analisando o mercado, no entanto, percebo que será difícil fugir da categoria. As poucas opções que restaram ou não fazem meu estilo, ou estão prestes a sair de linha, ou são caras demais. Como eu, muitos consumidores acabam levando para casa um SUV por falta de opção.
Mercado monotemático
Já falei muitas vezes aqui o que levou o consumidor a desejar um SUV. Essas razões vão desde a sensação de status, de ter vencido na vida, até buracos, valetas e lombadas presentes na maior parte das cidades do Brasil - que são cruéis com carros mais baixos.
Com a demanda em alta, montadoras passaram a investir tudo no segmento. Peruas sumiram, assim como monovolumes e hatches médios. Se antes existiam mais de dez sedãs médios, atualmente apenas dois ainda têm vendas relevantes no mercado nacional - o Honda Civic foi embora, e voltará importado.
Até carro que não é SUV se vende como SUV. Exemplo é o Renault Kwid, claramente um hatch, mas lançado como o "SUV dos compactos" - o modelo tem argumentos para se incluir nessa categoria de acordo com regras criadas pelo Inmetro.
Para as montadoras, SUVs também são bom negócio. O Chevrolet Tracker tem base de Onix e o Volkswagen T-Cross, de Polo. O Hyundai Creta usa a mesma plataforma do HB20. Porém, são modelos voltados a um público mais exigente, e precisam ter mais requinte e tecnologia. Custam mais, e geram mais lucro para suas fabricantes.
Isso vale também para novos SUVs médios. O Toyota Corolla Cross, por exemplo, custa mais que o sedã. Isso mesmo sendo menos sofisticado que o irmão. E as pessoas pagam, porque ele é alto, bom de lidar com o dia a dia e garante mais status que o três-volumes.
O que restou
Antes, havia a perua Jetta Variant, ótima opção aos SUVs, ou mesmo aos sedãs médios. Mas ela há muito se foi, assim como os hatches médios Ford Focus e Volkswagen Golf. Ambos eram ótima alternativa ao público que estava saindo dos compactos, mas não queria um sedã médio.
De hatch médio, restou o Cruze Sport6, que é um baita carro, e tem o ótimo motor 1.4 turbo, além de dirigibilidade excelente. O problema é que o hatch da Chevrolet já está aí há bastante tempo. E, como os produtos têm ciclo de vida, o desse modelo parece estar próximo do fim.
A Chevrolet pode optar por lançar uma versão renovada, ou por tirar de vez o modelo de circulação, o que parece mais óbvio. Tanto que, este ano, a marca transformou o hatch em um carro ainda mais de nicho, o deixando disponível apenas na versão RS, com apelo visual esportivo.
Custa R$ 155.050. Vale? Vale demais, pois é um carro de construção bem superior à da maioria de SUVs compactos de mesmo preço (ou até mais caros). Por que eu não levaria? Porque, se vou investir tudo isso em um zero-km, quero ter a certeza que ele estará nos mercados pelos próximos anos. Neste momento, não tenho.
Entre os sedãs, o Corolla ainda vende muito bem. Acredito ser a principal opção do Brasil para quem quer um pouco mais de sofisticação, e não se conforma com o fato de ter de comprar um SUV. O modelo parte de R$ 145.350 e tem até versão híbrida - que, apesar de lenta, oferece ótimos consumo e autonomia.
Por que eu não levaria o Corolla? Aí, é questão de gosto. Falta uma pitada esportiva, especialmente na dirigibilidade. É certinho demais. Para levar um sedã, prefiro o Cruze, mais emocionante na tocada. Porém, aqui vejo o mesmo problema do hatch Sport6: até quando ele fica? O três-volumes da Chevrolet é, inclusive, cerca de R$ 8.300 mais em conta que o Toyota (começa em R$ 137.050).
Mas o preferido mesmo é o Jetta, que a Volkswagen acaba de relançar no Brasil. O problema? Veio apenas na versão GLI, a cerca de R$ 216 mil. Se tivessem voltado as opções 1.4 turbo, o carro caberia em mais bolsos.
Mas dizer que o Jetta é caro, na atual conjuntura do Brasil, também não é justo. Afinal, é super bem equipado e tem motor 2.0 de 231 cv. Seu preço é R$ 12 mil mais alto que o do Taos equivalente em itens de série. Só que o SUV tem o 1.4 turbo de 150 cv. A versão vale o que custa, mas é de nicho.
Outra opção no segmento de sedãs médios é Caoa Chery Arrizo 6 Pro. Não se esqueçam dele: é o mais recente lançamento da categoria.
Basicamente, o que restou para quem não quer um SUV são esses modelos. Fora eles, há muitas opções no segmento de luxo, com preços que se aproximam, ou ultrapassam, os R$ 300 mil. Quem pode investir isso vai encontrar Audi A3, Mercedes-Benz Classe A e Classe C e BMW Série 3, entre outros.
Há ainda uma infinidade de opções de picapes. Mas elas não são carros de passeio, são veículos mais rústicos. Se sua meta é um médio dos segmentos de hatches, sedãs ou peruas, é mais coerente levar um SUV que uma picape para casa.
Novo Sentra vem aí
O novo Civic virá importado da Tailândia, em versão híbrida. A tendência é que chegue ainda mais caro que o Jetta GLI. O lançamento está confirmado para o segundo semestre deste ano. Vale esperar? Só se você tem mais de R$ 200 mil para gastar.
Se o orçamento for alto, outro que virá em breve é o hatch esportivo que mexe com o coração de quem ama carros. A Honda confirmou que trará em 2023 o Honda Civic Type R. Custará mais que o sedã? Muito mais.
Mas se você não pretende investir mais de R$ 200 mil em um zero-km, há um carro que pode valer a espera. A Nissan trará ainda este ano a nova geração do Sentra. A marca tem histórico de posicionar seus modelos com preços mais baixos que os da concorrência. Além disso, o sedã vem do México, e não recolhe imposto de importação no Brasil.
Se nenhuma dessas escassas opções agradarem, o jeito é apelar para o usado. Eles estão bem mais caros que há dois anos, mas nesse mercado dá para encontrar mais modelos fora do segmento de SUVs. Porém, o cliente não terá uma novidade na garagem, pois muitos desses automóveis já saíram de linha.
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